Capítulo 50

3.4K 198 14
                                    

Uma semana depois...

Ester

Acordei assustada com o barulho alto dos aparelhos. 
Sai correndo para o corredor e comecei a gritas as enfermeiras. 

Elas vieram correndo e pediram para eu aguardar lá fora, sai e me sentei na cadeira, quase em frente ao quarto. 

Pedro não teve nenhuma melhor ainda, continua na mesma. 
Os médicos acreditam que ele não irá sobreviver. 

Mas eu não acredito que isso seja verdade, ele sempre foi muito forte e não vai ser isso que vai derrubar ele! 

O médico que fez a cirurgia veio aqui e perguntou se eu não queria desligar os aparelhos e deixar ele descansar. 

Óbvio que eu não aceitei! 

Não vou desistir dele fácil assim. 

A mãe dele voltou para o rio e está desolada, com medo de perder mais um filho. 
Ela veio visitar ele apenas uma vez, e depois disso disse que não aguenta ver ele assim. 

E eu entendo, acabou de perder um filho e recebe a noticia que o outro está entre a vida e a morte. 

Vitor e o McLaren estão caçando o cara. 
E eu já avisei que quem irá matar vai ser eu. 

Os enfermeiros saíram do quarto e em seguida a médica. 

Tudo bem, Doutora? - me levantei 

Ele acabou de ter outra parada cardíaca. - disse tirando as luvas - Ester, ele é um caso que não terá melhoras...eu sei o quanto é doloroso, a gente nunca quer acreditar que esse é o fim, mas o que você está fazendo é prolongar o sofrimento. - colocou a mão no meu ombro - Entenda que ele precisa descansar! - respirei fundo 

Doutora, estamos juntos a quatorze anos...sabe o que é isso? Uma vida...quase uma vida inteira. - tirei a mão dela do meu ombro -Tu não sabe nem um terço da nossa história, do que vivemos...não se baseie no que tu ouve por aí, pois o que passamos em casa é diferente! - ela assentiu de leve - Eu não vou desistir dele agora, porque eu sei que se fosse comigo, seria da mesma forma...eu não sou ninguém sem ele e ele não é ninguém sem mim! 

Eu entendo...a escolha é sua por enquanto! - falou e saiu andando 

Entrei no quarto e me sentei na poltrona ao lado da cama, olhando pra ele. 

Os dias estão cada vez mais difíceis, muita gente falando pra desistir. 
Nem eu e nem a mãe dele, vamos desistir! 

É um risco que a gente quer correr sim, não temos certeza de nada nessa vida, enquanto ele estiver respirando e mesmo que seja por aparelhos, Deus não chamou ele ainda! 

Não é fácil lidar com as opiniões alheias, os palpites, mas sigo firme e não saio do lado dele por nada nesse mundo.  

Até o pai dele pediu para desistir, mas como o Pedro é casado já, os pais não podem assinar nada, apenas eu. 

Sou grata por isso, se não ele teria assinado sem eu e nem a Suzana saber. 

A porta se abriu e o Vitin entrou. 
Cara de cansado. 

Bom dia. - falou e se sentou na beirada da cama - Fiquei sabendo agora que ele teve outra parada cardíaca. - disse sem expressar reação e eu assenti ainda olhando  para o Pedro - Seja sincera.- olhei pra ele - Tu tem fé que ele vai melhorar? 

Eu não acredito mais em nada desde quando aconteceu tudo isso. - suspirei com um aperto no coração - Não acredito que nossa vida esteja já escrita com tanto sofrimento, com tanta coisa ruim...Mas eu acredito nele, na força que ele tem...que ele irá melhorar por mim, por nós! 

Eu tenho fé nos meus guias...sempre me acompanham e me protegem. - assenti - Acredito que eles estão cuidando do Pedro...mas se realmente for a hora dele, tu sabe que não tem jeito né? - assenti mais uma vez 

Ficamos ali um tempo refletindo e olhando para o Pedro. 

Passa em casa, vai descansar um pouco. - neguei - Vai, Ester! 

Não vou sair do lado dele, Vitor! - falei séria 

Vai sim, faz uma semana que tu não descansa direito, uma semana que não toma uma banho digno, uma semana que tu não come direito. - revirei os olhos - Quer a melhora dele e a sua piora? - cruzou os braços e eu bufei - Eu vou ficar aqui até você voltar, eu prometo! 

Eu não quero ir em casa, Vitor...sem ele não! - meus olhos se encheram de lágrimas e ele se levantou, veio até a mim 

Então vai na minha tia. - neguei - Ela precisa de uma visita e tu precisa do conforto de casa, por favor. - estendeu a mão, eu segurei na mesma, ele me puxou para cima e me abraçou - Eu amo você de mais...ele já está ruim, não quero te ver mal também! - assenti ainda no abraço - Eu vou cuidar dele, volta amanhã. 

Vai cuidar mesmo? - sai do abraço e ele assentiu - Promete pra mim que não vai sair do lado dele? 

Prometo! - deu um beijo na minha testa - Agora vai. 

Olhei mais uma vez para o Pedro e sai do quarto. 
Sai do UPA e fui andando pelas ruas, vendo o quanto o dia estava lindo. 

Esse momento ele estaria subindo e descendo de moto, sem camisa e eu surtado com ele. 

Sinto falta até do estresse que ele me causava todo dia. 

Esse não pode ser o fim....

Percebi alguns olhares para mim, mas continuei andando. 
Cheguei em frente a casa da minha sogra e entrei. 

A mesma estava sentada no sofá, tomando café e assistindo televisão. 
Me olhou e sorriu. 

Oi minha menina. - se levantou e veio para me abraçar - Que saudades que eu estava de tu. - retribui o abraço - Como que está o nosso menino?- saiu do abraço e me olhou - Ele está bem? Reagiu? Teve alguma melhora? 

Nosso menino está na mesma, sogra. - fui até o sofá e me sentei - Nada ainda...- ela se sentou ao meu lado e segurou a minha mão - Se ele não reagir em um mês, esse será o fim. - olhei nos olhos dela - E esse não pode ser o fim...não quero acreditar que seja! 

Não é o fim, minha menina. - me abraçou de lado - Acredito que tudo tem um propósito, se ele está passando por tudo isso é porque tem algo a ser ensinado! 

Eu não quero aprender nada, sogra...só quero ele pra mim, ele aqui comigo! - deitei a minha cabeça no ombro dela

Não fala assim, tete. - disse baixo - É doloroso ver ele daquela forma...é tão doloroso que eu não fui mais, não quero ver o meu menino assim...mas ele ficará bem, Deus está cuidando de tudo. 

Ainda bem que tu acredita nisso, porque eu já perdi a fé! - levantei a cabeça 

Vai tomar um banho, tem almoço já. - se levantou - Tu toma uma banho bem tomada, come comida e depois dorme direito. 

Assenti me levantando. 

Coração bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora