Capítulo 36 "Deveriam saber quem me salvou!"

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Abro meus olhos com lágrimas escorrendo, sento no palanque da assembleia com Sung Hoo ao meu lado, meus pais estavam do meu lado também, procuro por Sung Hoo, ele me olha com o mesmo olhar que me deu quando Chamgseob havia feito a Alquimia, Sung Hoo não sabia que ele não havia feito, dessa vez, não tinha Alquimia.
- Ele... - Sung Hoo começou a explicar. - Ele voltou para o corpo dele e foi atrás de você.
Uma lágrima escorreu por minha bochecha, depois outra e outra, lembrando de vê-lo na minha frente, puxando minha dor, nós salvando. Olhei em volta, soltando o ar pela boca, um ar pesado, de dor, de medo, da sensação de que tudo vai desmoronar, voltei minha atenção para Sung Hoo, ele se esticou e me puxou para os braços.
Deixei as lágrimas saírem, com ela, meu mundo, minha vida, cada gota que escorria, cada gota que caia, meu amor ia junto.
Sai do abraço secando as lágrimas, meu pai se sentou ao meu lado e esticou os braços.
- Papai! - abracei ele o chamando como fazia quando ficava com medo.
Mais lágrimas escorreu e com ela o grito, a dor que não parava de vir do peito.
- Eu sei como está se sentindo! - meu pai disse me puxando para o abraço que me apertou, me acalmando, me trazendo de volta a realidade, ao que as Trigêmeas me disseram. - Não posso dizer que vai ficar tudo bem, que isso vai passar, porque isso só vai passar quando ele voltar, e isso pode levar anos. - meu pai me tirou do abraço e secou minha lágrima com o polegar.
Neguei com a cabeça.
- Ele não vai poder voltar! - mais lágrimas escorreram. - E quando ele voltar eu não vou mais está aqui. Um morre, o outro vivi. - falei o que as Trigêmeas me disseram, repeti aquela frase na minha mente. - Se ele não tivesse puxado a minha dor, eu teria perdido o meu poder e o pássaro teria se soltado, eu morreria, se eu morresse, dessa vez, Chamgseob não teria como me trazer de volta como da última vez. - expliquei, meu pai me olhou como se não tivesse entendido o que eu estava falando.
Fechei os olhos e baixei a cabeça.
- Chamgseob é o Ceifador, o Mestre Lee pediu a ele que me salvasse de uma tentativa de assassinato planejada por Won-Cho, ele me salvou, porém, seu corpo acabou ficando fraco e ele fez a Alquimia das Almas, ele ficou no corpo do Sung Jin. - apontei com a cabeça para Sung Jin, um fio de esperança passou por mim, esperando que os olhos brilhasse no azul e revelasse Chamgseob ali, porém, aquilo não aconteceu. - Assim, eu fui salva da morte, porém, se eu morresse agora, ele não conseguiria fazer nada.
Ele colocou uma mexa do meu cabelo branco atrás da minha orelha.
- Minha pequena! - me puxou para ele e me abraçou mais uma vez. - Você amava ele, era sobre isso que eu estava falando. - ele completou.
Soltei uma risada e sai do abraço com o sorriso nos lábios.
- É, eu o amo. - confirmei.
Ele sorriu passando a mão sobre meu cabelo.
Olhei sobre o ombro, meus amigos estavam conversando, me levantei e desci do palanque, somente a nossa família estava ali, todos os membros de cada família estava ali, todos dando risada.
- Bem... - me aproximei deles quebrando a conversa. - Acho que agora podemos ser a gente mesmo. - dei uma sugestão.
Park Gang olhou para Go Oh que olhou para ele, porém, Park Dan foi mais rápido.
- Avisando já que, se for para me dar sobrinhos, espero os seus vierem primeiro. - Park Dan pegou as mãos da minha irmã e virou para o meu pai.
Arregalei os olhos.
- Respira! - falei para ele.
Park Dan puxou o ar pesado.
- Alkmene foi a nossa testemunha. - ele soltou o ar. - Do nosso casamento.
- Quê? - ouvi o Tio Dang-Gu gritar atrás dele.
- É! - ele olhou para o pai. - Eu e Jin Sohn nos casamos antes de toda essa confusão. - Park Dan explicou. - O Mestre Lee foi o nosso cerimonialista.
Minha mãe sorri para minha irmã, ela pegou a mão da nossa mãe, a apertou, sorrindo, minha mãe olhou para o meu pai, meu pai olhou para a esposa e depois para mim, por fim, para o amigo.
- Como a duas testemunhas, não tem o que discutir. - Park Dang-Gu concordou olhando para a minha tia.
- Sua vez irmão! - Dan saiu da minha frente e olhou para o irmão, ficando de lado para mim e pegando a mão da esposa.
Seu irmão olhou para ele com raiva, como se não tivesse conseguido ter coragem mesmo depois do irmão.
- Eu te mato! - ele falou virando para Go Won. - Alkmene e Sohn foi a nossa testemunha, com o Mestre Lee fazendo a cerimônia. - Gang pegou a mão da Oh e olhou para ela. - E mesmo que o senhor nos proíba, não tem como mais, estamos casados e já consumamos o casamento. - ele engoliu em seco.
Tio Won cruzou os braços sobre o peito.
- Três testemunhas, não há nada que eu possa fazer. - ele concordou também.
