Capítulo 23 :

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ARTHUR

Do escritório de casa, repasso alguns relatórios para a planilha online, preenchendo os valores de saída e entrada, mas sem perceber os rumos dos meus pensamentos saem dos números e vão parar na mulher provocante a qual estou dividindo a cama. Mesmo que eu tente me focar no trabalho, não consigo parar de pensar na porra do beijo e da sua resposta logo em seguida.


" Joaquim, é bem melhor!" Ainda tripudia.



Nem por um caralho! A infeliz se desfez toda em meus dedos, gemeu gostoso e só não gozou porque eu não deixei. Mentira para cima de mim, não, eu sei que ela chegaria no ápice ali, que me desejou, cederia se eu fosse mais longe. Mas essa teimosia em não reconhecer me deixa irritado, com os joguinhos de palavras que ela sabe muito bem como fazer. Estou enraivecido com essa porra, com Carla me desafiando, disposta a ir até o fim com esse jogo de quem desestabiliza quem. Ela vem conseguindo aguentar até o final, diferente de muitas mulheres que não resistiriam nem à primeira provocação. Ela inaceitavelmente conseguiu me enlouquecer, por isso perdi a cabeça ao beijá-la, queria dar uma lição.


Até agora não sei de onde tirei autocontrole para parar. Seu gosto, que eu conheci quando cometi o erro de lamber dos meus dedos, só me deu vontade de sentir direto da fonte. Mas agora mais do que nunca quero vê-la implorar por mim, assumir que me deseja. Melhor ainda, quero vê-la sentar em meu colo desnorteada, não aguentando mais de tesão. É questão de honra, principalmente depois de ter me dito todas aquelas coisas. Jamais cederei a ela. Eu a estou levando ao limite, mesmo que para isso esteja indo junto com ela, principalmente agora, que passamos o dia inteiro sozinhos. Isabella dormiu durante toda a tarde, e eu não paro de imaginar besteira quando bato o olho nela. Meu telefone toca, o nome no visor e me faz sorrir automaticamente.


Xxx: Daddy, esqueceu de mim ou está com outras? Estou com saudades, vem aqui meu apartamento? — Sua voz propositalmente sensual já me instiga.


Arthur: Não, gatinha, são apenas problemas. Minha filha está doente, não vou sair hoje.



Xxx: Filha? Você nunca me contou que tinha uma! E pensei que eu fosse a sua favorita, chama uma babá e vem para cá, tenho ideias interessantes para nós...



Arthur: Não posso. Deixa para depois, eu te ligo.


Eu me limito a essa resposta simples, não quero dar satisfação da minha vida. Antes de desligar, rio comigo mesmo por estar dispensando foda para ficar em casa passando vontade, chega a ser cômico. Eu realmente não sou o mesmo, se contasse ao Arthur do início do ano o que estou vivendo nos últimos tempos, ele gargalharia descrente de como não estou tendo pulso firme. Eu me mantenho dessa forma ainda, mas não gargalhando. E isso me acende um alerta. Está na hora desse Arthur voltar também, preciso resolver minha vida em vez de focar nesse joguinho de picuinha, já que o divórcio não vai sair de uma hora para outra, e não vou deixar a vida passar. Mas antes tenho que conversar com a Carla, saber se o que ela me falou outro dia sobre um acordo é verdade ou se é mais algum tipo de golpe para me prender mais um pouco e me convencer do contrário.



Pelo que já notei, ela não mentiu, ainda que possa ser uma boa mentirosa, ela realmente parece estar aqui porque foi forçada. Todas as suas atitudes demonstram isso, parece ter casado contra sua vontade, assim como eu, senão não estaria resistindo a mim dessa forma, pelo contrário, faria o inverso, estaria desesperada tentando me agradar para que eu a mantivesse aqui. Se realmente ela tiver dito a verdade desde o começo, seu pai foi um filho da puta do caralho não só comigo, mas com ela. Aí a raiva em relação a ele triplica, já que o infeliz tirou até mesmo o plano de saúde da criança, sem nem esperar que eu substituísse.


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