Capítulo 57

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Um mês depois...

Ester 

Pedro realmente foi e não voltou mais. 
Apenas encontro com ele as vezes pela favela, mas finjo que nem vejo. 

Acordei com um mal estar hoje e com uma dor no estomago, nem consegui almoçar. 

O que você tem? - Maya perguntou entrando na loja com duas marmitas 

Não sei amiga, to me sentindo estranha. - fiz careta - Nem consegui comer nada. 

Mas tem que comer, amiga. - se sentou atrás do balcão - Trouxe lasanha pra tu. - neguei - Come pelo menos um pouco! 

Amiga eu realmente não estou legal, to com uma dor no estomago imensa e com enjoo. - ela assentiu e começou comer 

Tem que ver isso aí em...vai que é...- interrompi ela 

Não é! - falei séria e ela sorriu com a boca cheia - Acho que foi o frango que eu comi ontem, estava muito engordurado e me faz mal quando eu como assim. - falei indo para o estoque 

Peguei algumas peças e cabides, voltei para o centro da loja. 

Mas amiga, sua menstruação está atrasada? - neguei - Então gravidez não é mesmo...tem que ver isso aí, mulher. 

Depois eu vejo, por enquanto eu aguento. - sorri e comecei a colocar as roupas nos cabides 

...

Fechei a loja sozinha, liberei a Maya mais cedo hoje. 
Fui subindo a favela cortando pelos becos. 

Hoje era quinta-feira e a favela estava vazia. 
O vento gelado bateu em meu corpo, me fazendo arrepiar. 

Odeio frio! 

Passei em frente a boca e vi ele conversando com alguns envolvidos. 
Fingi que nem vi e continuei subindo. 

Depois de tudo o que aconteceu, eu não fui atrás e ele também não me procurou. 
Me sinto culpada, claro eu fui a causadora, mas não precisava de tudo isso. 

O que passa pela minha cabeça é que ele já estava planejando terminar comigo e como aconteceu aquilo tudo, colocou como se eu fosse a causadora. 

E tá tudo bem, são escolhas! 

Continuei subindo até chegar em frente a minha casa. 
Maya não estava mais morando ao meu lado e eu já estou sentindo uma falta imensa. 

Praticamente todos os dias ela vinha aqui em casa, agora está mais difícil. 

Entrei em casa, tranquei tudo e fui direto para o meu quarto. 
Comecei a sentir uma dor muito forte no pé da  barriga, me deitei na cama e me encolhi. 

Não conseguia nem me mexer direito de tanta dor, senti a minha calcinha molhar e já imaginei que era a menstruação. 

Muito estranho, porque eu nunca tive uma dor tão forte como essa. 
Peguei meu celular que estava ao meu lado e disquei o número do Maya. 

A mesma não me atendeu, liguei mais quatro vezes e nada. 
Liguei para a Suzana. 

Sogra...- falei e gemi de dor - Por favo, pede pra Maya ou o Vitin vim me buscar pra me levar no UPA. 

O que aconteceu, meu amor? - perguntou desesperada - Você tá bem? 

Não, to com muita dor no pé da barriga, nem conseguir levantar eu estou. - gemi de dor mais uma vez - Faz esse favor pra mim. 

Faço minha querida. - falou e eu desliguei

Continuei encolhida e gemendo de dor. 
Nunca senti algo tão forte. 

Comecei chorar de tanta dor que eu estava sentindo. 

Ouvi a do quarto se abrir me virei achando que era a Maya e vi o Pedro. 
Fiz careta e me sentei na cama secando as lágrimas. 

O que aconteceu? - perguntou me olhando - Tá com o que? 

Dor, mas não precisa se preocupar. Eu to bem! - sorri com os olhos lacrimejando 

Ele bufou e se aproximou. 

Dá pra ver na tua cara que não está bem. - colocou a mão na minha testa - Olha o tanto de sangue, Ester. - olhou assustado pra cama - Tu tá tendo uma hemorragia! - disse alto  

Olhei pra onde ele estava olhando e vi uma poça de sangue. 

É só menstruação. - disse fraco - Não se preocupa, eu vou limpar. - tentei me levantar mas quase cai, segurei no braço dele - Desculpa. - sentei na cama - Estou com tontura. - coloquei a mão na testa 

É porque tu tá perdendo muito sangue, Ester. - olhei pra ele e estava vendo dois - Isso não é menstruação! - me pegou no colo 

Senti tudo girar e minha vista ficou preta. 

Acordei meio desnorteada e ele estava me tirando do carro. 
Me pegou no colo e correu comigo até dentro da UPA. 

Não estava ouvindo nada, apenas um zumbido no ouvido. }
Ele me colocou na maca e me levaram para uma sala. 

Vi dois enfermeiros correndo de um lado para o outro, o desespero era nítido. 
Furaram o meu acesso e colocaram algo pra eu tomar pela veia. 

Senti tudo ficar lento e meus olhos se fecharem. 

...

Abri os olhos devagar e senti uma dor de cabeça. 
Olhei para o lado e a Maya estava sentada na poltrona dormindo. 

Respirei fundo e vi que eu estava com dois acessos no braço. 
Me sentei devagar e senti uma dor no pé da barriga, mas nada comparado com o que eu estava sentindo. 

Maya? - chamei ela baixinho - Maya? 

Ela me olhou assustada e rapidamente se levantou. 

O que foi? - me olhou com maior olhão 

Avisa a enfermeira que eu ainda estou sentindo dor. - fiz careta e coloquei a mão no pé da barriga - Quero remédio. 

Ela saiu do quarto correndo e logo voltou com duas enfermeiras. 

O que está sentindo? - uma perguntou 

A mesma dor no pé da barriga, só não com a mesma intensidade. - ela assentiu olhando a prancheta 

Vou aumentar a dose desse remédio, você vai dormir e amanhã a doutora te passará o diagnostico. - assenti e ela se aproximou 

Ela aumentou a dose e as duas saíram do quarto. 

Cadê o Pedro? - olhei pra Maya 

Teve que ir embora, amiga. - assenti de leve - Mas disse que amanhã está por aqui. 

Me deitei na cama e alguns minutos depois senti os meus olhos se fechando. 

Coração bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora