Capítulo 6: A flecha da inveja que lhes mirou

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#EuSouOCéu

Jeon Jungkook

Não sei se Az sabe, mas ele cria uma ruguinha de expressão quando está concentrado. É como se ele colocasse toda a força do mundo naquela pequena região da testa e não há nada que retire aquela ruga. Ou ele termina sua concentração ou ela ficará ali por tempo indeterminado.

Noto isso enquanto ele está com os olhos vidrados na televisão. Ele não percebe, mas Tat está enrolado em seus pés, como se ali fosse a cama mais quente. Durante todo o filme, o único sutil movimento que a ruguinha fez foi uma alteração entre muito evidente a um não tão evidente.

De alguma forma aquilo é adorável. Merda, acabei de lembrar que falei que senti a falta da companhia dele. Porra, Jungkook.

— Burro.

— Ei, ele é apenas uma criança!— Jimin tira o foco total da televisão. A ruga sumiu. — Ele quer ficar com o cachorro.

— Não, eu não estou chamando o Russell de burro!— Respirei fundo quando sua sobrancelha se arqueou— Eu estou pensando em outra coisa. Desculpa-me.

— Enquanto, segundo você mesmo, seu filme favorito está passando?— A sua pergunta não tem nenhum tom de reprovação. Apesar de saber que se a nossa convivência continuasse, ele mudaria completamente essa forma. Eu apenas confirmei. — Isso não deveria ser o oposto?

— É, você tem razão!— Sorri para ele como resposta. Joguei minha cabeça para o lado, ficando mais próximo de si. Seus cabelos estavam completamente bagunçados, como se a escova do banheiro não fosse útil para arrumar seus fios. — Você sabe que existe a escova, certo?

— Sei que sim, eu escovo meus dentes com ela!— Reprimi a vontade de rir de sua resposta, já que ele se encontrava entretido no filme.

— Sim, mas existe também a de pentear os cabelos, Jimin!— Finalmente fisguei sua atenção. Seus olhos confusos me acharam e suas mãos foram até os fios.

— Eles estão feios?— Az começou a passar a mãos pelos cabelos, um tanto preocupado. Não achei que ele se importava com isso. — Eu não…

Ergo meu corpo com pressa e fico em sua frente, retirando suas mãos ágeis de seus fios. Sua respiração de surpresa bate de forma quente em meu rosto e a sua fala é cortada. As bochechas tomaram um tom vermelho, sutilmente coberto por suas sardas. Tenho vontade de sorrir, mas começo a me sentir nervoso ao notar nossa aproximação. E ao perceber que não quero me afastar. Não quero deixar de sentir sua mão contra a minha.

— Seus cabelos não estão feios. Você, de forma muito curiosa, combina com a baguncinha que faz!— Senti seus braços perderem a força e com a minha o ajudei a descer-los e descansá-los no tecido escuro do sofá. Ainda bem próximos. Ainda não querendo ir. — Só foi uma curiosidade.

— Os seus são sempre bem arrumados.

— Boa colocação!— Minha risada saiu um tanto fraca. Ela saiu nervosa, como se fosse difícil demais acreditar que eu estava supimpado.

E não sei identificar se era para o lado bom ou para o lado ruim.

— Eu posso…

— Por favor!

Não sei a razão da minha voz soar como uma súplica, mas eu me sentia eletrizado só com a ideia de sentir o toque de Az. As suas pequenas mãos, tão macias que me faziam questionar se elas já tocaram outras coisas. A forma como ele te toca, não de forma superficial, mas como se dissesse: “Esse é o toque. Acho que você nunca o sentiu de verdade!”.

Céu Azul  • jkk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora