Capítulo 46

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Thomas Lynch

Encaro o rosto de Amanda, seus olhos azuis me fitam com atenção, sentada do outro lado da mesa do restaurante. Essas foram as condições de Emma, me encontrar em um lugar público se caso eu não quisesse ver Amanda morta em alguma vala.

— Thomy – ela sussurra, me encarando com ternura após contar-lhe sobre Célia — Eu.. eu sinto muito que isso tenha acontecido dessa forma.

— Você sabia que esse era o plano dela?

— Não, Thomas, não! eu sabia que ela era... estranha demais com seus assuntos..

— Mas não me disse nada porque as coisas estavam ao seu favor – digo severo, vendo-a se encolher na cadeira e assentir.

— É, foi exatamente isso.

— Por que, Amanda? – a olho decepcionado — Eu tenho tanto carinho por você..

— Eu sei, Thomas. E acredite, eu também o vejo como um grande amigo para mim.

— Aquela história de me amar, era tudo um meio para o fim, não era?

Ela hesita, olhando ao redor do restaurante e engolindo a seco, com vergonha de si mesma.

— Mulheres como a sua mãe e eu não temos solução, Thomas.. eu sou idêntica à ela, e por mais que eu tenha mentido em muitas coisas, eu ainda o via como alguém importante para mim, do meu jeito errado, mas eu via.

— O que há com você? você é inteligente, Amanda, tem um ótimo emprego e pessoas que admiram a mulher que você é, eu sou uma dessas pessoas também.

— Não me dê sua admiração, eu não mereço isso – ela mexe em seu vestido impecável e suspira fraco, com seus lábios trêmulos — Você não entenderia, na verdade, eu acho que ninguém.

— Me diga o que está havendo com você, Amanda, eu quero te ajudar.

— Ninguém pode me salvar, Thomas – ela diz baixo, com seus olhos marejados e engole em seco, tomando um grande gole de água, recompondo sua postura de mulher forte e de gelo tão rápido que até me questiono se a vi abaixar sua guarda realmente.

— Alguém está incomodando você?

— Isso não importa, Lynch – ela diz, colocando o guardanapo na mesa — Eu te usei, e iria continuar te usando se Emma não tivesse me dito as coisas que disse quando fui vê-la.

— O que te fez desistir? você não me procurou depois disso.

— Eu te reconheço como um amigo, foi isso que mudou – ela diz francamente — Emma é o certo para você, não uma mulher baixa como eu que procura por status social e uma vida de aparências..

— Você não é só isso, Amanda – discordo, ríspido.

— É o que eu sempre fui, é o que eu aprendi a ser e agora todos me veem dessa forma sem saber a verdade, mas eu não ligo, eu sei me cuidar sozinha – ela põe sua máscara de gelo e se levanta, pegando sua bolsa e me olhando — Seja feliz, Thomy.

— Você.. você vai assim? Amanda! me diga o que há com você!

— Não posso, apenas.. fique de fora disso! – ela se vira, me deixando sozinho no restaurante antes mesmo de fazermos nossos pedidos, e eu a assisto sair em silêncio, realmente preocupado com ela.

Amanda não era uma mulher ruim.

Ela nunca foi.
Eu cansei de contar quantas vezes ela ficou do meu lado durante crises, acalentou minhas feridas e minhas carências e conversou comigo.

Ela podia ter meios de crescer na vida errado, mas isso não determinava a mulher que ela era, pelo menos para mim, não.

[...]

Todos no jantar aplaudiam ao anúncio de gravidez de Emily Martínez, esposa de Lucien, o cara assustador que matava pessoas por um preço caro.

As meninas vão até ela cumprimentá-la e choram com sua amiga, e eu encaro Ethan ao meu lado.

— Por que Liam não veio? – pergunto.

— Sei lá, ele está estranho há dias.

— Eu tenho algumas suspeitas – digo, e Ethan me olha de esguelha, interessado — E ela é brasileira e tem cabelos cacheados.

— Você acha mesmo que é isso? – ele pergunta, olhando para Merlia no meio das meninas e depois para mim — Liam é uma pedra de gelo.

— Mas ele ainda sente alguma coisa, e essa garota... Adriana Corrêa.. despertou algo nele.

— Por que acha isso? você parece ter certeza demais – ele bebe seu whisky, e eu suspiro antes de continuar falando.

— Ele muda muito quando está perto dela, fica mais.. rude. E isso só acontece quando ele está sentindo algo diferente, sabe disso.

— É cedo para dizer, vamos esperá-lo dizer alguma coisa.

Todos paramos quando Lucien passa pela porta da sala de jantar na mansão de Miguel, vestido em sua farda preta e a arma presa em seu coldre, ele parecia exausto, e tudo indicava que ele havia acabado de chegar de mais uma das suas missões.

Ele olha entre as pessoas, e Emily grita fogosa quando finalmente o vê e corre até ele, pulando em seus braços em empolgação por vê-lo novamente. Ele ri fogoso, a abraçando e cheirando seu cabelo, beijando seus lábios rapidamente, com o semblante tranquilo enquanto olhava para ela.

Ele havia acabado de chegar de sua missão
E a primeira pessoa que procurou foi Emily
Porque Emily era o seu lar, era por ela que ele voltava. E agora por seu filho.

Olho para Emma, que me encara com seus olhos brilhantes e meu coração acelera, o mundo ao meu redor parece tão pequeno diante dos seus olhos verdes que me prendem neles e me fazem sentir coisas em meu estômago.

Eu a odiava, mas hoje, eu não me vejo em mundo onde ela esteja. Emma Moser virou meu novo lar, e era por ela que eu sempre voltaria, era ela quem eu procurava no meio das pessoas e era sua risada que me fazia ganhar meu dia.

Ela finalmente era minha.
Seus sentimentos finalmente eram meus.
Seu coração me pertencia.

E ouso dizer que eu, Thomas Lynch, sempre pertenci à ela.

No momento em que a vi naquele restaurante, no momento em que meus olhos encontraram os seus, eu me apaixonei por eles, passei semanas pensando em Emma naquela época, nos seus olhos, na forma como ela havia agido comigo.

Que tolo eu fui em pensar que não a amava naquela época, quando meu coração já havia a escolhido assim que a vi pela primeira vez.

Eu sempre fui dela.
E finalmente eu estava nos braços dela.
Nos braços da mulher de olhos verdes intensos e sem nome.

Emma Moser era minha.

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Boa leitura! ❤

HERDEIROS #6 - Sex and Love Onde histórias criam vida. Descubra agora