Prólogo

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Londres, 1940

Martin nunca foi um homem rico, porém muito trabalhador, sempre deu de tudo para a sua filha e tudo que mais quer na vida é que ela se torne uma pessoa bem sucedida. Não é a vida que sonhou, contudo ele se considera alguém feliz.

Em mais um dia tenso de trabalho, a porta da gigantesca fábrica se abre, e uma multidão sai apressadamente do local, correndo para não perder seu ônibus. Martin não é diferente, empurrando as pessoas da frente, ele consegue finalmente sair. Ele inala o ar puro, mesmo não sendo um dos melhores, que circula do lado de fora, afinal ficar horas preso dentro de uma fábrica faz com que seus pulmões esqueçam por um momento como é o ar do lado de fora. Mesmo querendo ficar parado ali, apenas sentindo a brisa suave da tarde, Martin não pode, assim como as outras pessoas ele tem que correr para chegar a tempo no metrô.

Ele apressa os passos, caminhando até a estação de metrô. A guerra deixa as ruas um caos, lugares totalmente destruídos com os recentes bombardeios, o clima terrível e o medo constante da morte. Uma criança para ele no meio do caminho, oferecendo várias coisas para comprar, e como Martin havia recebido seu dinheiro naquele dia, decide comprar um ursinho de pelúcia para a sua filha. "Ela com certeza vai adorar isso", pensou o homem.

Seguindo seu caminho, agora com a pelúcia em mãos, Martin entra na estação onde, como sempre, está um caos. Aos pessoas empurram uma as outros na escada e é até difícil de se segurar. Quando Martin está prestes a entregar seu ticket, escuta o barulho da sirene de alerta. Bombardeio. As pessoas se desesperam ainda mais, correm empurrando as outras da frente e nem ao menos se importam se elas caíram. O metrô é um lugar seguro, então a maioria das pessoas se abrigam aqui quando alguma dessas sirenes toca. Martin tenta se acalmar, afinal ele está no metrô, nada pode acontecer dez metros a baixo da superfície. De repente, em questões de segundo, faíscas em amarelo aparecem na visão dele, e a explosão seguida faz com que Martin voe para longe, caindo próximo a linha do trem.

Tudo fica escuro.

Martin tenta resistir, mas ao abrir seus olhos não consegue se mexer. A visão turva consegue enxergar o ursinho próximo dele e uma lágrima escorre em seu rosto. Outra explosão e tudo se apaga.

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