13: Nas profundezas da floresta.

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Castelo de areia desmoronado
Quem é o mentiroso?
Fogo dançante no fim do mundo
Você não está ouvindo? Minha voz te procura
Mais uma vez, sou deixado sozinho
Me salve
Can't You See Me? — TXT.

Enquanto tentava desesperadamente ligar para Yoongi, que havia sumido na madrugada sem deixar rastros, o medo congelante não parava de fluir pelas veias de Jimin, petrificando todos os seus sentidos. Estava tão apavorado que quase não sentia o próprio corpo — foi um milagre que estivesse conseguindo manter o telefone preso a orelha, já que ele tremia feito uma convulsão. Estava em pânico e mais uma vez estava sozinho. Não queria ficar sozinho. Sucumbiria assim.

A voz grave e distorcida de Morpho ainda reverbera por cada parede de sua mente mesmo após o fim da chamada, bem como o pavor cru nos olhos do menino Ryu que haviam cravado-se em sua consciência de maneira brutal. O pedido de socorro que aquele garoto mandou para ele através daqueles pequenos olhos foi emudecido, porém gritava e se debatia e lhe chamava de covarde também, perguntando porque diabos não havia vindo em seu encontro ainda. Mova-se!

Jimin tropeçou pelas escadas estreitas e disformes da pensão, ainda meio bêbado, e saiu para a rua, podendo ver o carro de Yoongi no estacionamento anexo e no mesmo lugar em que havia deixado mais cedo. Correu até lá e também procurou aos arredores apenas para se frustrar. Ele não estava em lugar algum.

Estava bastante parado e silencioso na madrugada daquele bairro de classe média, apenas uma música melosa tocando num bar qualquer ao longe. Toda aquela paz contrastava com o seu interior, que ameaçava explodir e espalhar seus pedaços naquele asfalto. O acinzentado abaixou no meio da rua e agarrou os próprios fios entre os dedos para puxá-los com força. A dor aguda que sentia não se comparava com o misto de sentimentos ruins que irradiavam de todos os seus poros, sufocando-o e fazendo-o tremer até os ossos.

Onde diabos Min Yoongi havia se metido justo agora que tinha a localização de Morpho? Se demorasse, o pobre garoto acabaria morto, e sabe-se lá o que aconteceria consigo se não fizesse as vontades daquele monstro. Poderia ligar para a polícia, mas algo lhe dizia para que não fizesse isso.

Enquanto corria de volta para o prédio, tentou ligar para o recém moreno de novo, sem sucesso. Então ele forçou parte de seu medo goela abaixo e pegou da cozinha a mesma faca que o detetive usara para cortar os legumes mais cedo, podendo sentir o japchae duvidoso que ele preparara para si querendo subir pela garganta.

Ao voltar para a sala, encontrou as chaves do carro dele jogadas na estante e pegou, apertando firmemente. Então ele saiu de novo. Dessa vez, não para descobrir o paradeiro do detetive, e sim decidido a ir de encontro ao seu carrasco. Completamente sozinho.

Não sabia o que faria quando chegasse lá, muito menos o que aconteceria consigo, mas algo dentro dele estava o empurrando até o encontro daquela figura. Era um sentimento e ao mesmo tempo não era, tal como uma força esotérica. Talvez quisesse salvar Ryu. Talvez quisesse provar algo para si mesmo.

Talvez, no fundo, ele apenas não passasse de um suicida nojento.

Tentando se manter calmo, Jimin entrou no carro que não era seu, respirou fundo o ar de uma vida que não gostaria que fosse sua e deu partida rumo a um destino que talvez ele estivesse estabelecendo para si mesmo ao decidir ir até lá.

O endereço ficava a quatro bairros de distância, ao norte de Incheon. O ponto final da localização estava marcado no meio de uma floresta densa, entre uma extensa plantação de milho e ladeada pelo que parecia um penhasco do outro lado. Ou seja, só havia um jeito de entrar e sair de lá: pela plantação.

PSYCHE • JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora