Capítulo III: Descoberta

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A marola da revolução morre na praia do marasmo

E eu ainda espero a ressurreição

 

Eu ainda aguardo, aguardo a cada manhã

Pois sem a Justiça, com ela morta

Quem me protegerá nas noites mais frias?

 

Pois só a Justiça trará meu futuro

Sem que eu me renda às maçãs verdes

A Justiça não me trairá

E eu ainda espero a ressurreição

 

Porque a Justiça não pode morrer

E é nisso que irei acreditar

Pois ela mais uma vez se fará sentir

Abalará o mundo como nunca abalou

 

A Justiça ressuscitará

 

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Capítulo III

"Descoberta"

 

A bordo do ônibus urbano, sentada num dos bancos mais ao fundo, Justine, totalmente alheia aos demais passageiros – e estes, engolidos por suas rotinas, também não tinham motivo para deixar de ignorar a estudante – examinava com a visão e o tato cada centímetro do caderno que encontrara em circunstâncias tão incomuns. Não sabia explicar bem, mas era agradável estar com ele em suas mãos, tocá-lo, abri-lo, fechá-lo, tornar a abri-lo... Não demorou a descobrir, na contracapa, uma lista de supostas regras para o uso do artefato, redigidas também em inglês. Segundo elas, qualquer ser humano que tivesse o nome escrito naquelas páginas morreria, e havia uma série de nuances a respeito das condições para tal e possibilidades de maior precisão, como causa e descrição da morte. As instruções também associavam o caderno a um "deus da morte" que seria seu dono original. Mas, entre todas elas, a que mais despertou a atenção da jovem, deixando-a inclusive um tanto temerosa, foi a que estava exatamente na metade da lista:

O humano que usar este caderno não poderá ir nem para o Céu e nem para o Inferno.

 

Percebendo que estava se preocupando demais com um achado tão absurdo, Justine soltou uma risada involuntária. Aquilo não devia passar mesmo de uma brincadeira feita por alguém que possuía uma sede de justiça talvez tão grande quanto a sua, porém não sabia como saciá-la e inventava crendices como aquela. O caderno era bonito, só isso. Poderia até vir a utilizá-lo como diário ou agenda, já que andava mesmo precisando de um local para anotar coisas referentes aos estudos. Mas ele nunca seria mais que isso.

–         Próxima parada, Montparnasse! – o motorista avisou aos distraídos, entre eles Clare.

Era aonde desceria. A loira colocou o Death Note entre seus livros, que carregava embaixo de um dos braços, e levantou-se para sair do ônibus. Antes que o veículo parasse diante do ponto, porém, a universitária notou de relance um garotinho de gorro e pouca idade engatinhando pelo meio das pernas dos passageiros enquanto procurava algo embaixo dos assentos. Sua mãe apanhou-o no colo logo que notou o que fazia, não poupando uma reprimenda:

Death Note: RessurreiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora