Capítulo 74

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Fernandez 

Pô, irmão. - me sentei novamente na minha cadeira - Não me leva a mal não, mas é meu pessoal, minha família que está precisando de mim. - falei olhando para o McLaren 

Fernandez, a tua vida vai ser essa até tu morrer! - Abravanel falou - Tu se envolveu já sabendo, pô! 

Abravanel, deixa eu trocar um papo a sós com o Fernandez. - McLaren falou olhando pra ele - Anda, mete o pé! - falou sério e o mesmo saiu 

Pedi pra sair da facção, não da pra viver duas vidas agora. 

O que eu mais quero no momento é sossego com as minhas meninas. 

Papo reto, Fernandez. - falou assim que o Abravanel fechou a porta - Eu tenho vinte e três anos de facção e tu ta ligado que eu herdei esse cargo, nunca fiz porra nenhuma pra merecer, principalmente quando era pivete, mas mesmo assim meu pai confiou e me entregou essa responsabilidade. - assenti - Em todos esses anos, eu nunca fiz nada por ninguém assim...mas vou fazer pra tu, porque ei que tu é envolvido desde menorzinho e sempre fechou com nois, nunca deu problema nenhum e sempre lutou para ter os seus bagulho. - respirei aliviado - Mas tu sabe que não só depende de mim, vou passar o teu caso para o meu coroa e o que ele decretar é lei, demoro? 

Caralho, McLaren, de coração mermo. - sorri - Nunca pensei que tu faria algo assim por mim. - me levantei - Demoro, passa para o teu coroa e o que ele falar vai ser decreto! - ele se levantou e fez toque comigo 

Mas deixa esse bagulho entre nós. - assenti - Abravanel não vai ficar nada feliz se descobrir que eu tomei a frente e principalmente que eu passei a tua situação para o meu pai. 

To ligado, vou ficar de boca fechada, até o teu coroa me dar o aval. - ele assentiu e saiu da sala 

Já estava mais aliviado com essa possibilidade. 
Nunca conheci pessoalmente o pai dele, dizem que é casca grossa. 
Mas entrego tudo nas mãos de Deus, pois sei que o meu destino já está traçado. 

Olhei no relógio e vi que ia dar dez horas da manhã. 
Passei a madrugada aqui na boca marolando e de manhã eles apareceram. 

Já é de um tempo que quero trocar esse papo com o McLaren, mas com essa correria de filho eu estava sem tempo. 

Deixei minha pistola na gaveta e tranquei a mesma. 
Peguei meu celular e sai da sala, tranquei e fui saindo da boca. 

Fiz toque com geral e fui subindo a favela. 
Cumprimentei algumas pessoas. 

Logo cheguei em casa, abri o portão, tranquei e abri a porta. 

Ester estava sentada no sofá dando de mama para a Helena. 
Eu sou o oposto, gosto mais de Helena do que Jasmine, mas o nome é lindo, igual a minha princesa! 

Bom dia. - ela me olhou com cara de sono - Não dormiu? - ela negou

Hoje ela estava impossível, chorou a noite toda e eu não sabia o que era. - suspirou - Foi cansativo! 

Porque tu não me ligou? - continuei parado na porta, para ela não sentir o cheiro de cigarro 

Porque tu tava resolvendo os seus b.o. - falou na ironia 

Nada é mais importante do que vocês duas, Ester. Entenda isso! - ela apenas virou o rosto - Vou ir tomar um banho, porque estou com cheiro de maconha e cigarro. Já já eu pego ela. - fechei a porta e subi as escadas 

Entrei no quarto, fui direto para o banheiro, peguei uma toalha nova, tirei a roupa, liguei o chuveiro e entrei de baixo do mesmo. 

Tomei um banho bem demorado para tira todo aquele cheiro. 
Sai enrolado na toalha, fui até o guarda-roupa, peguei uma cueca e uma bermuda de futebol, vesti. 

Calcei meu chinelo e sai do quarto, desci as escadas. 
Vi a Ester dormindo sentada no sofá e a Helena no peito dela olhando tudo em volta. 

Oi linda de papai. - peguei ela e a Ester se assustou - Vai pra cama, eu cuido dela. - dei um beijo na testa da mesma 

Ela se levantou meio sonolenta e foi subindo as escadas. 

Papai ramelou hoje com vocês em filha. - falei olhando pra ela - Mas estou correndo atrás da nossa melhora, porque quero presenciar o seu crescimento e nessa vida que o papai leva, não será possível, muito perigoso. - falei e ela ficou me olhando atenciosa  

Me sentei no sofá e fiquei conversando com ela. 
Quando é bebe assim não tem graça, porque não tem muito o que fazer. 

...

Tu ficou a noite toda acordada e não vai dormir é? - falei balançando ela - Já ta na hora da sua soneca, minha pequena. - falei olhando no relógio 

Duas horas da tarde e nada dessa menina dormir. 
Hoje está impossível. 

Já chorou, já troquei fralda, tive que acordar a Ester para dar de mamar novamente e nada dela dormir. 

Disseram que menina era mais tranquilo, mas já está me dando trabalho. 
Troquei ela de roupa, peguei a fralda de rosto, a chupeta e sai pra rua. 

Aproveitar que está sol 
Comecei a andar com ela pela favela e um pessoal já ficou tudo de olho. 

Que todo o mal seja quebrado! 

Fui até a praça e vi alguns parceiros, inclusive o Vitin. 

Opa, papai. - Vitor disse e fez toque comigo - E essa princesa linda do dindo. - esticou para pegar ela e eu dei tapa na mão dele - Colfoi? Deixa eu pegar a menina! 

Claro que não, tua mão tá suja. Vai fazer a minha filha ficar doente. - ele bufou - E se afasta um pouco, não quero ela pegando doença nenhuma sua. - os caras deram risada

Pô, cara. Tu é muito chato, puta que pariu. - resmunguei imitando ele - Essa menina vai ser a intocável. 

Vai mesmo! - falei sério 

Fiquei mais um tempinho ali zoando com a cara do Vitor. 
Ester me ligou e eu voltei pra casa. 

Já estava desesperada achando que eu tinha sequestrado a menina. 
Ela é mais maluca do que eu!  


Coração bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora