A marola da revolução morre na praia do marasmo
E eu ainda espero a ressurreição
Eu ainda aguardo, aguardo a cada manhã
Pois sem a Justiça, com ela morta
Quem me protegerá nas noites mais frias?
Pois só a Justiça trará meu futuro
Sem que eu me renda às maçãs verdes
A Justiça não me trairá
E eu ainda espero a ressurreição
Porque a Justiça não pode morrer
E é nisso que irei acreditar
Pois ela mais uma vez se fará sentir
Abalará o mundo como nunca abalou
A Justiça ressuscitará
- x - x - x - x -
Capítulo IX
"Perda"
- Justine! Bonju, Justine! Aqui!
Paule, como sempre, acenava ansiosa enquanto chamava pela amiga. Esta se aproximou com o semblante fechado, mochila às costas e abraçando os demais livros junto ao peito. Assim que chegou perto da outra jovem, saudou-a de forma seca e um pouco ríspida:
- Bonju...
- Ah, eu estou preocupada! Prova do senhor Pasquale hoje! Você estudou?
- Estudei sim... Mas não há com o que se alarmar.
- Ai, ai...
Irritada com o comportamento desesperado de Delacroix, embora não demonstrasse isso diretamente, Clare acompanhou-a pelos corredores da universidade até a sala de aula. Ao entrarem, o professor já se encontrava de pé atrás de sua mesa, no entanto os outros alunos também acabavam de chegar e ele aguardava todos se acomodarem para poder dar início à avaliação. Justine e Paule se dirigiram até seus assentos de costume, sob os olhares de soslaio de alguns desafetos, e pouco depois a turma já estava presente e sentada em sua totalidade. Pasquale abriu sua bolsa, retirou dela uma pilha de papéis, pigarreou por um instante e então iniciou a explicação de como seria a prova:
- Alunos e alunas. Neste semestre, em nosso curso de Filosofia do Direito, estudamos tópicos de diversa ordem e debatemos os mais variados assuntos relativos ao programa proposto. No entanto, devido a recentes acontecimentos de âmbito internacional, dos quais todos aqui devem ter conhecimento, optei por um tema específico em nossa avaliação.
Coçou uma das bochechas antes de prosseguir:
- Focamos muito nossa atenção ao longo do curso no Direito durante a Revolução de 1789 aqui na França. Os homens que a idealizaram, buscando romper com tudo aquilo que provinha do Antigo Regime e que julgavam nocivo à sociedade que planejavam perpetuar, criaram até um novo método de pena de morte. Esboçada, entre outros, pelo doutor Joseph-Ignace Guillotin, ao qual a invenção deve seu nome, a guilhotina surgiu como meio de execução para condenados de qualquer classe social e objetivava tirar a vida sem causar dor, já que o golpe da lâmina sobre os pescoços das vítimas seria instantâneo e fulminante. No entanto, mesmo tendo sido criada para suavizar as sentenças de morte ao máximo, ela, durante o período da Revolução conhecido como "Terror", transformou-se em símbolo máximo da violência e paranóia do governo, quando as decapitações em massa de indivíduos acusados de serem inimigos do regime manchou para sempre a suposta humanidade da guilhotina. Mesmo assim, continuou sendo a única forma legal de execução na França até 1981, quando a pena de morte foi abolida no país.
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Death Note: Ressurreição
FanfictionTrês anos se passaram desde o encerramento do Caso Kira. Quando o mundo, em seu costumeiro marasmo, ainda debate e reflete sobre o período em que o poder de matar de um Shinigami foi concedido a um humano, novas mortes por parada cardíaca preocupam...