Mais uma vez, tento fazer Johann falar, mas ele continua se recusando a me contar qualquer coisa de sua história. Todos os dias são a mesma coisa, eu falo, faço perguntas, porém ele continua sem dizer sequer uma palavra. A sessão acaba, ele se despede e vai embora.
Como em mais um dia, estou olhando para ele, observando suas ações, já que é a única coisa que posso anotar sobre ele. Estou ficando farta desta situação, não quero desistir assim tão facilmente, contudo Johann tem me deixado cada vez mais irritada com isso tudo.
— Senhor Goldmann, por favor, fale comigo. — Peço.
O homem, que está sentado abraçado com seus joelhos, apenas olha para mim e sorri. Eu o odeio, odeio tanto, porém esse sorriso me faz sentir como se, por um momento, ele não me ignorasse totalmente. Ele me ouve, mas só atende ao que quer.
— Vai continuar sem falar comigo?
Ele desfaz sua posição e se deita no divã, dando as costas para mim. Johann vai dormir mais uma vez, como tem feito em todos esses dias. Quer saber, eu pouco me importo se ele vai ter outra crise. Levanto-me e grito, batendo na mesa:
— Olha só, eu também não queria estar aqui com você hoje. Estou há quase uma semana tentando te fazer falar algo, mas não consigo. Eu não quero desistir de você porque você é meu primeiro paciente e eu irei parecer incapacitada se eu simplesmente te largar. Além disso, você sabe se eu te der o diagnóstico que seu antigo médico estava acreditando ser a verdade? Você irá para um manicômio e, por incrível que pareça, não é isso que quero. Então, por favor, colabore comigo!
O som do alarme enfatiza mais um fim de sessão, mas dessa vez, irritada, quem vai em direção a porta primeiro sou eu. Quando estou preste a tocar a maçaneta, escuto a voz de Johann soar atrás de mim.
— Por que mentiu para o diretor?
— O quê? — Viro-me.
— Disse para ele que estávamos tendo progresso.
— Eu não podia dizer a verdade sobre nossas sessões.
— Não deveria ter mentido. — Como de costume, ele traga em seu cigarro.
— Você sabe que se não tiver melhoras vai para um manicômio, por isso não contei a verdade.
— Deveria ter me mandado logo para lá, quem sabe naquele lugar eu morra de uma vez. — A fumaça é solta de sua boca.
— Não diga isso.
— Você quer que eu fale com você? Então aproveite bem o que irei te falar aqui. A guerra tirou tudo de mim. Minha mãe e meu pai morreram durante a guerra, e você ainda acha que eu quero viver? Eu não tenho mais nada, Miranda, nem uma esperança me resta.
Seus olhos verdes cheios de mágoas e traumas me encaram, e eu sinto um leve arrepio em minha nuca. Engulo seco ao fitar seu rosto, observando cada detalhe, a cicatriz, os lábios finos, a barba recém feita.
— Ir para o manicômio iria ser bem pior do que só a morte. Eu não vou desistir de você, Johann, pelo menos não agora, você ainda terá que me aguentar por um bom tempo. — Dou as costas e saio da sala.
Ao passar pela recepção, aproveito a bancada da secretaria e anoto as informações que Johann havia me dado, são coisas úteis. O trauma da guerra é apenas a camada de um buraco ainda mais profundo.
Como o militar tem sido complicado, o diretor me colocou com um caso mais fácil, uma menina que foi abusada sexualmente e perdeu sua atração por homens, ela tem me feito esquecer um pouco de como as sessões com o Johann são entediosas. Sigo até a sala quinze, onde acontecem minhas sessões com Sofie.
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Estação Balham
Lãng mạnNo fim da Segunda Guerra Mundial, Miranda Reed - Uma psicóloga recém formada - se muda para Berlim com a intenção de trabalhar em um hospital psiquiátrico que acolhe ex-soldados de guerra com traumas devido ao combate. Johann Goldmann, ex-piloto da...