Third Reason: Caring

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Todas as quartas-feiras eram importantes para Luz Noceda porque aconteciam os jogos da Universidade de Nova York.

Luz tinha uma rotina muito específica. Nas noites de terça-feira, depois que o treino com o resto da equipe terminava, ela ficava em campo, se exercitando sozinha. Luz ficava praticando séries de pequenas corridas até que pudesse fazê-las sem pensar ou que fossem tão naturais quanto respirar. Somente quando ela já estava ofegante e encharcada de suor era que Luz voltava para o apartamento onde Vee já estava esperando a chegada da irmã com a comida pronta e um banho quente na banheira.

Ao sair do banho, Luz costumava se aconchegar com a irmã no sofá e as duas assistiam a um filme. Driblando o Destino era o filme perfeito antes dos grandes jogos e sempre seria um dos favoritos da capitã do time de futebol feminino da NYU. Luz estava determinada a se manter ainda mais focada do que o habitual, já que a partida do dia seguinte seria contra um dos times rivais cuja rivalidade vinha de anos.

Graças ao desempenho da capitã no ano anterior, o time da Universidade de Nova York havia vencido o campeonato estadual contra a equipe da Faculdade do Brooklyn. O jogo da manhã seguinte seria um amistoso entre as duas equipes, mas para quem estaria jogando, poderia muito bem ser a final do campeonato estadual. Vee pareceu ter sentido a determinação da irmã em se manter focada porque os comentários sobre o filme não vieram.

— O que foi, Vee? — Luz perguntou finalmente ao notar a inquietação da irmã mais nova.

— Nada. — Ela respondeu, encolhendo o corpo sob o olhar irritado que Luz lançou em sua direção. — Eu sei que você quer manter o foco antes do jogo de amanhã, por isso não quero atrapalhar o seu ritual de concentração.

Luz suspirou, desviando sua atenção da TV.

— Pare com isso, você está quase abrindo um buraco no sofá.

— Eu só queria saber se você teve notícias da Amity... — Vee deixou escapar após um momento de indecisão. — Quero dizer, você não falou muito sobre isso desde que chegou em casa no outro dia, toda encharcada e… eu só queria saber se estava tudo bem.

Luz havia recebido uma única mensagem de Amity desde o incidente do segundo motivo. Não havia nenhuma palavra, apenas um emoji de carinha de beijo que tinha sido enviada naquela manhã. Sem contexto ou acompanhamento, apenas um emoji.

Ela não respondeu.

Luz contou o que havia acontecido para Vee e recebeu um tapa no braço logo depois.

— Filha da puta! Por que você me bateu?

— Por que você não respondeu à mensagem da Amity?

— O que eu deveria responder? — Ela esfregou o braço no local onde recebeu o tapa.

— Qualquer coisa! Outro emoji ou algo assim.

— Eu não uso emojis. — Luz respondeu, fazendo Vee revirar os olhos.

— Você usa emojis comigo. — Ela fez uma pausa. — E com a Amity. Eu li as mensagens que vocês trocaram, Biscoitinho.

— Quando você fez isso? — A capitã arregalou os olhos. — E isso não tem nada a ver! Você me incomodou tanto enviando aqueles emojis a cada segundo que eu tive que concordar em usá-los.

— Você já deveria ter dado uma chance para a Amity. — A mudança repentina no rumo da conversa surpreendeu Luz.

— O que você quer dizer com isso?

— Quero dizer, ela está se esforçando muito para impressionar você.

Luz arqueou uma sobrancelha.

Ten Reasons [Lumity]Onde histórias criam vida. Descubra agora