𝐒𝐄𝐆𝐔𝐍𝐃𝐀, 𝟐𝟎 𝐃𝐄 𝐀𝐆𝐎𝐒𝐓𝐎

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Querido Diário,

A Rainha Edwina raramente demonstra emoção. Esse foi um dos dias raros em que isso ocorre. Poderia jurar que vi uma pequena lágrima em seu olho, antes que ela a enxugasse com um lenço.

A Senhora Dulce me abraçou e entregou uma vasilha fechada para o lanche, na qual estão algumas carambolas-amanteigadas, doces deliciosos em formato de estrela que derretem na boca. Você deveria provar algum dia, não iria se arrepender.

Após todas as despedidas, entrei no carro e o motorista pisou no acelerador. É um daqueles carros blindados, feitos para proteger a realeza sob quaisquer circunstâncias. Ainda que seja apenas para a proteção, há uma sensação esquisita em estar no veículo, sendo apenas a filha adotiva de uma confeiteira do castelo, a melhor de todas, mas é... estranho.

Não sou da realeza nem ninguém de importância, então, porque alguém sequer tentaria me proteger? Há alguns pontos positivos em não ser da realeza, e um deles é não ser importante o suficiente para ser um alvo. Agora temo pelo que poderá acontecer se as coisas continuarem dessa forma...

O carro subitamente parou, coloquei minha mochila pesada nas costas (a rainha havia insistido em que eu comprasse outra, mas eu recusei, afinal, a mochila está ótima, nunca nem foi usada) e caminhei em direção ao prédio amarelo de três andares, sem olhar para trás.

Ao me aproximar mais, percebi que o local era bonito, com algumas videiras se enroscando nos pilares de mármore sustentando o teto do saguão de entrada, onde estavam reunidos vários alunos com o mesmo uniforme azul padrão. As meninas de saias e sapatilhas com meias brancas, os meninos de calça preta e sapatos da mesma cor, com meias brancas também.

Grupinhos separados já haviam se formado, conversando e fofocando entre si. Eu estava nervosa, sempre estive quando perto de tantas pessoas assim. Talvez seja medo, insegurança, ou as duas coisas, mas nunca me senti tão deslocada na minha vida.

Pessoas da minha idade, algumas mais novas, outras um pouco mais velhas olharam para mim da mesma forma como eu me sentia, como se... se eu fosse um pássaro sem bando, sem ninguém em quem confiar. Me forcei a encarar de volta. 

Primeiros dias são esquisitos.

Então, de repente, todos ficaram eretos, ao ouvir passos, imitando, me posicionei em uma das fileiras impecáveis que haviam se formado em questão de segundos. Uma mulher alta entrou no palco, seus saltos altos tão finos que indaguei como ela sequer conseguia ficar de pé. Seus cabelos eram de um tom loiro acobreado, curtos na altura dos ombros, sua postura altiva, como se fosse a dona de tudo ali. Não me impressionei quando falou:

"Bom dia, e sejam bem-vindos à Escola de Magia, a melhor de Florentia, devo dizer." Seus lábios vermelhos se curvaram em um sorriso ao ouvir a multidão aplaudindo. "Sou Martha, diretora, e devo dizer que não tolerarei qualquer tipo de indisciplina, tanto para os do Ensino Médio, quanto para os do Ensino Fundamental. Todos devem seguir as regras sem hesitação, a menos que goste de longas conversas e atividades extras. Os que já estão aqui há alguns anos sabem como funciona, mas já digo logo que não terei tolerância quanto aos novatos se descumprirem alguma regra. Regras são feitas para serem cumpridas, e aqui todos serão tratados da mesma forma, sendo novatos, ou não." Ela olhava diretamente para mim ao terminar, mas não tive muito tempo para pensar, pois logo chegaram os professores, cada um se apresentando de uma forma.

Primeiro os do Ensino Fundamental, depois os que seriam nossos professores. Não consegui gravar o nome de todos, mas vou me acostumando. Após todos terem se apresentado, a diretora deu uma breve explicação sobre como seriam as nossas aulas, o que iríamos aprender, e falou um pouco sobre a fundação da escola, então fomos liberados para lanchar, já haviam se passado duas horas e meia, muito tempo mesmo.

DIÁRIOS DE UMA RAINHA INABALÁVEL | Fanfic de O DIÁRIO DE UMA PRINCESA DESASTRADAOnde histórias criam vida. Descubra agora