Capítulo 17

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Ester

Chegamos na babilônia, liberaram a nossa passagem e fomos direto pra boca principal.
Era de madrugada e o Morales estava esperando a gente em frente.

Ele estacionou o carro e eu finalmente desci com o meu celular e minha bolsa
Finalmente estiquei as minhas pernas.

O que eu falei pra tu? - cruzou os braços me olhando

Papo reto, Morales? Se coloca no teu lugar, porque aqui tu só manda se o Fernandez autorizar, caso contrario, fica quietinho e obedece! - bati a porta do carro com força - Liguei para o meu marido e ele mandou você fazer, não gostou? Então resolve com ele!

Certo, só que tu tem que me tratar na educação, assim como eu te trato. - falou com um cigarro na boca

Na educação? Tu lembra o que falou pra mim no telefone? Não teve nem a porra de empatia e pensar que quem estava precisando era sua família. - falei estressada e me aproximei dele - O Vitin é teu sangue, eu não...não sou nada tua mesmo, mas porra, teu primo e tu pouco se fodeu pra isso.

Papo reto mermo! - vitin disse assim que encostou do meu lado - Se não fosse por ela eu tava preso já.

Eu não podia fazer nada, quem vacilou foi vocês. - balançou o ombro

Na verdade tu podia, só não queria. - ele assentiu soltando fumaça - Mas tudo que vai volta, viu?! Continua com o seu rei na barriga, logo logo o reinado será destruído. - falei e sai andando

Isso foi uma ameaça? - falou alto e eu olhei pra ele

Não, porque fruta podre caiu sozinho! - falei e voltei a andar

Eu tenho a plena consciência que trinta mil é muito dinheiro, mas o que eles tem não é pouco e sem contar o carregamento que está no carro, isso vai dar muito dinheiro.

Então se ele tivesse pagado esse valor para liberar o carregamento, o retorno ia ser rápido.

Cheguei em frente a minha casa, abri o portão, entrei e fechei o mesmo em seguida.
Abri a porta, tranquei e me joguei no sofá.

Estava exausta e só queria conseguir dormir direito.
Vou ficar mais amanhã em casa e mais tarde ligo para o médico que vende atestado, não to afim de perder o meu emprego.

Subi para o meu quarto e fui direto para o banheiro, tomei um banho bem demorado e aproveitei para lavar do cabelo.

Sai do banheiro, enrolada na toalha e com uma na cabeça, me joguei na cama.
Vou dormir assim mesmo, estou com muita preguiça de me trocar e secar o cabelo.

Hoje o cansaço me venceu.

...

Acordei com o meu celular vibrando, peguei o mesmo de baixo do meu travesseiro.
Peguei o mesmo meio desnorteada, sentei na cama e atendi.

Alô? - falei com a voz rouca - hum? - perguntei porque não entendi o que a pessoa do outro lado falou

Tá aonde? - ouvi a voz do Pedro - Já está em casa?

Uhum. - me deitei de novo - O que você quer uma hora dessa? - falei assim que vi que ainda era 05 da manhã

O que eu quero, Ester? - falou bravo - Ta de brincadeira?

Ah não Pedro...- me interrompeu

Predo é uma porra, tu viu o k.o que tu se meteu? - falou irritado - Tá querendo foder com a tua vida, filha da puta? - revirei os olhos e bufei - Ester, tu tem que tomar uma coça mermo né? Porra mano, tu tá vendo o que eu to passando aqui e tá se metendo em problema!

Não tinha ninguém pra ir nesse corre, amor...eu sei que é problema, mas eu só quero ajudar- falei com a voz embargada

Ester...quando eu falei pra tu fazer uns corre pra mim, nunca foi atravessar o pais pra buscar droga. Eu nunca ia meter tu em uma dessa. - falou mais calmo - Pô, mano...Ainda tu mentiu pra mim, tem noção?

Desculpa...- única coisa que eu consegui falar

Da próxima vez que acontecer algo parecido, tá fodida! - suspirei

Não vai acontecer mais, agora todo corre que o Morales tiver, ele vai passar pra tu antes. - ele riu debochado

Já era pra estar passando, ele tá fodido. - ouvi no fundo um barulho estranho - Tenho que desligar, depois a gente se fala. Te amo! - encerrou a ligação

Estranhei o barulho que escutei, mas apenas ignorei tudo aquilo e voltei a dormir.

...

Encontrei com o médico em frente ao postinho e ele me entregou o atestado.
Peguei de quatro dias e ele colocou como virose.

Amanhã eu volto a trabalhar.

Parei na pracinha e me sentei observando o movimento.
Minha vida é tão corrida depois de tudo o que aconteceu com o Pedro, que nem tempo para ficar sentada na praça eu tenho.

Pedro tem razão em muita coisa e inclusive nos corre.
Ele jamais mandaria eu naquele corre, mas Morales mandou e ainda falou pra eu me virar.

Algo não se encaixa...tem algo de errado.
Sem contar que ele conseguiu me tirar do morro por três dias.

Vi uma mulher que eu nunca tinha visto por aqui, estranhei.
Mas pode ser moradora nova.

Ela me olhou por alguns segundos e começou a caminhar na minha direção.

Boa tarde, tudo bem? - sorri e assenti de leve - Você sabe me dizer aonde fica a rua 9? Sou nova aqui, sai pra conhecer o morro e não to achando a minha casa. - ri

Aqui as ruas parecem todas iguais. - me levantei - Vou te levar até lá pra tu não se perder de novo.

Não...não precisa. - falou - Não quero te incomodar, só me fala e eu vou sozinha.

Não está me incomodando, eu quero te ajudar e outra, tu mora na mesma rua que eu. - ela sorriu e fomos descendo - Tu é da onde?

Sou de São Paulo e você, nasceu aqui? - assenti - Que legal, sempre fui apaixonada pelo Rio. - falou admirando a paisagem

Hoje em dia é tranquilo...é difícil ter invasão por aqui - falei entrando em um beco e ela veio atrás

Só é estranho os caras com armas, né?! - falou olhando pra um vapor

Boa tarde, PT. - cumprimentei o vapor que ela estava olhando

Boa tarde, Patroa. - ele falou e ela olhou pra mim, ri

Sou mulher do chefe. - ela assentiu entendendo tudo - Cresci aqui...

Meu nome é Maya. - sorriu - Aquela ali é minha casa - apontou para a casa ao lado da minha

O meu é Ester. Satisfação. - sorri retribuindo - Somos vizinhas.

Coração bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora