1. O saxofonista.

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[BUILD]

Era sexta feira, um dos dias mais difíceis para mim desde que eu tinha me tornado fixo no White Rabbit, um famoso pub no centro da cidade, era frequentando em sua maioria por celebridades e gente rica, era o dia em que eu mais recebia dinheiro, mas também era o dia em que eu tinha que exercer toda minha paciência para lidar com aquelas celebridades mimadas. Abri o guarda-roupa e não tinha muitas opções, eu tinha economizado bastante para conseguir comprar um saxofone novo. Não me arrependia em nada. Escolhi uma camisa de manga comprida e uma calça, ambas pretas. Peguei meu saxofone, coloquei na case e então fui para o carro para ir em direção ao bar.

[BIBLE]

- Eu só vou no bar, nada vai acontecer. Eu estava tentando convencer a minha produtora que iria ser um bom garoto dessa vez. – É sexta feira, eu gravei a semana toda.

- Você vai levar dois seguranças com você e vai para o White Rabbit. Eu ia contestar, mas a Sky já foi me interrompendo.

- Essas são minhas condições, você decide.

Eu não iria conseguir mais do que isso, não depois de tudo o que tinha acontecido no último mês.

Já no bar, tudo estava sob controle, eu estava bebendo com uns amigos, quando notei uma movimentação perto da entrada, alguns repórteres e fãs. Com toda aquela confusão acontecendo só podia ser uma coisa, o Mile tinha chegado. Ele era um ator da empresa concorrente e nesse momento estávamos tentando ganhar o prêmio de melhor ator do ano. Ele sempre fazia questão de uma grande entrada onde estivesse, eu tinha certeza de que ele mesmo vazava as informações, só para atrair o público e atenção. Ainda bem que os repórteres não podiam entrar no pub.

- Bible, estou impressionado que você conseguiu chegar aqui sem ninguém saber. Ele falou se aproximando da minha mesa.

- Diferente de você eu não preciso ficar rodeado de repórteres para continuar na mídia.

- Ah esqueci, seu jeito de ficar na mídia é com escândalos. Fiquei em pé num pulo e já ia para cima dele quando senti uma mão me puxar de volta para minha cadeira, era o Ta. Meu melhor amigo.

- Calm down man.

- Sempre um prazer conversar com você Bible, Ta se estiver procurando uma empresa maior e melhor só me procurar.

- Eu estou bem onde estou Mile, que tal você ir com seus amigos? Ta respondeu sem prolongar a conversa.

- Ele é um grande idiota. Ele tinha conseguido me deixar irritado.

- Ele faz isso pra te irritar. Ta estava tentando me acalmar.

- Vou lá fora tomar um ar. Falei me levantando e indo em direção ao lado aberto do pub, não tinha muita gente lá, apenas algumas pessoas fumando e acho que um músico que parecia estar preparando seu saxofone. Encostei na parede e fechei os olhos e fiquei ali sentimento a brisa fria da noite. Alguns minutos depois o ar foi tomado por uma fumaça de cigarro, quase como se eu mesmo estivesse fumando, ao abrir os olhos pude ver o Mile jogando a fumaça do seu cigarro no meu rosto.

- O que porra é essa? Você está louco? Falei o empurrando para longe de mim.

- Eu não vi que você aí.

- Você só pode estar brincando comigo. Falei o empurrando novamente, dessa vez com mais força. Dessa vez ele me empurrou de volta com bastante força me fazendo bater de costas na parede. Nesse momento eu fiquei cego pela raiva e com o punho fechado eu o acertei no rosto, como em resposta o amigo dele veio para cima de mim. Eu revidei e comecei a socar o homem, ele foi recuando. O Ta chegou junto e tudo se tornou uma confusão generalizada.

Não sei em que momento eu me desequilibrei e procurando apoio acabei me apoiando na corda que prendia o saxofone no músico e com isso o instrumento, eu e ele fomos parar no chão. Ele se levantou com rapidamente verificando o instrumento dele e não demorou muito para ele perceber que estava quebrado.

- Não, não. Ele ficava repetindo isso, tentando colocar as peças juntas novamente.

- Me desculpe, eu não tive a intenção. Falei pegando uma peça que tinha caído junto a mim para entregar a ele.

- Você não teve a intenção? O que merda é essa? O que eu faço agora? Ele falou me empurrando e ficando em pé. No momento eu em que me levantei vi que os repórteres estavam vindo e eu não podia ser pego em mais um escândalo, então peguei a mão do músico e sai procurando a saída dos fundos do pub, as ruas estavam escuras e pouco movimentadas, eu encontrei um beco e o puxei ele para ir comigo. Assim que paramos ele se desvencilhou da minha mão de forma abrupta.

- O que você pensa que está fazendo? Por que você trouxe me trouxe aqui? Ele estava vermelho.

- Eu precisava sair de lá, não podia deixar os repórteres me verem. Eu olhava para os lados tentando ver se alguém estava vindo.

- E o que eu tenho com isso? Você quebrou a porra do meu instrumento de trabalho. Ele jogou as uma peça em mim.

- É por isso? Eu posso comprar um novo para você. Eu falei segurando a peça que ele tinha me acertado.

- Com vocês é tudo assim né? Quebrou compra outro. Eu trabalhei muito para comprar esse e agora vou passar dias sem trabalhar. Porque um idiota resolveu se meter numa briga.

- Eu não sei o que você quer, eu já disse que vou comprar outro.

- Você vai comprar outro amanhã e vamos. Ele pegou minha mão me puxando para ir com ele.

- Ei, para onde você está me levando? Eu perguntei tentando o fazê-lo parar.

- Você acha que eu vou deixar você ir embora sem antes me pagar outro instrumento? Vai que você some e como eu fico? Ele continuou me puxando, nesse ponto eu só deixe ele me levar.

- Pode me dizer para onde estamos indo?

- Vamos para minha casa. Ele continuou me puxando de volta para a parte de trás do pub onde tinha um carro estacionado, ele fez um gesto com a mão me mandando entrar.

Entrei no carro e ele começou a dirigir até sua casa.  


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O SOM DO AMOR - BIBLEBUILD.Onde histórias criam vida. Descubra agora