Capítulo 37

4.1K 251 18
                                    

Duas semanas depois...

Fernandez 

Me sentei na cadeira e meu celular vibrou. 

Recebi uma mensagem de um número desconhecido "Está feito!"
Já tinha entendido do que se tratava, apenas visualizei e mandei mensagem para o Alemão fazer o depósito do dinheiro na conta. 

Respirei fundo sentindo uma dor no peito. 
Minha mãe voltou da viagem tem apenas cinco dias, ela ficou sabendo que ele foi preso. 

Reação dela foi "normal", até porque estamos nessa vida louca, é de se imaginar. 
Ela me pergunta todo dia dele, o que o advogado fala. 

Pra ser bem sincero, nem advogado eu contratei, de qualquer forma ele ia morrer. 

Ascendi um cigarro, peguei meu celular e sai da minha sala. 
Os caras estavam no plantão. 

Vitin, vou fazer um dez lá em casa, passa o olho aí. - ele assentiu arrumando a postura - Qualquer coisa tu chama no rádio. 

Subi na minha moto e dei partida.
Parei em frente a casa dela e desci da moto. 

Entrei em casa e ela estava assistindo televisão. 
Não vim pra passar informação nenhuma, apenas para quando a noticia chegar até ela, eu estar aqui 

...

Acordei com a minha mãe gritando, levantei rápido do sofá e fui até ela. 

Pedro...- se abaixou e deixou o celular cair- Pedro...o Ma...Maycon...o Maycon morreu. - falou com falta de ar - Meu Deus...mataram o meu flho. - gritou e eu me abaixei ao lado dela - Meu caçula...meu Deus, meu filho. 

Mãe...-abracei ela de lado 

Eu não tinha nem o que falar pra ela. 
A culpa e o arrependimento me consumiam. 

Mãe...se acalma. - dei um beijo no topo da cabeça dela - Respira fundo, mãe. 

Ela só chorava e gritava "não". 

Levantei e puxei ela para o sofá. 
A mesma deitou a cabeça no meu peito e soluçava e chorar. 

Vai ficar tudo bem, mãe...- acariciei o braço dela - Tudo vai ficar bem...- falei mais para mim do que pra ela 

Peguei meu celular e mandei uma mensagem pra Ester. 
"Precisamos de você" 

Ela visualizou em seguida e não respondeu. 

Continuei ali abraçada com a minha mãe, tentando acalmar. 
Algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto e eu entendi o quanto aquilo estava me doendo. 

Estava me sentindo fraco, vulnerável e o sentimento era de arrependimento. 

Pedro, tu vai descobrir, né? - ela olhou pra mim, ainda com a cabeça em meu peito - Vai descobrir quem matou ele? 

Na cadeia as coisas são complicadas, mãe. - suspirei ainda fazendo carinho nela - Não são como tu pensa...eu nem sei o que ele fez , por enquanto eu não posso fazer nada. 

Pedro, é teu irmão! - gritou e se afastou de mim - Tu tem que descobrir quem fez isso e vingar a morte dele! - se levantou do sofá e ficou andando de um lado para o outro - Já que tá nessa vida, faz alguma coisa que preste! - gritou novamente 

E tu acha que vingar a morte dele é fazer algo que preste? - me levantei - A caminhada não é bagunçada não, mãe! - ela bufou e parou na minha frente - Tu tem que entender que antes de matar, sequestrar ou torturar alguém, a autorização tem que vir de cima. Se ele errou com a facção, eu não vou poder fazer nada! 

Teu sangue, Pedro...tu deixou isso acontecer com o teu irmão caçula! - neguei com o coração apertado - Olha aonde chegamos...- se sentou de novo 

Quando a gente entra nessa vida...- ela me olhou com raiva - Estamos cientes do que pode acontecer...do que podemos deixar e como podemos deixar nossos familiares, a escolha é nossa e ele escolheu isso, assim como eu. - a porta se abriu e a Ester entrou 

Tete...- minha mãe voltou a chorar - Já está sabendo? - Ester sentou ao lado dela e abraçou a mesma 

O Pedro me mandou mensagem, sogra. - deu um beijo no topo da cabeça dela - Meus sentimentos... 

