"Peço que confie em mim."
"Confie em mim."
Senti o olhar de Celestina me atravessar, como um adeus não dito. A tensão crescente no ar só aumentava, mas parecia que o tempo não passava.
Como se... estivéssemos... congelados.
Pietro me soltou.
Um pequeno anão de capuz verde repousava em sua mão direita, por um segundo quase pensei que fosse apenas uma estátua imóvel, mas então percebi: estava se mexendo.
"AAAAAAHHHHH!"
"Shh, vai assustar o pobre do Gariberto.", sua expressão era neutra, e vi que ali, não havia motivo para risada.
Ele realmente havia chamado aquele boneco de Garibalto, Garibento, seja lá o que for.
Pietro se adiantou para soltar Celestina das amarras. Levei alguns segundos para entender que apenas nós estávamos nos movendo, enquanto os pesquisadores pareciam... paralisados?
Gari-alguma coisa piscou um olho cor de ônix, o que quase me fez gritar novamente.
"Stena!", Celestina me deu um longo abraço assim que foi libertada. Mas seu olhar era pesaroso. Antes que eu dissesse alguma coisa ou perguntasse, Pietro nos arrastou para fora daquela caverna.
"Os gnomos-floridos não são capazes de segurar o tempo por mais do que alguns minutos. Depressa!" A curiosidade a respeito dos gnomos e desse poder impossível pairou sobre mim durante todo o trajeto.
"Ai!", massageei o nariz dolorido com as pontas dos dedos.
"Presta atenção.", disse Pietro. "Não temos como te ajudar se uma farpa cravar-se no seu narizinho, princesa."
Fiz um esforço danado para não retrucar.
"Olhem!", exclamou Celestina, assim que havíamos atravessado as Cachoeiras Iridescentes.
Um rebanho de unicórnios pastava às margens do rio, brilhantes e com cascos tão limpos que tive de ignorar as botas enlameadas nos meus pés. O que impressionou mesmo, marcava presença acima de suas testas de cores variadas, belos e únicos chifres de formas mais arredondadas, ora pontudinhas. Celestina deu apenas um passo na direção daquelas criaturas magníficas, e o solo escureceu.
As nuvens tomaram formas aterradoras, lançando-se pelo céu juntamente de relâmpagos e trovões ensurdecedores. Agarrei sua mão, bem a tempo de uma figura sombria lançar-se entre nós, jogando Celestina para longe.
"Você." Era ela a causadora de todos os infortúnios.
A chuva manchava minhas roupas e rosto, mas só serviu para redobrar minha atenção ao terreno. A vilã de cabelos negros ensopados, olhos penetrantes de uma cor indistinguível e marcada por queimaduras em parte do rosto.
"Minha mãe errou em escolher você."
"Quem é sua mãe, e o que quer de mim?"
Ela se aproximou. Os unicórnios haviam fugido. Até mesmo aquelas criaturas, tão divinas e celestiais, sentiam medo dela. Então porque eu não sentia o mesmo?
"O que quero? Meu lugar de direito." Ela abriu um sorrisinho cheio de dentes pontiagudos. Escutei a respiração de Pietro, cada vez mais entrecortada. "Quando você sair do meu caminho, serei a rainha de Florentia."
Recuei. "Minha mãe". Edwina.
"Quem. É. Você." Indaguei, exposta, sem ter como me defender caso ela decidisse tentar alguma coisa.
"A futura rainha de Florentia. Mas, entre amigos, Pandora." Seu vestido encharcado pareceu murchar. "Meus inimigos preferem Rainha Noturna."
Relampejou.
Pandora havia desaparecido.
Corri até Celestina, amparando-a nos meus braços. Eu estava chorando. Sangue escorria da cabeça dela, jorrando como uma fonte.
Pietro me ajudou a levá-la à um médico conhecido na fronteira leste da capital, o mais próximo que conseguimos chegar.
O especialista constatou que a lesão não era séria e a liberou após algumas horas, e tremo ao escrever isso (sim, a poção esgotou-se), sabendo que poderia ter perdido minha melhor amiga para sempre. Pietro não parecia muito abalado, mesmo após a sinistra aparição da... Rainha Noturna.
Ele se escondera atrás de um arbusto como o medroso que é, mas acho que até mesmo as árvores conseguiram escutar sua respiração amedrontada. Posso ter feito uma inimiga hoje, porém, ela não me matou, apesar de ter uma boa chance de conseguir.
Isso me deixa intrigada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DIÁRIOS DE UMA RAINHA INABALÁVEL | Fanfic de O DIÁRIO DE UMA PRINCESA DESASTRADA
Fiksi Penggemar𝕾𝖙𝖊𝖓𝖆 𝖊𝖗𝖆 𝖆𝖕𝖊𝖓𝖆𝖘 𝖚𝖒𝖆 𝖘𝖎𝖒𝖕𝖑𝖊𝖘 𝖈𝖆𝖒𝖕𝖔𝖓𝖊𝖘𝖆 𝖖𝖚𝖊 𝖓𝖚𝖓𝖈𝖆 𝖎𝖒𝖆𝖌𝖎𝖓𝖔𝖚 𝖚𝖒 𝖉𝖎𝖆 𝖘𝖊𝖗 𝖆𝖑𝖌𝖚𝖊́𝖒 𝖎𝖒𝖕𝖔𝖗𝖙𝖆𝖓𝖙𝖊. 𝕸𝖆𝖘 𝖔 𝖉𝖊𝖘𝖙𝖎𝖓𝖔 𝖙𝖊𝖒 𝖒𝖚𝖎𝖙𝖆𝖘 𝖗𝖊𝖛𝖎𝖗𝖆𝖛𝖔𝖑𝖙𝖆𝖘, 𝖊 𝖖𝖚𝖆𝖓𝖉𝖔...