- Já que é assim... - Ahnsoon pegou a mão do Lim-Sejun. - Bem...
Ela começou a falar.
- Se me disse que a Alkmene foi sua testemunha, eu oficializo o casamento de todos no mesmo dia. - o Tio Won falou alto.
Ahnsoon olhou para mim, dei de ombros, Won colocou a mão na testa.
- Está falando serio? - o Tio Yul me questionou.
Ele estava do meu lado, ele era maior que eu, sorri para ele, ele olhou para o filho e sorriu, confirmou com a cabeça, olhei para os dois que se beijaram, o Tio Yul me puxou e me abraçou, papai sempre me disse que ele não gostava de abraços, porém, ele sempre me abraçava quando podia e quando queria, o que não acontecia muito.
Retribui o abraço, fechei os olhos, imaginando como seria o Chamgseob aqui comigo, abri os olhos e Sung Jin com Sung Hoo estavam saindo de fininho.
Sai do abraço do meu tio, sorri para ele e passei pelos meus amigos, segurei o ombro do Sung Jin, eles pararam, fiquei de frente para os dois.
Peguei a mão do Sung Jin, coloquei sua mão sobre a minha bochecha, ele ergueu um pouco a cabeça, um pano estava sobre seus olhos, se antes estava, eu não reparei, apenas reparei em seus olhos.
- Obrigada por ter deixado o Chamgseob ficar aí por um tempo. - agradeci.
Ele sorriu.
- Ele me falou a mesma coisa. - Sung Jin comentou.
Baixei a cabeça e soltei sua mão que deslizou por minha bochecha.
- Para aonde vocês vão agora? - questionou a Sung Hoo.
- Vou resolver umas coisas com o meu irmão, vamos voltar para os casamentos. - Sung Hoo explicou.
Confirmei com a cabeça, sorrindo.
- Vão com cuidado! - pedi.
- Pode deixar, Princesa! - falou se curvando.
Bati em seu ombro, ele cambaleou um pouco, me olhou sorrindo, o abracei, ele fez o mesmo, sai do seu abraço e abracei o seu irmão, agradecendo mais uma vez.
- Ele me pediu para lhe dizer algo. - Sung Jin cochichou no meu ouvido.
Ele falou, lágrimas brotaram nos meus olhos, apenas uma escorreu, sai do abraço, sorri meio sem ânimo, olhei para baixo e sequei a lágrima que escorreu.
- Obrigada! - passei a língua no lábio seco.
Ele passou por mim, ambos saíram.
Voltei minha atenção para meus amigos, minha irmã e as minhas primas estavam vindo na minha direção.
- Vamos amanhã à casa das cortesãs para comprar os vestidos e você vai com a gente. - minha irmã não pediu, estava obrigando.
Concordei, apesar de não estar com ânimo para isso.
Meus primos chegaram por trás das suas mulheres, nossos pais vieram, fizemos uma pequena roda com todos nos, as quatro estações, o rei, a mutante de almas e eu, a Esposa do Ceifador, a Rainha dos mortos, meus pais não poderiam saber, não até tudo acabar.
- Como vocês acham que a vovó vai reagir? - Park Dan questionou me olhando.
Ele estava com os braços por baixo dos braços da minha irmã, eles estavam abraçados, com a cabeça da minha irmã encostado sobre o peito dele.
- Acho que ela vai aguentar, tanto que venha menina nesse casamento. - falei.
Minha mãe com a minha tia soltaram risada.
- Eu já me garanti nessa. - meu pai falou olhando para o amigo.
- Bem, já que é uma noite de revelações. - minha tia se aproximou da minha mãe. - Eu e a Bu-Yeon temos uma coisa para contar. - olhei para as duas.
- É aquilo que vocês não conseguiram contar? - questionei.
- Sim! - minha mãe confirmou.
Ambas se entre olharam.
- Eu e a Cho-Yeon estamos grávidas. - minha mãe falou.
O brilho que meu pai tinha nos olhos sumiu, o sorriso junto, olhei para os gêmeos, ambos estavam sérios, Park Dang-Gu estava pálido, ele cambaleou para trás, Tio Yul segurou ele, eu com a minha irmã soltamos uma risada, olhamos uma para a outra e fomos na direção das duas, abracei a minha mãe primeira dando os parabéns, depois fui para a minha tia, a abracei, sentindo a barriga por baixo do vestido, senti na minha mãe também.
- Vamos ganhar mais uma irmã ou mais um irmão. - Sohn estava saltitando ao meu lado.
Sorri para ela confirmando.
- E mais priminhos. - completei.
Sorrimos. Foi a vez dos gêmeos de dar os parabéns para a mãe e para a tia, depois o Tio Yul e o Tio Won, meu pai e o Tio Dang-Gu ficaram por último, meu pai colocou a mão na barriga, puxei o ar vendo aquela cena, meu peito doeu, porém, quando meus primos me olharam, disfarcei com um sorriso.
Dizem que quando se perde alguém, alguém próximo, se perde a alegria dos olhos, acho que foi isso que aconteceu comigo, me olhando no espelho, eu não tinha mais o brilho nos olhos, assim como minha alma, os olhos são a janela para a alma, nunca acreditei, até ver os olhos da minha mãe e do Sung Jin, ambos mostrando as almas que não eram deles, porém, deixando as almas de outras pessoas ali, como um abrigo de uma tempestade.

Alquimia das Almas: Amor e Lado NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora