Céu Azul • jkk + pjm

Capítulo 2: E de tal sentimento sem tato, eles criaram o ato...

#EuSouOCéu

As nuvens do céu - o céu do infinito eu de nenhum lugar.

Stefan Theodoru

Jeon Jungkook

Nunca entendi essa lógica de chamarem um quadro verde de negro. Algumas vezes me questionei se era por conta dos conteúdos que são postos ali e que, muitas vezes, são bem tenebrosos. Eu, ironicamente, nutro uma paixão secreta por quadros cheios de cálculos, onde você se perde no branco do giz e no pózinho que é solto. Às vezes não sei se gosto de estar em sala de aula porque adoro muito o meu curso, ou porque fico admirado com a obra de arte feita ali.

Tenho quase certeza que o professor Yoo acredita que eu sou um apreciador nato de suas aulas, mas eu curto muito a sua caligrafia e suas equações. Então, eu não fico soltando suspiros porque adoro entender sobre as Pontes de Königsberg, eu fico completamente supimpado com o quadro.

— Senhor Jeon?— Pisco meus olhos quando o dito cujo para ao meu lado.

O professor Yoo era um adulto que beirava os 45 anos. Eu adorava insultá-lo e fingir que ele existia desde a idade das trevas, porque o homem ficava muito ofendido com essa insinuação. Ele sempre andava como se estivesse preparado para uma festa de gala. Acredito que essa tenha sido a razão de Taehyung o adorar com uma devoção estranha, pois o professor esbanjava seu guarda-roupa de ternos do brechó do centro da cidade.

— Sim, professor?— Viro minha cabeça, estrategicamente focada no seu quadro, e encaro a sua sobrancelha arqueada.

— Muito interessado na aula?

Velho esperto.

— Sim e imaginando o porquê discutir sobre a possibilidade de passar pelas sete pontes da cidade apenas uma vez, sendo que não há solução.

— Euler conseguiu.

— Com a Teoria dos Grafos, mas o problema original não tem solução!— Ouço a risadinha habitual do meu professor, devido a minha incapacidade de aceitar a falta de solução de alguns problemas.

— Passe na minha mesa no final da aula, senhor Jeon.

Não se tornem amigos de seus professores.

Queria ter seguido essa dica no meu primeiro dia de aula nessa faculdade. Porém, eu era um garoto do interior que conseguiu acesso a melhor faculdade de física do país e que era admirador platônico do professor de astronomia, que gostava de bancar o matemático em alguns semestres.

No começo eu era um entusiasta de ter um professor tão próximo a mim, mas em algum ponto eu comecei a me incomodar com a credibilidade que ele me dava. Com a forma que ele parecia acreditar que eu seria brilhante.

— Vai mesmo negar a possibilidade de estágio no centro de pesquisa, Jungkook?— É a primeira coisa que ele me questiona quando me encosto na sua mesa e tenho acesso a sua visão.

Eu gostava muito desse lado.

— Ainda não compreendi a razão de tal indicação, professor.

— Talvez seja porque você é o meu melhor aluno?— Estralei meu pescoço ao ouvir aquilo.

A luz do sol entrou pela janela e eu, automaticamente, a segui, tomando espaço no amontoado de fileiras. Eu sabia que o céu deveria estar lindo e senti saudade do meu amigo. Queria poder vê-lo daqui, porque não me sentiria tão contra a parede. Eu iria olhá-lo e me sentiria em paz, mesmo que fosse seguido por uma dor crescente de pequenez ao olhar sua extensão.