07: Inspiração que vem de baixo.

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Jimin estava quebrando a cabeça com o trabalho que Bae Joohyun passara, sentado no gazebo, nos fundos da casa.

Felizmente poderia se concentrar exclusivamente na espiral, já que os outros professores estavam mais focados em trabalhar as introduções das aulas do que nas aplicações propriamente ditas. Ele estava grato por isso, afinal, os significados para a questão em pauta podiam ser muito amplos, ainda mais tendo em conta os diversos pontos de vista das pessoas. O episódio que levou ao tema da tese fora algo cômico, mas aquela era uma questão muito interessante. Afinal, o que de fato caracteriza um indivíduo passível de ser canalha?

Não poderia apresentar sinônimos e não ir muito além; queria ir o mais longe que fosse possível com o tema, afinal, acreditava firmemente que tudo no mundo podia ser explicado de maneira intrínseca e complexa, mesmo uma característica tão banal quanto aquela. Além disso, não sabia se pelo comportamento rígido e exigente da senhorita Bae ou por uma vontade inconsciente de reconhecimento, mas gostaria de causar uma boa primeira impressão.

Com o notebook aberto em sua frente, Jimin observou com atenção a majestosa árvore que se erguia com dignidade bem ao seu lado, os galhos quase alcançando sua janela de tão grande. Seu olhar desfocou e se prendeu no balançar lento dos galhos quando, de repente, a primeira palavra veio.

Mentiroso.

— Hey.

Jimin olhou para sua direita, visualizando Hoseok com uma mão na pilastra que erguia o gazebo e outra no bolso do casaco. Seu olhar parecia divertido, como de costume.

— Poxa vida, Hoseok! Eu estava prestes a mergulhar de cabeça num amontoado de questões filosóficas e existenciais, e de repente você surge? — disse com falsa irritação, embora houvesse sim certa chateação por ter sido interrompido. — Por que tinha que aparecer logo agora?

— Me compadeço com a sua solidão e é assim que você me agradece? — Cruzou os braços usando do mesmo tom. Hoseok havia passado boa parte da manhã em sua sala de dança, no andar de baixo da casa. Até onde sabia, esteve lá até então. — Estou tentando ser um hyung mais presente para você.

Ainda mais presente, você quis dizer. — Riu. — Agora moramos na mesma casa, se acalme. Estamos fadados à presença um do outro por tempo indeterminado.

Ele seguiu com os olhos os movimentos de Hoseok quando este saiu da entrada do gazebo e se aproximou, sentando na beirada da mureta. — Esse seu argumento não é muito válido. Muitas pessoas são distantes mesmo morando sob um mesmo teto.

— Algumas horas sozinho não irão me matar — brincou, fechando o notebook.

— E se você do nada tivesse uma combustão espontânea?

— Primeiramente, seria impossí–

Hoseok o interrompeu: — Se fosse possível.

— Bem, acho que se eu entrasse numa combustão espontânea, eu provavelmente morreria de qualquer forma já que você tem medo de fogo. Ou então nós dois morreríamos queimados juntos. Nunca se sabe.

— Isso soou só um porquinho mórbido. — Riu, mas estranhou a piada esquisita. Então seu olhar então recaiu sobre o notebook. — O que você estava escrevendo aí agorinha pouco?

Jimin riu, negando com a cabeça. — Você não acreditaria.

Hoseok levantou uma sobrancelha com um ar risonho.

— Pornografia? Por que não me chamou para vermos juntos?

Revirou os olhos.

— Nada disso, seu depravado.

PSYCHE • JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora