#EuSouOCéu
Céu Azul
Eu acredito que nunca há um sinal óbvio que algo grandioso está prestes a acontecer em sua existência. Sinceramente, acho que a graça dessas coisas está no ato de não saber e ir pelo grande impulso. Nunca fui um céu que pensasse muito, já que não havia tanta coisa a ser perdida nas decisões. E também, eu nunca tive que decidir algo por mim. Se até minha cor para os humanos dependiam de sua sensibilidade, então não sobrava nada para estar 100% em minhas mãos.
Logo, se me perguntassem se eu havia pressentido que algo muito grande mudaria naquele espaço de tempo, eu teria minha resposta pronta:
"Não, claro que não. As flores de estrelas me insultaram logo que desci do meu posto. Se elas tivessem ficado caladas, eu teria suspeitado naquele instante!"
— Já aqui, Céu?— Parei minha caminhada, respirando fundo antes de me virar. Não é que eu detestasse as flores, porque eu tinha grande apreço por elas, mas naquele momento, quando meu corpo ainda doía pelo incidente passado, eu preferia o silêncio de cada uma.
— É, eu já terminei minha ronda e meu horário de descanso chegou.
— Você tem quantos desses horários, Céu?
— Até logo, pontinho brilhante!— Meus pés continuaram a caminhada, sentindo as diferentes temperaturas da estrada que eu seguia.
Antes de pegar o caminho para a biblioteca, eu deslizei pelo gelo da região norte, avistando um dos meus destinos preferidos. Pulando a cerca de rochas, eu aceno para o vermelhinho que corria em círculo com mais quatro de seus amigos. Eles me comprimentam de longe, falando algo que eu não compreendi e apenas respondi com um aceno. Quando estou perto do nosso lugar, começo a correr mais lentamente pela imitação de centeio que ela gostava de escolher, devido a uma história que Senhorita contou para os oitos.
— Céuzinho!— Sorrio quando ela consegue me vê, apesar da minha tentativa de chegar despercebido. — Achei que não chegaria nunca.
— Desculpa, Saturno, eu meio que tive contratempos!— Respondi. Me aconchego ao seu lado, sentado no chão e pronto para admirar sua paisagem terrestre favorita. — Senhorita irá contar histórias para vocês hoje?
— Sim, ela foi visitar os planetas anões e voltará para nos alinhar no sistema!— Sinto um pouco de inveja da moça, visto que ela tinha o privilégio de conviver com os pequenos que foram desalinhados e tiveram que ser esquecidos. — Ela sempre fica daquele jeito.
— Não tem como julgar, eu também não gostaria de ver um de vocês sendo esquecido!— Saturno suspira em resposta.
Saturno sempre foi considerado um dos planetas mais bonitos. Eu concordo, sua beleza é de tirar o fôlego. Mas nunca me encantei por ela por esse motivo. Quando Saturno assumia sua outra versão, ela era uma espécie de garotinha com os cabelos longos, que adorava paisagens e se encantava por toda a botânica da terra. Os seus fabulosos anéis se transformaram em dois arcos que enfeitavam seus dedos.
— Que dia vamos sair da sua admiração por campos de centeio?
Me deitei sobre seu desejo, imaginando como aquilo tudo poderia parecer real, mas ao mesmo tempo não deveria despertar o mínimo da sensação do que era realmente real. A mente de Saturno desejava aquilo e se projetava em sua frente, com a maior fidelidade que só ela conseguia detalhar. Porém, ainda não era real, mesmo que fosse muito parecido com o real. E isso me incomodava, porque parecer, não torna-o real. É só um desejo, é só uma vontade.
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Céu Azul • jkk + pjm
Fanfiction[ p r i m e i r a l i n h a] [ EM ANDAMENTO] O que era o amor? Eu não tinha tanta noção. Sempre me interessei por coisas difíceis, mas eu abominava qualquer traço desse sentimento que me apavorava. Fugia dele, como se este fosse a personificaçã...