Capítulo VI: Confiança

878 54 84
                                    

A marola da revolução morre na praia do marasmo

E eu ainda espero a ressurreição

Eu ainda aguardo, aguardo a cada manhã

Pois sem a Justiça, com ela morta

Quem me protegerá nas noites mais frias?

Pois só a Justiça trará meu futuro

Sem que eu me renda às maçãs verdes

A Justiça não me trairá

E eu ainda espero a ressurreição

Porque a Justiça não pode morrer

E é nisso que irei acreditar

Pois ela mais uma vez se fará sentir

Abalará o mundo como nunca abalou

A Justiça ressuscitará

- - - - - - - -

Capítulo VI

"Confiança"

Justine adentrou a sala de aula um pouco envergonhada, sendo que o professor já havia começado a ministrar a matéria, Direito Constitucional, há alguns minutos. Desculpou-se num discreto "pardon" e, após o docente assentir com a cabeça voltada para a lousa, a loira prosseguiu até seu lugar entre resmungos e risadinhas por parte dos colegas que a odiavam. Acomodou-se ao lado de Paule e apanhou rapidamente os livros para conseguir acompanhar a explicação.

Todavia, Clare sentiu que havia algo estranho. A amiga não olhava para frente, atenta à aula, como de costume, tendo naquele momento os olhos fixos na órfã. Esta fingiu ignorar tal fato no início, porém, conforme tentava ouvir o professor e fazer anotações em seu caderno, começou a se sentir extremamente incomodada. Era como se Paule a estivesse vigiando, atenta a qualquer ato suspeito. Será que Justine deixara escapar algum indício a respeito do Death Note? Não, era impossível. Não havia como ninguém mais saber.

Num dado instante, bufou e largou a caneta. Não podia mais agüentar aquilo. Virou-se para Delacroix com o máximo possível de naturalidade e perguntou:

- Algo errado, Paule?

- Justine... - a morena falou quase num suspiro vazio, semblante pensativo. - Você apóia Kira, não?

Quê? Por que isso agora?

Seu rosto fechou, seus lábios se retraíram, os dedos de sua mão direita tamborilaram um tanto nervosos a madeira da bancada, porém não podia fugir à indagação. A amiga provavelmente a fazia sem qualquer intuito de testá-la ou coisa parecida, mas a resposta que daria poderia denunciá-la ou não. Respirando fundo, procurou ser sincera. Só o fato de não mentir já daria uma grande contribuição para que eventuais suspeitas se afastassem de sua pessoa.

- Sim, eu apóio. E você sabe muito bem disso.

- É, lembro-me bem... Nós nos conhecemos apenas aqui na universidade, porém você me disse numa certa ocasião que não reprovava os atos de Kira no período em que ele agiu pela primeira vez.

- Minha opinião é que há a necessidade sim de Deus ter um representante direto na Terra para executar seus julgamentos. Só assim este mundo pode melhorar. E ele de fato melhorou enquanto Kira agia. Agora que ele retornou, espero que a criminalidade também volte a diminuir e os maus saibam que serão punidos caso se manifestem.

Death Note: RessurreiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora