Capítulo XIX: Fuga

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Crise no sistema democrático

Onde está a justiça?

Crise no sistema democrático

Onde está a justiça?

Assassinos à solta depois de julgados

Quem punirá seus crimes?

Assassinos à solta depois de julgados

Quem punirá seus crimes?

Hey, hey, francesinha

Seja o juiz, seja o Kira!

Hey, hey, francesinha

Seja o juiz, seja o Kira!

Porque em terra de justiça cega

Quem tem um caderno é rei!

Porque em terra de justiça cega

Quem tem um caderno é rei!

Hey, hey, francesinha

Seja o juiz, seja o Kira!

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Capítulo XIX

"Fuga"

Entardecer de sexta-feira.

Justine caminhava por uma das calçadas da rua de Montparnasse onde estava situada sua casa, preocupando-se em demonstrar através de seus passos o máximo possível de naturalidade. Em meio às suas coisas, dentro da mochila, trazia o Death Note de capa trocada, sempre pronto a ser utilizado caso a situação o exigisse, apesar de tudo já estar tão complicado para o lado da francesa. Errar, assim, continuava sendo inaceitável. Qualquer atitude tomada por Clare teria de ser bem analisada e ponderada antes de ser efetivamente executada. Ela não poderia comprometer-se ainda mais.

Logo chegou ao sobrado, atravessando a porta, cruzando a sala de estar e subindo as escadas. François, como sempre, encontrava-se imóvel em sua poltrona, e desta vez nem mesmo saudou a neta quando de seu regresso. Era fato que o idoso, nos últimos dias, encontrava-se imerso em forte letargia e parecia cada vez mais alheio a tudo e todos. Suspeitaria ele de algo? Justine acreditava que não, porém não duvidava do aguçado senso dedutivo do avô, capaz de perceber algo estranho com o mínimo de indícios. Ou então estava apenas ainda abalado pela repentina morte de Paule, tão rápida e tão próxima... Sim, talvez fosse somente isso, e Clare não teria mais uma razão para se preocupar.

A estudante concluiu a subida e adentrou seu quarto. Masuku mais uma vez recolhia dados de criminosos via TV e Internet, registrando-os no arquivo de texto no computador. Bastou que a jovem se aproximasse, sem dizer qualquer palavra, para que o Shinigami deixasse sua posição, cedendo a ela o assento. Nele se acomodando, Justine arrastou sua mochila alguns centímetros pelo chão, abriu-a e retirou dela o caderno da morte. Tinha trabalho a fazer. E já cumpria seu dever quase que maquinalmente.

Enquanto anotava nas páginas do instrumento punitivo os nomes dos meliantes e a forma como deveriam perecer, a garota teve certo lampejo quando seus olhos viram, no arquivo de texto, o registro de um terrorista político que assassinara membros de determinado partido num país do Leste Europeu. Deu-se conta de como seus julgamentos como Kira influenciavam o destino das nações e do mundo, e como seu poder era vasto. Poderia alterar o curso de revoluções ou golpes de Estado simplesmente anotando alguns nomes de indivíduos naquele caderno, como já fizera, por exemplo, em relação ao Mali e o ditador Eliah Bantu. De repente, para ela, soara ainda mais absurdo uma pessoa com tamanha capacidade de ação estar sendo encurralada por um grupo de simples detetives, e se sentir tão sufocada pela pressão que aparentemente o cerco deles exercia! Ela poderia sair de modo fácil daquela incômoda situação, e de variadas maneiras!

Death Note: RessurreiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora