Capítulo VIII: Terror

653 54 62
                                    

A marola da revolução morre na praia do marasmo

E eu ainda espero a ressurreição

 

Eu ainda aguardo, aguardo a cada manhã

Pois sem a Justiça, com ela morta

Quem me protegerá nas noites mais frias?

 

Pois só a Justiça trará meu futuro

Sem que eu me renda às maçãs verdes

A Justiça não me trairá

E eu ainda espero a ressurreição

 

Porque a Justiça não pode morrer

E é nisso que irei acreditar

Pois ela mais uma vez se fará sentir

Abalará o mundo como nunca abalou

 

A Justiça ressuscitará

 

- - - - - - - -

Capítulo VIII

"Terror"

 

A tarde findava.

Justine empurrou devagar a porta do sobrado, adentrando mais uma vez o vestíbulo. Retirou o casaco, pendurou-o e já ia se dirigindo ansiosa até as escadas para subir ao quarto, quando se deparou com o avô François, que saía da sala de estar na direção da cozinha.

–         Oh, olá, chéri! – ele saudou-a um tanto surpreso.

–         Oi, vovô – Clare respondeu evasiva, desejando logo vencer os degraus para dar prosseguimento à sua nova meta de vida. – Como está?

–         Bem... Apenas um pouco entediado, e intrigado...

O senhor deu um bocejo e esticou os braços preguiçosamente para trás antes de continuar:

–         Diga-me... Por acaso comeu maçãs hoje no café da manhã?

A jovem estranhou a pergunta, seu rosto ganhando um quê de desconfiança. Por qual razão um fato corriqueiro desse tipo deixaria o avô intrigado? Curiosa por descobrir, ela replicou:

–         Não, apenas biscoitos junto com um copo de leite. É o que geralmente como antes de ir para a universidade. Por quê?

–         É que eu comprei ontem algumas maçãs para fazer uma torta, seria nossa sobremesa do jantar de hoje. Acontece que elas desapareceram como por mágica! Começo a imaginar se alguém teria entrado aqui e as roubado...

–         Pode até ser isso mesmo... Paris já não é mais a mesma...

Mais preocupada com os assuntos envolvendo o Death Note, Justine praticamente ignorou o que fora dito por François e começou a subir rumo ao andar de cima, sua mão esquerda tateando o corrimão de madeira com pressa, mas sem deixar de destoar da naturalidade. Era um cuidado para o qual a estudante tinha de estar sempre atenta. Não podia dar a ninguém pistas sobre qualquer mudança em seu cotidiano.

Por fim destrancou a porta do quarto e avançou para seu interior, o computador e a TV ainda estando ligados conforme os deixara quando partira para a Sorbonne. O primeiro aparelho tinha o monitor dominado por uma proteção de tela que retratava uma seqüência de fotos da Torre Eiffel, deixando claro que não era utilizado no momento. Já o segundo estava sintonizado no telejornal daquele horário, o mesmo, por sinal, que dias antes levara Clare a executar Eliah Bantu. Quanto a Masuku, encontrava-se sentado na cadeira de rodinhas de frente para o televisor, sem ter notado ainda a chegada da moça. E, em uma de suas mãos... havia uma vermelha e suculenta maçã, que devorava lentamente com os dentes vorazes, estes deixando profundas marcas em sua polpa amarelada conforme era consumida.

Death Note: RessurreiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora