Capítulo 49 :

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Arthur: Como assim não posso subir? — indignado, com um buquê em mãos, questiono a recepcionista do prédio onde fica o escritório da Carla.


Xxx: Dona Carla não pode atender ao senhor... — constrangida, ela me comunica, e eu a encaro de volta com pura descrença. — Mandou avisar que estava ocupada, pediu para que mandasse mensagem caso fosse muito urgente.


Arthur: Obrigado. — Contrariado, dou um aceno, saindo do prédio e me sentindo encolerizado por essa tinhosa ter me dado um banho de água fria.


Decido enviar uma mensagem. Não vou desistir tão fácil assim de reconquistá-la. Porém não faço a mínima ideia do que falar quando encontrar com ela, como me abrir, como revelar os motivos de a ter rejeitado naquela noite. Preciso contar sobre meu passado e tudo mais e então convencê-la a ficar comigo. Do jeito que é orgulhosa, terei que ser bem convincente. Pelo menos tenho fé que dará certo.


Mensagem do Arthur: "Carlinha, precisamos conversar, me deixa subir..."" ✓✓ — No mesmo segundo, ela visualiza e logo aparece: digitando...


Mensagem da Carla: "Se não for sobre a Isabella, eu não quero saber, vai pro inferno!" ✓✓ — Mostrando que seu humor não está dos melhores comigo, ela se mantém irredutível.


Eu suspiro, jogando o buquê de flores secas, que achei que iria gostar mais, na primeira lata de lixo que encontro, atraindo olhares de alguns curiosos. Estou exasperado, sinto pura frustração por ter escolhido a dedo a mulher que me enlouquece de diversos sentidos. Mas mesmo com esse maldito contratempo, que só serve para atrasar nosso final feliz, não vou desistir de dobrar essa encrenqueira. Depois disso, darei uma lição que ela jamais vai esquecer, só por ter me colocado na palma da sua mão com tanta facilidade. Ou eu não me chamo Arthur Picoli!

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Batucando a caneta na minha mesa de escritório, me mantenho imerso aos meus próprios pensamentos agridoces sobre a Carla e todo o caos que ela me causa. Perdi a manhã inteira sem conseguir produzir ou me concentrar. Na cabeça só há reflexões sobre o que eu posso fazer para reverter essa merda toda e fazê-la me ouvir. Mesmo depois de mais dois dias, ela se mantém irredutível, teimosa, ignorando absolutamente todas as minhas tentativas de reaproximação.


Eu tinha certeza que alguma delas daria certo. Mas se fosse fácil e simples, não seria a Carla. Obviamente com ela tudo é o inverso do esperado, tumultuado, um furacão em qualquer ação. Ela gosta de me abalar, de me desconcertar, como se fosse particularmente divertido me ver enlouquecer. Inclusive ontem recebemos o ofício com a data de assinatura do divórcio, que será na próxima segunda-feira. Eu tenho apenas dois dias, um final de semana, quarenta e oito horas, e apenas uma chance para convencê-la a não prosseguirmos com esse acordo pós-nupcial e ficarmos juntos. É como se um relógio estivesse aqui na minha mesa. Estou impaciente, cada segundo conta é precioso.

A tinhosa não quer me ver de forma alguma, e minha insistência em falar com ela a fez achar que é sobre o divórcio. Nós dois nos falamos apenas por mensagens, conversamos sobre a Isabella e o bebê, que terá a primeira consulta de pré-natal. Faço questão de ir, afinal em breve seremos de fato um casal. Porém, na sua última mensagem acerca do divórcio, ela escreveu em caixa alta que não pretendia prolongar a situação e que me daria o que eu tanto queria, assinaria sem querer nada em troca, como decidimos lá no início. Desbocada do jeito que é, ainda mandou emojis do dedo do meio e olhinhos revirando.

A cretina nega minha entrada no seu trabalho para conversarmos, o que nos impede de ficarmos a sós. Ela cortou todo tipo de contato que julgue desnecessário, afinal nós dois sabemos que agiremos irracionalmente, como da última vez. E, honestamente, cansei desse lenga-lenga, que já se estendeu demais, vou parar de tentar achar um jeito mirabolante de fazer a Carla me escutar e serei mais incisivo, para que ela entenda de uma vez por todas que a quero comigo, e ponto final. Vou pegar aquela mulher para mim, sem direito a negativas!

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