𝐐𝐔𝐀𝐑𝐓𝐀, 𝟏𝟎 𝐃𝐄 𝐀𝐁𝐑𝐈𝐋

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Hoje foi o PIOR DIA DE TODOS. Só quero chorar, o que já estou fazendo, e devo ter cuidado para não molhar as páginas deste diário, mas já não me importo. Tudo o que mais importava, hoje se foi.

Era para ser um dia alegre, afinal, era meu aniversário, e o dia não dava dúvidas quanto a isso. Acordei bem cedinho, mas meus pais não estavam em casa. No entanto, deixaram um bilhete em cima da mesa da cozinha, e fiquei ainda mais feliz quando li a mensagem com a letra estilosa de mamãe.


 𝓕𝓮𝓵𝓲𝔃 𝓐𝓷𝓲𝓿𝓮𝓻𝓼𝓪́𝓻𝓲𝓸, 𝓯𝓲𝓵𝓱𝓪!    

          𝓕𝓸𝓶𝓸𝓼 𝓫𝓾𝓼𝓬𝓪𝓻 𝓸 𝓼𝓮𝓾 𝓹𝓻𝓮𝓼𝓮𝓷𝓽𝓮! 𝓣𝓮𝓶 𝓽𝓸𝓻𝓽𝓪 𝓭𝓮 𝓶𝓪𝓬̧𝓪̃-𝓪𝓵𝓪𝓭𝓪 𝓬𝓪𝓻𝓪𝓶𝓮𝓵𝓲𝔃𝓪𝓭𝓪 𝓷𝓸 𝓯𝓸𝓻𝓷𝓸, 𝓼𝓾𝓪 𝓯𝓪𝓿𝓸𝓻𝓲𝓽𝓪! 𝓢𝓸́ 𝓷𝓪̃𝓸 𝓬𝓸𝓶𝓮 𝓽𝓾𝓭𝓸 𝓹𝓪𝓻𝓪 𝓷𝓪̃𝓸 𝓭𝓪𝓻 𝓭𝓸𝓻 𝓭𝓮 𝓫𝓪𝓻𝓻𝓲𝓰𝓪, 𝓮𝓲𝓷!

ℬ𝑒𝒾𝒿𝑜𝓈, ℳ𝒶𝓂𝒶̃𝑒


Abri o forno (com luvas, claro) e fisguei minha amada torta. A receita é de família, e deliciosa! Pena que só fadas podem fazê-la, e eu, mesmo tendo poderes mágicos, não consigo. Essa é apenas mais uma das razões para eu desejar asas. Comi um pedaço, depois outro, e logo pensei, este é o último, mas estava tão delicioso, que acabei com a torta rapidamente. Desejei outra fornada, mas era a única, e na carta de mamãe não dava pistas de que poderia haver mais uma.

Após satisfazer o estômago, resolvi ler meu volume de fantasia, comprado ontem pela minha tia Jullia na Livraria de Florentia, localizada na Praça Central de Florentia, pois ela iria viajar para longe (não muito longe), na zona rural de Florentia. Esperei e esperei, porém, em mais de horas, meus pais não voltavam e comecei a me preocupar.

A loja de presentes, localizada na Praça Central de Florentia não é tão longe de casa, então pensei em procurá-los lá. Me agarrei a um pequeno fio de esperança: talvez meu presente fosse grande, ou uma festa surpresa! Ainda assim, o cansaço e a preocupação venceram, e saí para procurá-los.

A praça estava lotada, e percebi que o motivo era a barraca de doces da Senhora Dulce, uma velha amiga da família, uma das que mais lamentou a morte de vovó Amellia. As duas eram grandes amigas. 

Sempre me identifiquei muito com ela, a vovó era preciosa para nós. Andei até a barraca de doces, e corri para falar com ela, recebendo algumas reclamações de pessoas que achavam que eu estava furando fila. Não julgo, os doces da Senhora Dulce são mesmo muito bons, superando até mesmo os da vovó.

"Senhora Dulce, você viu minha mãe hoje?", perguntei, mas ela não a tinha visto. Questionei todos que estavam na fila da barraca de doces, recebendo algumas respostas mal-humoradas, mas sempre negativas. A Senhora Dulce até tentou me animar, estendendo um pirulito, que aceitei por educação. Como estava tarde e não havia nenhum sinal dos meus pais, voltei para casa. 

Em meu quarto, apertei o bilhete na mão e uma fatia de torta. Engoli garfada por garfada, esperando e esperando... Batidas leves na porta da frente me acordaram, tenho sono leve, e na maioria das vezes demoro para conseguir dormir. Limpei um pouco do glacê rosa na bochecha, organizei os cabelos e corri até a entrada da casa. No entanto, quem estava do outro lado não eram os meus pais.

As armaduras das guerreiras brilhavam, e tive a impressão de que algo não estava certo. A primeira se agachou para ficar da minha altura e colocou uma das mãos sobre o meu ombro. Me olhou com pesar.

As lágrimas escorreram pelo meu rosto, lambuzando minha bochecha de rosa, mas não me importei. Nada mais importava, eu só queria desaparecer. 

"Stena", a outra que havia estado distante até então se aproximou, estendendo um pedaço de madeira velha que reconheci de imediato. Agarrei a última lembrança que eu tenho dos meus pais, e corri para o meu quarto. As guerreiras não me seguiram, o que foi um alívio. Eu só precisava de um tempo sozinha. 

Me joguei na cama, abraçando tudo: O bilhete, o pedaço da carroça e um lindo avental que minha mãe havia feito para mim algum tempo atrás. Me senti injustiçada. Primeiro foi vovó, agora isso?!

Diário, eu só quero chorar, mas sei que não posso ficar mais aqui. Só mais uma noite, uma noite para assimilar tudo.



DIÁRIOS DE UMA RAINHA INABALÁVEL | Fanfic de O DIÁRIO DE UMA PRINCESA DESASTRADAOnde histórias criam vida. Descubra agora