Prólogo: 13° 43" 40'

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#EuSouOCéu

Sistema: Caeruleum

Coordenada: 13° 43" 40'.

Ano: ... É uma boa pergunta.

Devemos contar essa história de que maneira? "Pelo menos sabendo o ano em que ela se passa", deve ter sido sua resposta. Eu concordo plenamente. Completamente. Integralmente. Universalmente. E baboseiras a quatro que irei dizer, demonstrando a minha limitada lista de sinônimos. Deprimente, correto? Eu concordo fielmente. E não irei colocar mais sinônimos, pois daqui de cima é meramente complicado puxar uma sequência de palavras semelhantes.

"Você está enrolando", na verdade eu gostaria de dizer que tudo isso é obra de uma tentativa falha de puxar sua atenção, mas todos iriam concordar que eu sou péssima para manter o foco em mim. Época horrenda a que ninguém podia me encarar por muito tempo sem ficar com a visão nublada ou reclamar da temperatura alta. Eu também não gostava muito de ser uma estrela anã.

"Você está enrolando novamente!", eu notei isso agora, se minha colocação é útil. Mas, se serve de consolo, isso tudo é um grande reflexo dessa história que já estou prometendo contar a um bom tempo— ou apenas estou crendo na minha incapaz capacidade de vender meu dom inexistente. Mas, honestamente, você tem cara que acabará gostando do que irei dizer... Não?

Ok, irei me calar.

Afinal, quem não gostaria de ouvir a história de um Céu arteiro, que gostava de criar cenários na sua infinitude, e em uma de suas passeatas pela ilha da imaginação avistou um mero mortal a quem se encantou de todo coração? Eu disse que a minha bagunça era compreensível para se explicar. Claro que existem mais fatos e normas universais. Talvez uma profecia, uma história omitida e dois astros que desistiram de bilhar no espaço.

Mas vai saber, não é?

— Senhorita... — Sinto minha saia ser puxada e encaro aquela pequena aos meus pés com um brilho incomum. — Quando irá começar a contar a história?

— Pequena Saturno, os seus anéis estão tão encantadores!— A bajulei para passar a mão por sua áurea e recebi um sorriso incandescente— E estou indo. Os outros planetinhas já estão prontos?

— Marte como sempre está completamente esquentadinho, enquanto Vênus o chama de vermelhinho!— Segurei minha risada ao ouvir o relato e suspirei pelo longo vestido em meu corpo— Então creio que eles realmente estão prontos.

— Todos os 9?

— Todos os 8!— Reprimo minha vontade de revirar os olhos para aquela correção, pois naquele ambiente era proibido ressaltar aquele descaso.

— Brilhante!— Solto um sorriso morno e a acompanho até a elipse brilhante dos planetas.

Organizados em suas posições, os pequenos giravam em uma sintonia invejável na escuridão daquele vácuo. Caminhando até eles, sentindo o calor e frio de cada um, eu dei um leve cutucão em Saturno que seguiu até seu lugar. Eu paro em frente de meu ambiente, um pequeno observatório onde me fardei a viver até o fim de tudo. Passo meus dedos pela capa do livro, sentindo meu peito de nada querer se encher por encarar o relógio grafado.

— Por onde anda o Tempo, Senhorita?— Urano chamou minha atenção e recebeu uma encarada de Netuno— O que foi? Todos estão com saudade dele!

— Até a Senhorita!— Mercúrio deu voltas mais rápidas em si, aproveitando-se da sua posição privilegiada.

Eu optei por ignorar aquela conversa, me concentrando na história que estou prometendo dividir com cada um de vocês há algumas 18 estações. Sento-me em minha cadeira aveludada, se assemelhando a nuvens fofas, e suspiro antes de encarar todos aqueles pequenos planetinhas vidrados e ansiosos por aquilo. Eles são adoráveis. Cativantes. Deleitosos. Estimáveis.

— Senhorita, a história!— Ouço a voz baixa de Terra, pisco algumas vezes para retornar ao foco e confirmo lentamente.

— Vamos iniciá-la, mas antes... — Ouço a reclamação em conjunto de todos os oito e cruzo meus braços sobre meu peito— Vocês são astros totalmente ingratos.

— Só queremos ouvir a história, Senhorita!— Júpiter resmungou estressado e eu ergui minha sobrancelha.

— Ótimo, então não direi por onde anda o senhor Tempo!— Faço um leve bico fingido e viro meu rosto.

— Senhorita!— Ouço o protesto dos sete por omitir a informação do preferido.

Traidores. Traiçoeiros. Pérfidos.

— Eu ficaria contente se escondessem o favoritismo de vocês entre nós dois!— Fiz uma breve careta antes de passar a mão novamente pelo livro— Porém, ele está ocupado se certificando que a história que vou contar esteja acontecendo como o esperado!

— Oras, mas a história não está finalizada?— O estresse de Marte chega aos meus ouvidos.

Qual delas?— A questão fez o brilho de todos se intensificar em surpresa— A história que irei contar a todos não tem começo nem fim. Não há linha temporal ou estágio. Foi vagamente complicado nomear essa...

— E como a chamou?— Vênus perguntou curiosa.

— O princípio do não-princípio. O começo do interminável!— Abri a primeira página, encarando o rosto de ambos gravado com tanto carinho— É o ponto inicial do universo criado para o Céu Azul e as Estrelas ao redor da Lua. Dois violinistas e sete sentidos. Um planeta anão e um pequeno príncipe.

— Oh, então inicie logo!— Todos riram do grito de Netuno e eu me vi vencida, pegando o livro no colo.

"Acho que a maneira mais peculiar"...

— Senhorita, toda história que se preze há um começo admirável!— Saturno interrompeu e recebeu um consenso de todos.

Como amo esses doces planetinhas...

—Tudo bem, afinal quem sou eu contra oito bolinhas?— Tombei minha cabeça para o lado a fim de pensar em algo e soprei a franja rebelde que descia até meus olhos— Certo, acho que já tenho um começo digno!

Que não seja uma palavra feia, Senhorita.

Caralho, planetinhas.

— Ok, me dê alguns minutos a mais!

— Senhorita!

— Por mim mesma, vocês são terríveis— Ri daquilo e me dei por derrotada— Vamos apenas começar essa história!


Sistema: Caeruleum

Coordenada: 13° 43" 40'.

Ano: ... É uma boa pergunta.

Local: Céu e Terra.

• ✤ •

Olá, céuzinhos.

Estou toda sjfijdndnsd chamando vocês de céuzinhos e me segurando para não soltar um plutãozinhos. Eu estava morrendo de saudade de voltar para esse universo. É bom voltar para o lurgazinho de conforto e olha que eu ainda nem superei Plutão.

É um imenso prazer apresentar vocês a Primeira Linha, uma narrativa que está pegando espaço no meu coração . Se preparem para embarcar nessa nova descoberta, torço para que possamos juntar as quatros peças desse quebra-cabeça e formar nosso quadro.

Aos antigos leitores: é um prazer imenso tê-los de volta.

Aos novos leitores: espero que se sintam acolhidos!
E ah... não acreditem em nada sobre tristeza que os outros dirão. Céu Azul vai ser só felicidade!

Vejo vocês no próximo. 

Céu Azul  • jkk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora