Capítulo 15

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Ester

Acordei com o sol em meu rosto.
Foi uma péssima noite, além de ter que dormir com a roupa que eu vim, o Vitor ronca muito alto.

Bom dia. - disse se sentando na cama ao lado - Tá com cara de que não dormiu.

Porque será né, ronca mais que tudo. - falei brava e me levantei - Você consegue roncar mais que o meu marido. - fui até o meu tênis e calcei o mesmo - Vamos embora, porque a caminhada é longa.

A estrada é longa. - falou me corrigindo e eu revirei os olhos - Bora. - se levantou da cama

Peguei as minhas coisas e sai do quarto, vitin saiu em seguida.
Descemos e passamos na recepção para entregar a chave, já estava tudo certo referente ao pagamento.

Fomo até o carro e entramos.

Queria tomar café antes. - disse ligando o carro

Tem bolacha aqui. - peguei a sacola no porta luvas e ele fez careta - Tu tem que pensar que é quase um dia de viagem, não da pra ficar enrolando e outra Pedro tá igual louco atrás de mim. - bufei

Demorou, joga pra cá. - joguei a sacola nele

Tava até estranho essa história do Pedro me ligar toda hora, ele só liga quando tem alguma emergência.

Alguém falou alguma coisa ou ele está aprontando alguma.
E se ele estiver aprontado alguma, já era!

Agora se prepara, viu?! - me olhou - Não gagueja e nem fica esfregando as mãos. - assenti - Se demonstrar nervosismo já era e nois tá lascado, porque estamos cometendo crime em outro país. - assenti novamente - Podemos pegar de cinco a quinze anos.

Tá, Vitin! - falei estressada - Eu já entendi, tu que tá me deixando nervosa, que porra! - ele olhou pra mim e logo voltou a atenção na estrada

Nunca fiz corre fora do Brasil e muito menos fui buscar carregamento, quem faz isso geralmente é o Vitin e o Sampaio.

Sampaio está tirando uns dias de folga, porque a mulher dele acabou de ter bebê.
E me colocaram nessa, Pedro vai me esquartejar lá dentro.

Mas eu entendi porque me colocaram nessa, nenhum dos envolvidos sabe falar espanhol e seria mis difícil entrar no país dois homens, ainda mais com cara de bandido né.

Duas horas de viagem e finalmente chegamos na fronteira, paramos o carros e aguardamos os policiais.

...

Deu tudo certo nessa, agora tem mais uma para entra para o Brasil.
Fizeram as mesmas perguntas e eu respondi como tinha respondido na primeira vez.

Já era, se passamos nessa, no Brasil é rapidinho. - disse animado

Não se anima não, Vitin. É mo burocracia para entrar no país. - ele fechou a cara

Só pensa negativo. - bufou

Não é pensar negativo, é questão de lógica. Acorda pra realidade, bem. - falei

Fomos o resto do caminho em silêncio.

Eu e o Vitin sempre fomos assim, se a gente fica muito tempo juntos, damos choque.
Fomos criados juntos e direto a gente saia no soco.

Pedro no começo se intrometia, separava e até batia nele, mas depois só deixou a gente se matar.
Porque não adiantava, toda vez era a mesma coisa.

Minha sogra que sofria com a gente, até ela começar a ser rígida e colocar regras na casa.

...

Vai devagar, Vitin! - falei alto - Eles vão suspeitar se a velocidade estiver muito alta. 

Vai nada, relaxa e vem com o pai.- disse pisando no acelerador e rindo - Já fiz isso dez vezes e nunca deu em nada, não vai ser agora - bufei de nervoso 

Como pode ser tão burro? 
Pode ter dado certo duzentas vezes, mas tem que tomar cuidado. 

Alguns minutos depois apareceu uma viatura atrás da gente fazendo sinal pra parar. 

Para essa porra, Vitor. - dei um tapa no braço dele 

Vou dar fuga se não a gente vai preso. - afundou o pé no acelerador 

Você tá maluco, filha da puta. - dei um murro no braço dele - Para essa por agora! - gritei e ele me olhou - Eu estou mandando. - falei rígida e ele foi diminuindo a velocidade e encostou -o carro no acostamento  - Eu te falei. 

Os policiais encostaram atrás e logo os dois desceram com a arma apontada. 

Desce do carro. - um dos policiais gritou com a arma apontada na janela do motorista - Desce do carro e deita no chão. - gritou e abriu a porta 

Eu desci do carro primeiro com as mãos levantadas, fui para atrás do carro aonde o outro policial estava e me deitei no chão, de barriga pra cima. 

Vitor demorou mais um pouco e o policial continuava a gritar. 
Depois de alguns segundos, ele fez o mesmo que eu. 

Tem alguma coisa dentro do carro? - Vitin me olhou - Eu vou perguntar mais uma vez, tem alguma coisa no carro? - gritou 

Tem...tem. - Vitin disse desesperado - E é meu...tudo que tem lá dentro é meu! 

Eu não perguntei de quem que é! - disse se aproximando do carro e abrindo o porta-malas - O que tem aqui? - perguntou olhando duas sacolas 

Droga, senhor. - disse com a voz embargada 

Eu estava em choque com tudo o que estava acontecendo, não sabia o que fazia e nem se falava alguma coisa. 

A única coisa que eu sabia, era que a casa caiu pra mim e pra ele. 
Estávamos a uma hora da fronteira do Brasil. 

Faltava pouco, mas ele foi emocionado e inconsequente. 

Levantem. - fizemos o que ele mandou - Quero os documentos. 

Vitin pegou o dele na carteira e o policial me olhou.

Você é surda? - gritou - Quero os documentos, agora! - gritou novamente e eu assenti 

Está dentro do carro...posso ir buscar? - ele negou - Estão no porta luvas. - falei e o mesmo foi atrás  

Pegou os meus documentos e foi para o carro, o outro policial ficou olhando a gente. 

Vocês são da onde? - perguntou colocando a arma no coldre

Rio de janeiro. - falei e ele assentiu 


Coração bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora