Capítulo 8 "A Nossa Historia - Parte 1!"

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"- Faço 16 anos daqui alguns dias, porque quer saber? - questionei.
Chamgseob negou com a cabeça.
Fazia uma semana que ele estava aqui, durante todo esse tempo ele me ensinou mais do que eu tinha aprendido em anos com o mestre Lee, meus poderes estavam mais fortes. O meu Chisu estava perfeito e faltava pouco para poder dominar o Hwansu.
- Por curiosidade! - revelou.
Sorri, ele ainda continuava sério, não sorria muito, porém ele conversava mais que podia e mais do que - de acordo com ele -, ele conversava mais do que queria.
Olhei para o céu e refleti tudo o que me aconteceu durante todos esses anos, faltava mais 2 anos para aquele tempo longe dos meus pais acabarem.
Será que eles me reconheceriam? questionei a mim mesma em mente.
Baixei a cabeça e olhei para o chão, pisquei varias vezes repetindo aquela pergunta para mim, quanto mais pensava, mais ela me deixava confusa e triste.
- O que lhe aflige? - me questionou.
Neguei com a cabeça, fingi que estava bem, me levantei da cadeira e caminhei até o meio do acampamento, senti meu corpo ir para trás, Chamgseob me empurrou para baixo após segurar meu ombro, cai de costas no chão, ele me encarou de cima.
- Fingir que seus problemas não existe, só o fará existir mais ainda. - ele falou.
Me levantei em um sobre salto.
- Não é bem um problema! - revelei.
Cruzou os braços, jogando a cabeça de lado. Os fios ruivos estavam enorme e bagunçados, com vários fios rebeldes espalhados na frente dos olhos.
- É mais uma preocupação. - desviei o olhar dos dele. - Estou com medo dos meus pais não me reconhecerem. - revelei baixando a cabeça e me sentindo totalmente desconfortável por ter falado aquilo para ele.
Ele não me entenderia, ele se quer tem uma família para se preocupar.
- Eles vão te reconhecer! - confirmou.
Olhei para ele com os olhos arregalados e com algum fio de esperança,
- Como sabe? - perguntei.
Ele sorriu, pela primeira vez desde que nos conhecemos, ele sorriu. Baixou a cabeça e sem ergue-la ou olhar para mim ele respondeu.
- Porque eu lhe reconheceria em qualquer corpo!
Fiquei surpresa, sabia que ele estava falando da Alquimia das Almas, porém eu nunca a fiz e nem pretendia, aceitava quem fazia aquilo por salvação e segunda chances, mais me recusava a aceitar pessoas que faziam a mutação por diversão e poder.
Sorri e olhei para o céu novamente .
- Em qualquer corpo? - questionei ainda olhando para o céu,
- Bem... - ele fez um pausa, baixei a cabeça e ele ergueu a dele. - Eu sou um ceifador, saberia até dos mortos que já morreram a anos.
Dei uma desanimada, não sabia o porque havia ficado empolgada com aquele momento de antes, mais agora eu também não sabia o porque eu havia ficado triste com aquela confissão.
Voltei a olhar para cima, fechei os olhos e respirei o máximo que eu conseguia, virei para a estrada que dava para a vila e percebi que havia alguém ali. Um homem de mais ou menos a minha idade se aproximou e pediu que eu lhe ajudasse na violência da sua vila.
Me contou que um mutante de almas estava atacando sua vila e o Mestre Lee pediu que eu fosse para lá para resolver, e foi o que eu fiz, porém não fui sozinha.
Chamgseob estava sobre uma das casa me observando, coloquei a touca sobre a cabeça e comecei a andar nas ruas, que por incrível que pareça estava deserta. Caminhei mais alguns quarteirões até sentir uma mão no meu ombro, virei meu corpo devagar, ergui o olhar e senti suas unhas enfiarem na minha carne, soltei um grito e puxei a espada.
O golpeie sua barriga, ele se afastou rapidamente e logo em seguida avançou na minha direção novamente. Com a minha mão direita sobre a ferida do ombro esquerdo, avancei na sua direção, desviei na sua garra e ele desviou na minha espada, girei a espada sobre a cabeça e girei meu corpo ao mesmo tempo, usei meu poder na espada afastando o homem de perto, ele voou para trás, porém continuou de pé.
Olhei pra frente, passei a mão no rosto e observei ele andar na minha direção, olhei para trás, no teto das casas procurando o Chamgseob que me observava de longe me encorajando a continuar, ele não estava ali para me ajuda, estava ali para me avaliar no que eu sabia e no que eu estava pronta.
Coloquei a mão no ombro novamente, senti o liquido sair do buraco sobre o ombro, quanto mais eu segurava fazendo pressão, mais ele saia sangue.
Segurei mais firme a espada e comecei a luta, o homem também conseguiu uma espada e a usava para me atacar, quanto mais eu o atacava e ele se defendia, mais ele me atacava, até uma hora, sentir toda a minha energia na espada, não lembro o que aconteceu depois daquilo, tudo ficou preto ou melhor, tudo ficou em chamas, quando dei por mim, o homem estava morto na minha frente e toda a minha volta pegando fogo.
Chamgseob me analisava de longe, contudo, ele avançou sobre o fogo e segurou meu ombros.
- Tem que fazer as chamar pararem. - pediu.
Neguei com a cabeça olhando aterrorizada em volta.
- Eu não sei como eu fiz isso! - revelei olhando para ele com lágrimas enchendo meus olhos.
Ele me aproximou do seu corpo me abraçando, colocou meu rosto grudado ao seu peito, sons de trovão ecoou pelo céu, logo em seguida gotas de chuva sobre nos, senti meu corpo gelar aos poucos.
- Vamos sair daqui! - ele começou a andar me levando junto ainda colada ao seu corpo.
Sabia que quem tinha feito chover era ele. Fechei os olhos e senti lágrimas escorrer dos meus olhos, grudei mais ainda meu corpo ao dele, não era por vergonha e sim de medo, estava com medo de mim mesma, estava com medo do que eu havia feito.
Abri os olhos e estávamos caminhando devagar em direção a barca que nos levaria para casa.
Sentei o mais longe possível do dono do barco, Chamgseob ficou na minha frente tampando meu corpo para que o homem não me olhasse. Assim que chegamos, desci o mais rápido possível, Chamgseob deu o dinheiro para o homem e lhe passou mais algumas instruções, o homem confirmou com a cabeça, Chamgseob olhou para mim e caminhou na minha direção.
Baixei a cabeça e percebi que todo o meu corpo estava tremendo, caminhei ao lado dele ficando o máximo o possível em silencio, ele também ficou em silencio o caminho todo, talvez respeitando a minha decisão ou talvez também assimilando o que havia acontecido.
Assim que vi o acampamento, caminhei até a cadeira da mesa e desabei ali, deixei minhas lágrimas escorrerem, olhei para as minhas mãos, pela primeira vez eu olhei para as minhas mãos, onde manchas de sangue se espalhava por toda parte dela, talvez fosse meu, talvez não.
Ergui o rosto e encontrei com Chamgseob me encarava mais afastado, esperando algo, esperando que eu perguntasse.
- O que aconteceu comigo? O que foi que eu fiz? - por fim, perguntei.
Ele não respondeu, olhou para baixo e soltou o ar pela boca, começou a caminhar, parou na minha frente e agachou na minha frente, esticou o braço e puxou a manga do meu ombro esquerdo para o lado revelando a ferida de garra no meu ombro.
Sangue ainda escorria do meu ombro, a garra havia feito uma ferida profunda com veias negras surgindo da ferida, olhei para aquilo e mais desespero se espalhou do meu peito, olhei para Chamgseob, seus olhos brilharam em um dourado com as íris finas parecendo a de um gato, um liquido transparente saia da minha ferida e se transformava em uma pequena bola no ar, segundos depois algumas gotas do meu sangue se juntou a bola que logo caiu no chão, as veias negras sumiram dando lugar apenas a ferida que ainda sangrava.
Chamgseob limpou a ferida, limpando o sangue que havia se espalhado pelo meu ombro, logo em seguida pegou umas folhas que ele havia colido em algum momento e colocou na água no pequeno pote.
Tirou a planta e colocou sobre a ferida, no inicio ardeu, ele assoprou rapidamente, o sopro dos seus lábios arrepiaram meu corpo e continuou a colocar, assim que terminou passou um pano sobre meu ombro dando a volta no meu braço.
Ele se levantou.
- Eu tenho que ir embora, já fiquei muito tempo por aqui! - ele falou e colocou o pote sobre a mesa.
Ele virou para sair e eu continuei a onde estava. Ele estava com medo de mim? Estava com medo do que eu tinha feito?
- Olha, eu não sei o que aconteceu lá, mais eu preciso de ajuda, eu preciso... - fiz uma pausa. - Eu preciso de você! - ergui o olhar, ele me olhava.
Caminhou em passos largos e segurou meu rosto com as duas mãos.
- Eu venho lhe protegendo desde seu nascimento e vou continuar a fazer isso, só que se eu continuar aqui eu não vou mais conseguir me controlar! - ele comentou.
Um vento bateu em nós, bagunçando seus cabelos ruivos e deixando minhas bochechas mais geladas.
- Não precisa se controlar! - falei.
Fiquei na ponta do pé e juntei meus lábios aos dele, naquele momento a gente não se importou com a diferença de idade, apenas naquele momento, na sensação de alegria, paz e desejo, dos seus lábios finos tocando os meus, com sua língua invadindo a minha boca.
Ele me pegou pela cintura e me colocou na mesa, parou de me beijar e sorriu, sorri também, ele abriu os olhos e senti a sensação de desejo se espalhar sobre mim, por algum motivo sabia que estava espalhando sobre ele também.
Soltei uma risada doce e sincera, ele deixou uma risada escapar, me analisou e ajoelhou na minha frente.
- Como você consegue convencer a qualquer um a fazer o que você quer? - questionou.
Dei de ombros.
- Talvez seja a minha voz angelical! - expliquei brincando.
Ele olhou para as minhas mãos e as pegou para si, passou os polegares pela a minha pele lisa das mãos.
- Casa comigo? - perguntou.
Fiquei sem reação.
- O quê? - questionei.
- Casa comigo? - perguntou novamente. - Seja a única mulher que poderá mandar em mim.
Sorri e confirmei com a cabeça.
- Aceito! - respondi.
Ele se levantou me pegando no colo e me girando no ar."

Alquimia das Almas: Amor e Lado NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora