Capítulo 5

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CAPÍTULO 5

O caminho foi cheio de avisos, ameaças e recomendações sobre como Nikko deveria agir dentro da empresa. Embora tenha passado 27 minutos escutando diversas frases de alerta, a ruiva reconheceu que apenas 3 delas realmente importavam, por isso ganharam um lugar na sua pequena lista mental.

1- Não falar com ninguém sobre o real motivo de estar ali, ou sobre os trabalhos que realizava.

2- Permanecer no escritório de Lucas o tempo todo sob sua supervisão.

3- Não tentar, sob nenhum motivo ou circunstância, fugir ou alertar alguém sobre seu atual estado.

Não é necessário ser muito inteligente para pensar que, mesmo estando apavorada e temente pela própria vida, a jovem ignoraria a terceira regra. Ela havia prometido a si mesma que tentaria escapar. Havia planejado sair de sua prisão e viver uma boa vida. Uma vida, longe do passado, dos tios tóxicos, da família Benson e principalmente dos olhos verdes que atormentam suas noites e dias como carrascos. E ela conseguiria. Ou, pelo menos, pensava que sim.

Durante o caminho para o escritório, a ruiva analisou cuidadosamente o local e as pessoas nele. Procurou discretamente por possíveis saídas e tentou bolar alguns planos de fuga que, mesmo que bem simples, não poderiam ser realizados naquele dia. Talvez em algumas poucas semanas. Ou não!

Não demorou muito para que os dois chegassem à sala de Lucas. Era grande, espaçosa. Parecida com o escritório dele na mansão. Era, apesar das janelas e luzes acesas, escuro. Não! Sombrio era uma palavra melhor. Não parecia que o lugar tinha um dono. Nenhum objeto ali retratava os pensamentos, as alegrias, a vida ou emoções do proprietário. Tudo era organizado demais, tudo parecia intocável como se fosse de um catálogo de revistas. Próxima à uma das janelas estava uma mesa grande de madeira escura e uma cadeira de couro preta de aparência extremamente confortável. Nas paredes opostas as duas grandes janelas tinham grandes prateleiras com muitos livros que Nikko duvidava que Lucas tinha lido por completo. No canto da sala havia uma mesa menor, ocupada apenas por um computador, um bloco de notas um lápis e uma caneta.

- Ali- apontou para a mesa pequena- é onde vai trabalhar. E Isso, é sua primeira tarefa. Tudo o que você tem que fazer está aqui. Tem até o final do dia.- concluiu me dando um arquivo fino.

Um pensamento abateu a mente da jovem naquele momento. E quando não houvesse mais tarefas? O homem sentado na mesa a sua frente não a deixaria ir quando ela não tivesse mais utilidade e, certamente, ela não seria útil para sempre. O que aconteceria com ela depois que realizasse a última tarefa. O que irá acontecer se ela não tiver tempo de escapar?

-Eu… eu.. não consigo fazer isso em um dia só. Talvez eu precise de três ou quatro. - proferiu de forma baixa e cautelosa, mentindo melhor forma que conseguia, ela certamente poderia fazer o que lhe foi mandado em poucas horas, mas ela precisava de tempo.

Depois de respirar fundo, sem tirar os olhos das planilhas que lia, respondeu com um tom certamente ameaçador.

- Não tente me enrolar pirralha. Te dou dois dias e nada mais.

Dois dias!

Não era o ideal, mas era melhor do que nada.

O trabalho era tão simples que Nikko considerava ridículo o quanto ela precisava enrolar para não concluir o serviço. A única coisa que ela precisava fazer era, discreta e secretamente, acessar dados contáveis e administrativos de outra empresa. Em menos de uma hora ela tinha todos os dados solicitados. Ela estava tentando entrar nas plantas do prédio onde estava quando seu Chefe retornou da hora almoço com uma embalagem nas mãos. Rapidamente a mais nova fechou as plantas e fingiu anotar dados sobre a outra empresa.

- Come! - ordenou jogando a embalagem de hambúrguer na mesa sem nenhuma delicadeza.

Benson logo voltou para sua mesa e se concentrou na papelada, enquanto Nikko comia e decidia que era melhor não se arriscar logo no primeiro dia. Ela poderia planejar melhor no dia seguinte. Ela conheceu parte do edifício quando chegou. Memorizou alguns rostos. No dia seguinte, ela iria ter ao menos um esboço de sua fuga. E talvez, no fim do mês ela estaria longe o suficiente desse caos e livre do seu passado.


Mas talvez o destino tenha outros planos.


“Medo é apenas uma forma de se proteger do mal. Ou talvez de si mesmo

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