Capítulo 6

33 4 10
                                    

Acompanho Johann em mais de umas de suas sessões de fisioterapia, de certa forma isso tem ajudado em seus espasmos ao andar, percebi uma grande diferença entre quando cheguei aqui e agora. George está no canto da sala, também observando tudo. Johann o encara com desafio, algo me diz que os dois tem uma intriga que não fiquei sabendo. Não me admira isto depois de todas aquelas baboseiras que ele me disse há algumas semanas atrás.

Consigo perceber mudanças em Johann, aos poucos estamos evoluindo, ele está com um físico melhor, não está mais tão magro quanto quando cheguei aqui e já consigo perceber até alguns músculos crescendo em seus braços. Erick, o fisioterapeuta, diz que tem feito alguns exercícios com ele para que Johann possa engordar de forma saudável.

— Tudo bem, amigão, terminamos por hoje. — Diz Erick.

Johann se levanta da maca, pegando uma toalha para enxugar o suor de seu rosto. Este cômodo é baixo e quase que Johann consegue alcançar o teto. Qual será sua altura? Talvez Erick saiba me dizer, porém não quero parecer intrometida. E porque isso tanto me interessa? Não é algo importante para mim. Ele sai do quarto, sem dizer mais nada. Agradeço o fisioterapeuta por Johann e corro para alcançá-lo no corredor.

— Johann, vá mais devagar. — Peço, já que tenho que praticamente correr para ficar ao seu lado.

— Estou andando normalmente. — Responde seco.

— É que suas pernas são maiores.

Sem resposta.

Droga! Como esse homem me irrita.

Ele é mandão e mesmo com todos os seus traumas ainda se acha o rei do mundo. Com as coisas que Evelyn me disse, tenho quase certeza que ele foi criado para ser o cara e se quisesse poderia sim comprar o mundo.

Como não tive resposta, fui obrigada a acompanhá-lo quase correndo até a sala de terapia. Ao entrar, Johann se joga no divã, sem nem ao menos se importar com a minha presença.

— Vamos conversar, Johann. — Imploro.

Ainda sem respostas.

Odeio o fato de ter que ficar me humilhando para Johann quase todas as terapias e mesmo assim não ter resposta alguma. Isso é vergonhoso, pareço uma criança desesperada por atenção. Não é o que quero parecer, nem o que devo, eu só quero fazer meu trabalho do jeito certo.

— Vamos fazer um trato, Johann. Você fala comigo por pelo menos vinte minutos de nossas sessões e depois disso te deixo em paz. Assim nós dois ganhamos.

O homem fica pensativo por um instante, respeito seu momento, afinal é algo que deve ser pensado mesmo. Após um breve minuto de silêncio, Johann finalmente volta o olhar para mim e responde:

— Tudo bem, eu aceito.

Eu estou ouvindo certo? Ele realmente aceitou isso? Foi como um tiro no escuro e eu jurei que não iria acertar o alvo, mas pelo visto hoje é meu dia de sorte. Vibro internamente, minha alma está em prantos no momento, mas pela primeira vez é de alegria.

Abro um sorriso de orelha a orelha, demonstrando um pouco para ele de como estou me sentindo. Pego o relógio de cima da mesa e, girando a engrenagem, coloco um cronômetro de vinte minutos.

— Tudo bem, Sr. Goldmann, nossos vinte minutos começaram.

— O que quer saber de mim? — Cruza os braços, me encarando daquela forma que faz todos os meus pelos se arrepiarem.

— Você tem se alimentado melhor?

— O Erick me obriga a comer.

— Sério?

Estação Balham Onde histórias criam vida. Descubra agora