Eu fiquei olhando por alguns segundos aquela cena.
Peguei meu celular em cima do sofá e sai de casa. 

Mandei outra mensagem pra Ester. 
"Não aguento ver ela assim, por favor fica com ela" 

Subi na minha moto, dei partida e fui em direção ao alto do morro. 
Desci da moto e fui andando até chegar em umas pedras e me sentei. 

Peguei meu baseado no bolso e ascendi o mesmo. 
Se ele não fosse tão pilantra, não estaria fazendo a minha mãe passar por isso. 

...

Ester 

Fiquei ali no sofá abraçada com ela, até a mesma cair no sono. 
É doloroso ver ela passando por isso tudo, até porque vejo ela como uma mãe. 

Mas entre ele e o Pedro, melhor ele! 

Me levantei e ajeitei ela no sofá. 
Fui até o quarto, peguei um travesseiro e um cobertor, desci as escadas, cobri e arrumei o travesseiro. 

Mandei uma mensagem para o Pedro. 
"Ela dormiu." 

Me sentei no outro sofá e fiquei observando ela. 

As vezes na vida temos que tomar decisões que nunca passaram pela nossa cabeça antes. 
Deve estar doendo muito mais para o Pedro, perdeu um irmão e ele que teve que mandar matar, ainda ver a sua mãe nesse estado e não pode fazer nada. 

Isso vai tornando as pessoas frias e fazendo usar mais a razão do que a emoção. 

Pedro entrou, os olhos vermelhos e inchados. 
Em seguida Vitin e Maya entraram. 

Eles vão dormir aqui com ela hoje. - Pedro falou e eu assenti, me levantei - Dorme comigo hoje? - perguntou baixo assim que eu me aproximei dele 

Vamos dormir lá em casa. - ele assentiu e foi saindo - Qualquer coisa vocês me ligam. - olhai pra Maya e Vitin e eles assentiram 

Sai da casa da Suzana e vi que o Pedro já estava em cima da moto, subi e ele deu partida. 
Parou em frente a minha casa, acionei o portão e ele guardou a moto na garagem. 

Desci da moto e ele também, entramos em casa. 

Posso tomar banho? - perguntou subindo as escadas atrás de mim 

Claro que pode, que pergunta besta. - entrei no quarto e ele entrou em seguida - As toalhas estão no mesmo lugar, vou separar a sua roupa. - ele assentiu e entrou no banheiro 

Suspirei com uma dor no peito. 
Nunca fui muito fã do Morales, sempre vi maldade em tudo e em todas as palavras que saia daquela boca, e eu sempre avisei para o Pedro, me escutou? Claro que não! 

O que está me doendo mesmo é ver ele nesse estado e a mãe dele pior. 
Eu sei que o Pedro que mandou matar, mas ele está sentindo, ele não queria isso, mas infelizmente foi necessário! 

Escutei o choro dele e fui até a porta do banheiro, entrei. 
Ele me olhou e passou a mão no rosto. 

Pedro não gosta demonstrar ser vulnerável pra ninguém. 
Tirei as minhas roupas e entrei com ele de baixo do chuveiro. 

Abracei ele sem dizer nada, ficamos um bom tempo assim. 

Pedro...-falei baixinho - Não estamos mais juntos, mas eu to aqui se precisar! - olhei pra ele - Tu sabe que eu jamais vou usar nada disso contra você, só não esconde de mim o que está sentindo. - ele assentiu e colocou a testa na minha 

Eu te amo. - sussurrou e me deu um selinho 

Eu também te amo e por isso estou aqui. - acariciei o rosto dele 

Coração bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora