Capítulo 58

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Maya 

Sai do restaurante e vi que tinham cinco chamadas perdidas da Ester e mais três da Suzana. 
Fiquei extremamente preocupada, liguei para a Ester de volta e não fui atendida, em seguida liguei para o Fernandez, ele me atendeu e explicou o que tinha acontecido. 

Fui correndo para o UPA, cheguei e ela estava desacordada. 
Entrou pra sala de cirurgia e fez alguns exames. 

Ficamos extremamente apreensivos e preocupados, mas a médica não quis passar o diagnostico dela, disse apenas que não era grave. 

Fiquei desconfiada, por que não é algo normal esconder o diagnostico do paciente para a família. 

Fernandez fez um show, mas não adiantou de nada, apenas foi retirado do UPA por perturbação. 

Mal consegui dormir a noite, preocupada com ela.
Faz alguns dias que a Ester não está se sentindo bem, mas ela é teimosa, não procurou saber o que era. 

Me levantei da poltrona e fiquei em pé próximo da porta olhando para ela. 
Estava cansada de ficar sentada. 

Vi ela abrir os olhos de vagar. 

Ela se sentou na cama e me olhou. 

Bom dia. - sorri e me aproximei dela - Tá se sentindo melhor? 

Bom dia, amiga. - coçou os olhos - Estou sem dor agora, graças a Deus. - sorriu fraco - Sabe o que aconteceu? O que eram as dores? - neguei - Não te falaram nada? 

Não, amiga. A única coisa que eu sei é que você perdeu muito sangue e precisou de transfusão de sangue. - ela assentiu de leve - Vou ir chamar a doutora. - falei e sai do quarto rapidamente 

...

Ester 

Acordar e não saber o que aconteceu é preocupante.
Perdi muito sangue e nunc senti dor igual a essa. 

Espero que não seja nada grave, porque eu não preciso de mais problemas na minha vida. 

Peguei o controle da cama e fiz a mesma se inclinar, me encostei. 

A Maya entrou no quarto, junto á doutora. 

Ela se aproximou com uma prancheta na mão. 

Bom dia, Ester. - sorriu 

Era a mesma doutora que cuidou do caso do Pedro, nos tornamos amigas. 
Também fiquei um mês no hospital. 

Bom dia, doutora Gabriela. - sorri de volta 

Preferi manter o seu diagnostico em sigilo até você acordar. - assenti de leve - Você prefere que eu fale na frente dela? - apontou para a Maya e eu assenti novamente - Ester...o que aconteceu foi que você estava tendo uma aborto espontâneo. - arregalei os olhos 

Aborto? Como assim doutora?- perguntei desesperada - Meu Deus...eu perdi? - ela negou 

Você está já está indo para o terceiro mês da gestação. - continuei paralisada em choque - Está tudo bem com o bebe, pode ficar tranquila...a sua gravidez é de risco, tem que evitar muita coisa agora. 

Senti minhas mãos soarem. 

Parabéns, mamãe. - sorriu - Não sei se era essa notícia que você queria, mas é melhor que uma doença. - se aproximou - É normal ficar em choque, Ester...essa notícia não irá sair daqui, faça o que achar melhor pra você! - colocou a mão em cima da minha - Eu não concordo, mas respeito a sua decisão e se precisar, pode contar comigo! - sorriu de canto 

Obrigada, Gabi. - falei baixinho olhando pra baixo 

Vou ir verificar outra paciente, se precisar tu me chama. - assenti e olhei pra ela, a mesma sorriu e saiu do quarto 

Grávida? 
Meu Deus quanta informação em tão pouco tempo. 

Menos de um ano. 

Amiga...-Maya se aproximou e eu olhei pra ela - Tá tudo bem? - pegou na minha mão - Amiga, filho é benção. - neguei 

Olha como eu estou vivendo, Maya? - olhei pra ela com os olhos cheios de lágrimas - Olha a minha vida, cara...porque agora? - me permitir chorar 

Amiga, Deus manda quando estamos precisando. - me abraçou de lado - Eu estou aqui pra te ajudar em tudo o que precisar, jamais vou largar a sua mão. - deu um beijo na lateral da minha cabeça 

Amiga, o que eu vou fazer? - olhei pra ela com as lágrimas escorrendo pelo rosto - Eu vivo trabalhando, porque eu não consigo ficar em casa, eu não estou comendo, me cuidando...eu to no pior momento da minha vida, eu vou matar essa criança...Maya. - solucei de chorar - Meu Deus! 

Ester, eu já disse que vou te ajudar em tudo, vamos cuidar do baby. - me abraçou de novo - Agora vai ser nós três

Deitei a cabeça no peito dela e coloquei pra fora tudo o que já estava guardado a muito tempo. 

O sentimento de medo e desespero se instalou no meu peito. 
Eu nunca me vi mãe! 

Na verdade eu não serviria pra isso, não cuido nem de mim. 

Ma...- olhei pra ela - Não conta nada pra ninguém, por favor! 

Só se você não fazer besteira. - suspirei - É sério, por favor? - segurou o meu rosto - Por nós? - assenti de leve 

Eu prometo, mas não quero que ninguém saiba por enquanto. - ela assentiu - Nem o Pedro e muito menos o Vitor. 

Tá bom, amiga! - deu um beijo na minha buchecha 

...

A porta se abriu, Pedro, Suzana e Vitor entraram. 
Maya que estava deitada comigo se levantou e se sentou na poltrona. 

Está melhor minha menina? - Suzana perguntou e se aproximou 

Estou sim, Suzana. - sorri de leve - Foi só um susto! 

O que aconteceu? O que a médica passou pra tu? - Pedro perguntou 

Nada de mais, apenas a menstruação mesmo. - ele cruzou os braços - Meu útero parece que descolou, não entendo muito...sei lá. - ri fraco 

útero descolou? - Pedro perguntou desconfiado - Como assim? Fez o que pra ele descolar? 

Eu não to fazendo nada, Pedro. - revirei os olhos - Coisa de mulher e tu não entenderia. 

Hum, sei. - fechou a cara 

O importante é que ela está melhor. - Vitor falou e sorriu 

Sorri de volta pra ele. 
Ficamos conversando, Pedro se encostou no canto do quarto e ficou apenas observando tudo. 

Coração bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora