No dia seguinte, levanto por volta das sete da manhã, não sei exatamente, e me incomoda o fato desse quarto não ter um relógio. Estou animada para meu primeiro dia de trabalho, ainda mais para saber quem será meu primeiro paciente. Coloco o jaleco por cima da roupa e prendo o crachá de identificação do hospital no pequeno bolso a baixo de meu ombro. No corredor, encontro o diretor saindo de seu quarto e dou graças a Deus que não terei que procurá-lo sozinha.
— Bom dia, doutora. — Ele me cumprimenta.
Sim! Ele me chamou de doutora. Com certeza demorarei para me acostumar com isso.
— Está pronta para receber seu primeiro paciente? — Conclui.
— Com certeza! — Sorrio. — Bom dia, diretor.
— Vamos tomar café primeiro e... — Egon olha para seu relógio de pulso. — As oito começamos.
— Que horas são? Meu quarto não tem relógio, então estou totalmente perdida.
— Seu quarto não tem relógio? Irei providenciar um para você. Enfim, faltam dez minutos para as sete.
— Obrigada.
Caminho até o andar de baixo, curiosa para saber onde o refeitório fica. Deixo Egon ir em minha frente, afinal eu não conheço quase nada desse hospital. No fim da escada, o diretor vira à esquerda e por fim percebo que a porta dupla no fim do corredor não é o fim do hospital, há mais virando à direita. Como não percebi isso antes? Eu com certeza teria visto que o prédio tem formato de L. Talvez minha cabeça só esteja atordoada demais para isso
Egon finalmente para de andar, quase no fim, e abre uma porta, idêntica a da sua sala. O barulho de pessoas conversando invadem meus ouvidos assim que o diretor me dá passagem. Apesar de só ter médicos aqui, o eco do refeitório faz com que as falas se tornem bem mais audíveis.
— Pode pegar seu café da manhã, irei lhe esperar na mesa. — O diretor diz e logo some entre as mesas do lugar.
Aproximo-me da mesa onde algumas mulheres servem a comida. Pego uma bandeja de alumínio e sigo o caminho que alguns outros médicos estão fazendo. Apoio a bandeja na barra de ferro do self-service, seguindo o caminho pela mesa.
— Bom dia. — A primeira mulher diz, em alemão.
— Bom dia. — Respondo, com um sorriso no rosto.
Ela coloca um pedaço de pão na bandeja e eu vou até a próxima senhora e, para minha surpresa, ela coloca uma espécie de sopa em meu prato. Que diabos é isso? De qualquer forma, apenas sorrio e sigo meu caminho. Por fim, pego um copo com um conteúdo, parecido com chá, e vou até a mesa onde o diretor está sentado com alguns outros médicos.
— Doutora Miranda, que bom que está aqui. — Egon fala assim que me sento ao seu lado. — Esse é o doutor George, ele também é britânico e vai te ajudar caso precise de ajuda com o alemão. Além disso, George é psiquiatra.
O homem de pele clara e cabelos castanhos sentado à minha frente acena com a cabeça para mim.
— Olá, doutor George. — Sorrio, levando minha mão à frente, como um cumprimento.
— Como está, senhora Reed? É um prazer conhecê-la finalmente. — George corresponde ao aperto de mão.
— Digo o mesmo.
Volto a olhar com estranheza para a bandeja em minha frente, ainda desacreditada de que isso é o café da manhã aqui.
— Eu sei que a comida daqui é bem diferente, mas você vai se acostumar. — O psiquiatra avisa.
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Estação Balham
RomanceNo fim da Segunda Guerra Mundial, Miranda Reed - Uma psicóloga recém formada - se muda para Berlim com a intenção de trabalhar em um hospital psiquiátrico que acolhe ex-soldados de guerra com traumas devido ao combate. Johann Goldmann, ex-piloto da...