Capítulo 7 "O Passado Não Pode Retornar!"

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Sung Jin está na minha frente esperando o que vai acontecer, afundei demais nas lembranças, soltei o ar que me faltava e olhei para ele.
- É para se lembrar e não cair nas lembranças. - ele parecia irritado.
- Você viu alguma coisa? - questionei.
Com os braços cruzados, ele negou com a cabeça. O por do sol já estava começando e era dia de lua cheia, meus pais iriam chegar logo para ver a lua que os iluminava.
- O que viu? - questionou.
Neguei com a cabeça virando para sair.
- Nada! - menti e ele sabia.
Comecei a virar para sair, dei alguns passos, senti meu corpo bater no chão, com grama na boca, olhei na direção dele me erguendo rapidamente, avancei na sua direção, socando o ar, ele desviou na direção oposta, continuei avançando até ele parar e pegar o pulso do braço que eu deixei no ar, me girou ficando nas minhas costas, colando seu peito nela.
Soltei o ar pela boca, ele respirava calmamente na minha orelha fazendo todo o pelo do meu corpo se arrepiar.
Por algum motivo ele fazia meu coração acelerar e minhas mãos suarem e tenho medo dele saber que ele consiga perceber que ele causa isso em mim.
- Lembra como foi da primeira vez? - questiona sussurrando no meu ouvido.
Ergui a cabeça, olhando para frente.
- Não! - menti. Sabia exatamente cada movimento que fizemos naquele dia, cada passo, cada respirada que eu dava, cada movimento que ele me corrigia. Apoiei a cabeça em seu ombros, virei meu rosto para olha-lo, coloquei os meus lábios o mais perto possível da sua orelha. - Me lembre!
Senti seu corpo estremecer nas minhas costas, ele me virou de frente e novamente eu não estava mais vendo o Jin ali, com os cabelos pretos e sim, Chamgseob, com os cabelos castanho avermelhado, ele colocou uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha.
- Não faz isso! - pediu.
Não entendi do que ele estava se referindo, pisque e Chamgseob sumiu, dando lugar ao Jin, com os cabelos negros e os olhos brilhando em azuis perfeitos.
- Não faça eu perder o meu alto controle. - pediu sorrindo.
Sorri, segurei seu rosto com ambas as mãos, passei o polegar sobre seus lábios entre abertos, fiquei na ponta do pé e direcionei meus lábios ao seu olho esquerdo e beijei a pálpebra. Me afastei, ele sorria quando olhei para seu rosto.
- Bem... - comecei a dizer. - Não tem ninguém aqui mesmo e não seria a nossa primeira vez. - argumentei.
Ele colocou a perna por trás de minha e me empurrou contra o chão, me derrubando, ele caiu sobre mim, e novamente, voltei a ser a menina de 15 anos.
"Empurrei meu corpo para cima me levantando, olhei para Chamgseob que me olhava, ergui a espada na frente do corpo e avancei sobre ele, ele se protegeu usando seu poder, os olhos dele brilharam em vermelho, sua espada brilhou em azul me lançando para trás, voei para longe batendo minha costela e sentindo como se meus pulmões fossem estourar. Tossi sangue, com meu poder lancei a espada na direção dele, que desviou e a espada atingiu o troco da árvore, mesmo com dor, me levantei e corri na direção dele, ele não me atacou apenas ficou parado, soquei o ar e ele segurou meu pulso me virando e me prendendo contra seu corpo, juntando minhas costas com o seu peito.
Tossi mais sangue quando percebi que estava me afogando nele, Chamgseob me soltou, cai de joelhos e comecei a tossir mais ainda, ele se ajoelhou ao meu lado e colocou as mãos sobre as minhas costelas, tentei me afastar, porém ele me segurou, virou meu corpo e me pegou no colo e me levou para a cabana.
Mestre Lee ainda não havia voltado e fazia dois dias que o Ceifador estava ali. Estava perdendo a consciência do que estava acontecendo ao meu redor, senti a cama nas minhas costas.
- Não vou te salvar, esse não é o meu poder! - ele anunciou. - Só te trouxe para que você tenha uma morte digna.
Abri meus olhos e encontrei com os seus, medo, pavor, talvez fosse isso que vi quando olhei para ele, porém eu transmitia suplica, ele desviou os olhos.
- No final... - tossi sangue. - você estava certo, eu nunca iria te vencer, mais era só um treinamento. - tossi mais ainda. - E você vai ficar sozinho novamente, como eu te encontrei. - sorri e tossi mais sangue.
