Capítulo 4 :

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Irritado por ter desmarcado a porra do meu compromisso com as garotas, paro o carro em frente ao prédio em que ela estaria. Não é tão longe das torres onde trabalho, como informado, mas por ser horário de pico numa cidade grande, peguei a porra de um engarrafamento. Espero que ela ainda esteja aqui para que não tenha vindo em vão. É um prédio pequeno de aluguéis de salas comerciais, e por não ser mais horário comercial, não há porteiro ou coisa do tipo, apenas um interfone antigo do lado de fora. Pressiono o botão do seu andar, a fim de falar com ela para liberar a entrada, assim poderemos conversar de uma vez. Quero e necessito resolver isso hoje, para voltar a ter paz!



Xxx: Pois não? — Escuto sua voz melodiosa e rouca do outro lado, bastante despreocupada para quem quer fazer da minha vida um inferno.



Arthur: Carla? É o Arthur, precisamos conversar! — Ela não me responde, mas a trava do portão eletrônico sendo liberada é a resposta que preciso.



Agitado, rapidamente subo os lances de escada sem querer esperar elevador algum vir até mim, e pelo que o irmão dela me falou, seu escritório fica em uma das salas no terceiro de cinco andares. Na porta indicada, do prédio velho e já vazio, avisto a placa dourada com o nome da empresa: Escritório Dia'z óculos Diretora Executiva: Carla Diaz, bato na maldita porta e escuto um resmungo vindo de lá. Giro a maçaneta, vendo que está destrancada; a primeira coisa que eu vejo ao entrar é a mulher de costas, sua bunda bem na minha direção, em uma calça jeans justíssima, na pontinha dos pés, em cima de uma escada de alumínio que deve ser do próprio prédio, brigando com uma das lâmpadas do teto que está falhando. No chão, noto seus saltos altos finos, e em torno da sala desorganizada, diversas caixas em cima das outras, amontoadas, como se tivesse acabado de ter uma mudança. Pura imagem do caos.



Surpreso pela recepção, mas querendo não perder o foco, limpo a garganta para que chame sua atenção; ela gira a cabeça e volta sua atenção para mim, mas ao tentar descer, a escada fecha, a fazendo se desequilibrar para trás. Vejo sua cabeleira loira quase no nível do quadril voar enquanto seu grito fino de susto toma a sala. Num gesto rápido e involuntário de puro reflexo, tento agarrar aquela estabanada antes que caia de cara no chão. Desengonçado, consigo evitar a queda, a amparando em meus braços. Nesse momento, sinto a quentura do seu corpo contra meu peito, a escada segue seu rumo, fazendo um barulho alto ao despencar no piso. Ela se encolhe ainda mais com o barulho, me segurando pela camisa. Em seguida, raspa suas unhas de tigresa na minha pele. Sua respiração rápida escapa entrecortada e quente contra meu peito, me arrepiando de uma forma estranha, como se reconhecesse o toque e essa aproximação de corpos, mesmo que sem a minha permissão.



Ela afasta o rosto do meu peito e abre os olhos castanhos, cor de avelã, expressivos, quase como duas pedras de ônix brilhante, com uma malícia natural estampada por dentro. Mira diretamente meus olhos, trocando olhares de forma profunda e intensa, o que traz um formigamento por todo o meu corpo, me pinicando a ponto de me incomodar. Fiquei  agradavelmente  surpreso com  a  beleza dela.  Por  um momento  apenas  a olhei, admirado. Conhecera  muitas mulheres  bonitas,  lindas mesmo.  E aquela ali, ganhava longe de todas elas. Era  exuberante. Extremamente  linda. É um momento incomum, em que sinto a atmosfera de raiva cristalina, que estive alimentando no caminho até aqui, se perder, mudando para algo mais quente e provocativo. São faíscas sendo despertada na porra da minha nuca e entre as pernas, uma fisgada bem no pau, ao encarar seus lábios totalmente convidativos, pintados com um batom vermelho vivo que contrasta com a pele clara das suas bochechas. Eu a vejo engolir em seco, sequer pisca, mantém o olhar fixo em meu rosto de um jeito acentuado e tão ávido, que me pega desprevenido.


Algumas lembranças de putarias surgem em mais flashes rápidos e indecentes da noite que fodemos como dois selvagens. As imagens vêm à mente de forma voraz e sórdida, me engolindo por inteiro só pelo fato de nós estarmos dessa forma. É como se eu sentisse de forma viva a sensação de estar dentro dela, que sinto abafado com o despertar do perigo de uma simples encarada me causou. Inferno! Não estava preparado para o impacto fodido que é ter essa mulher pertinho assim. Não posso esquecer quem ela é e o que vim resolver aqui. A raiva volta à tona imediatamente, de modo que sou jogado para realidade novamente, preciso lidar com esse problema novamente. Eu a coloco de volta no chão, de pé, não querendo manter contato físico, como se ela ainda fosse menor de idade. Passo as mãos nos cabelos, para me alinhar e manter as mãos ocupadas.

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