𝐓𝐄𝐑𝐂̧𝐀, 𝟐𝟏 𝐃𝐄 𝐀𝐆𝐎𝐒𝐓𝐎

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Querido Diário,

Eu não contei nada do ocorrido ontem, para ninguém se preocupar. A Rainha Edwina estava em uma viagem de negócios importante, então fiquei com a Senhora Dulce, ajudando a preparar o café da manhã de amanhã. Contei apenas que o dia havia sido muito bom e sobre as aulas que tivemos. 

Hoje, acordei cedo e a Rainha Edwina ainda não tinha retornado, então a Senhora Dulce ficou comigo de novo. Ajudei com alguns bolos e tortas, a massa parecia familiar sobre a minha pele, mas diferente, como se nesse tempo em que eu parei de cozinhar, a comida sentisse saudade. 

Alguns minutos depois, a limosine da realeza chegou para me levar à escola. O caminho que tomamos foi diferente de ontem.

Pisquei, e já estava na frente do mesmo prédio amarelo, a cena me lembrou ontem. O saguão de entrada estava vazio, com apenas alguns alunos que haviam chegado antes de mim. Reconheci um rosto familiar na multidão.

"Oi." Eu disse, assustando a garota loira à minha frente.

"Você é a Stena, não é?" Ela perguntou "A garota que mora no castelo?"

Me encolhi com a menção.

"Sim... sou eu... como você sabe disso?"

Ela apenas deu de ombros.

"Tem algumas pessoas dizendo que viram você saindo de uma limosine com os símbolos reais, daí a conversa já alcançou a escola inteira. Está todo mundo falando disso agora."

Os outros alunos passavam por mim, cochichando enquanto ela me contava isso. Encolhi um pouco os ombros.

"Eu sou a Celestina, muito prazer." Ela mudou de assunto ao perceber meu desconforto "As pessoas daqui... acho que você já deve ter percebido que a maioria não é muito amigável."

Assenti, era verdade.

"Mas não se preocupe, eu estudo aqui há anos e sei como sobreviver à humilhações." Ela deu uma piscadela, tentando me animar "Apesar de ser um pouco difícil..."

 Uma pessoa atravessou a multidão.

"Oi." Ele disse, um pouco envergonhado.

"Oi." Eu respondi.

Sam passou a mão nos cabelos, sem saber o que dizer. Celestina quebrou o silêncio.

"Vocês... se conhecem?" A confusão estava estampada em seu rosto. Decidi esclarecer um pouco a sua mente.

"Sim, tem um tempinho."

"Bem, tenho que encontrar minha irmã agora. Vejo vocês depois" Ele disse, rapidamente sumindo de vista no saguão lotado.

Assim que ele foi, Celestina se virou para mim com um brilho desconfiado nos olhos verdes. O sinal tocou antes que ela pudesse dizer alguma coisa, e fui correndo para a aula, seguida por ela.

"Stena!" Ela finalmente me alcançou "Estamos na mesma aula."

Olhei para o pátio, e meus olhos pousaram na porta de ferro do Laboratório de Poções. Um aviso estava pregado na porta com um símbolo de radioatividade.

Cuidado, cidadãos de Florentia!

Abri a porta, e uma fumaça alaranjada começou a sair do local. Escutei alguns murmúrios surpresos, então Celestina apontou:

"Olhem!"

No centro do laboratório, atrás de uma mesa onde encontravam se diversos frascos com líquidos coloridos, além de tubos de teste e muitas outras coisas, estava um homem alto, não sei dizer ao certo. De um dos frascos, saía uma fumaça laranja que estava se espalhando lentamente pelo ambiente.

"Oh, alunos! Não achei que chegariam tão cedo!" Ele disse, se apressando para tampar o frasco e abrindo a porta para toda aquela fumaça sair "Entrem, entrem, ignorem a bagunça." 

Assim que todos se acomodaram em suas carteiras, o professor disse:

"Eu sou o Professor Adrik, e como vocês já sabem, leciono Poções." Reparei que ele usava um jaleco semelhante ao que recebi da escola após a matrícula "Hoje, como é o primeiro dia e vocês talvez não consigam fazer sozinhos, separarei a turma em duplas."

Ele pegou uma varinha da mesa e a balançou, soltando um pozinho mágico. Letras se formaram, e as duplas também. Meu nome estava no topo, e embaixo estavam muitos outros nomes. 

"Ficamos em dupla!" Celestina exclamou, ao ver seu nome junto do meu "Você vai ter que me ajudar, sabe muito bem que sou desastrada."

Sorri com a menção. O professor passou duas atividades, uma na qual teríamos que fazer uma poção que, ao entrar em contato com a pele, deveria deixar uma área do corpo vermelha, e na outra, o antídoto. 

Era um feitiço básico, na verdade. Consegui realizá-lo rapidamente, e Celestina fez o antídoto. Ganhamos a pontuação máxima, assim como muitos dos nossos colegas, que também pareciam ter achado o exercício fácil. Após a aula, uma garota de cabelos escuros e olhos castanhos esbarrou em mim, e nem mesmo pediu desculpa. Seu rosto era cheio de desenhos de flores azuis, como as de Florentia. Lembrei dela, de algum lugar que me falha na memória...

"Com licença" Ela disse, em um tom gelado. Seu sorriso foi igualmente sem expressão ao passar.

O que foi que eu fiz pra essa garota? A pergunta permaneceu na minha mente durante o resto do dia. Não sei, mas ela é bem estranha. Acho que ela está em um ano a menos do que eu, e ela e Sam não parecem se dar muito bem...



DIÁRIOS DE UMA RAINHA INABALÁVEL | Fanfic de O DIÁRIO DE UMA PRINCESA DESASTRADAOnde histórias criam vida. Descubra agora