Ele ficou furioso, agachou do lado da cama e me olhou, segurando meu rosto com apenas uma mão.
- Eu venho adiando a sua morte a pedido do Mestre Lee, que por algum motivo sabe mais que todos juntos - ele falou sem enrolar, olhando nos meus olhos, sem medo e sem raiva, apenas o vazio. - Conheço você, a menina que quase morreu por causa de um monstro na banheira, a menina que quase morreu pela hipotermia, a menina que não aguenta uma pequena brisa, a menina que está morrendo agora. - ele fez uma pausa, uma lagrima escorreu dos meus olhos. - Você é fraca e vai continua sendo se for ingênua e com medo até do próprio sobrenome. - pisquei mais algumas vezes. - Você é uma Jin e Jang, a primeira Herdeira da família Jang ser uma mulher, sua mãe era a Naksu, assuma todos os seus medos e os enfrente, se não, ira morrer como apenas a filha de Jang Uk e Jin Bu-yeon.
Ele me soltou e me deu as costas. Fecho os olhos e volto minha cabeça para o teto, sinto cada osso que quebrou estralar dentro de mim, cada palavra que ele falou é a pura verdade, me esconde de tudo e tenho medo, talvez ele tivesse razão, eu seria apenas a Filha de Jang Uk e Jin Bu-yeon, não queria ser conhecida apenas como filha deles, queria ser conhecida por algo mais.
Ouvi Jyx choramingar do meu lado.
Não tinha como me recuperar, agora era tarde, mais se eu tivesse como, me levantaria e treinaria tudo de novo, pediria a ele para me ensinar a ser mais forte, a não ter medo, essas coisas sou eu quem faço, ele não vai poder me direcionar ao meu medo e pedir para enfrentar, cada medo que eu sinto está aqui, agora, a minha volta, eu os enfrento? Ou apenas continuo a ter medo deles?
Os ossos não doem mais, Jyx uiva ao meu lado, a cabana treme e por segundos sinto o chão tremer também, fogo, é isso que sinto nos meus ossos, abro os olhos e sorrio, a cabana está pegando fogo mais não tenho medo deles, para mim, o fogo está gelado, Jyx continua uivando, tudo some e meus ossos não doem mais, olho para Jyx que esta deitada.
Foi tudo uma alucinação? Olho para fora da cabana e veja o sol da manhã batendo do lado de fora, me levanto sem dor nenhuma e sai da cabana, do lado de fora, Chamgseob me olha e sorri, cruza os braços.
- Conseguiu sobreviver!
- Impediu minha morte mais uma vez? - questionei parando na sua frente.
Ele negou com a cabeça.
- Você fez isso sozinha, lutou contra a minha vontade e ganhou. - sorriu.
Joguei a cabeça de lado e analisei no que havia acontecido de noite, o clima estava diferente, parecia que as árvores transmitia uma energia que antes eu não conseguia sentir antes, até Jyx estava diferente, maior e poderosa."
- Lembro de você querer que eu morresse. - falei para ele, com seu corpo por baixo do meu.
- Lembro de te deixar mais forte! - ele se justificou.
Meu sorriso sumiu e cai de lado, ficando ao seu lado olhando para o céu.
- Fiquei mais forte quando você enfiou sua espada no meu peito. - falei.
Senti seu olhar sobre mim.
- E eu quase morri naquele dia, senti sua espada em meu peito. - ele disse.
Olhei para ele, nossos olhos se encontrando.
- Naquele dia, ambos morreram. - ele falou olhando para mim.
Se sentou e olhou para as mãos.
- Ele conseguiu me controlar e me fez te machucar. - ele se sentia culpado. - Eu quase te perdi por causa dele. - falou olhando nos meus olhos.
Lágrimas brotaram em seus olhos, me sentei e segurei seu olhar.
- Não foi culpa sua. - expliquei.
- Não importa se foi minha culpa ou não, eu te matei! - uma lágrima escorreu dos seus olhos.
Desviei o olhar para o por do sol.
- E eu lhe matei e não estava sendo controlada! - falei fechando os olhos e sentindo uma lágrima escorrer dos meus olhos.
- Não... - ele começou a falar, porém o cortei.
- Vamos descer, daqui a pouco meus pais chegam - me levantei. - É dia de lua cheia.
Me virei e sai, sem ao menos olhar para trás.
Nunca o culpei, sabia que ele estava sendo controlada, mais me culpava por tê-lo matado, senti a culpa me invadir novamente, naquele dia eu fiquei sem chão.

Alquimia das Almas: Amor e Lado NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora