Capítulo 4: Ligadas por uma fita vermelha que se disse só

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 #EuSouOCéu

Jeon Jungkook

— O que você acha que está fazendo, Jungkook?— É o que Hoseok me pergunta quando me empurra para a lavanderia, certificando-se que a porta fechada não faria os dois garotos ouvirem a conversa que aconteceria aqui.

— Sendo arrastado pelo meu melhor amigo dramático?— Resmunguei, uma vez que a responsável por essas ações caóticas deveria estar em casa neste exato momento.

— Admiro muito uma ação bondosa, de verdade!— Arqueei minha sobrancelha quando aquela início de conversa não parecia terminar em um elogio. — Mas vindo de você, não sei...

Espera aí.

— O que você quer dizer com isso?– Cruzei meus braços, tendo fazê-lo entender que o silêncio era a melhor opção. — Hoseok...

— Você não me intimida. Eu sei muito bem que você só dorme depois que assiste Up!— Abri e fechei várias vezes a minha boca, contrariado com o seu bom argumento. — Você é uma pessoa boa, mas é uma pessoa três vezes mais sossegada.

Isso é verdade.

— Então volto a perguntar: o que você acha que está fazendo?

Minhas sincera resposta? Não sei. Eu detesto dores de cabeça e amo repetir isso para quem se habilita a ouvir. Um estranho parado no nosso jardim é sinônimo de desastre e eu fui atrás disso. Eu trouxe isso. Com alguma razão muito boa? Não. Honestamente, não me considero uma pessoa tão empática. E mesmo quando sou, gosto de terceirizar a ação e não receber crédito algum.

— Não sei, o garoto estava perdido, Hoseok! Agora ele está com a camiseta, porque eu lhe ofereci, mas acredite, você teria feito o mesmo que eu!– Rebati, sabendo que os olhos afetuosos de Hoseok quando mirou o rapaz já refletia isso. Ele faria o mesmo, mas estava preocupado demais.

Hoseok sempre se preocupa demais. Lembro-me de que quando nós dois nos mudamos para cá— depois que nós unimos a nossa causa de interioranos-que-se-sentem-assustados-com-a-cidade-grande— e ele passou, pelo menos, alguns meses ansioso sobre a nossa convivência com Taehyung. No final, ele nem precisou de toda a energia gasta com aquilo, uma vez que no terceiro mês já havíamos virado um trio meio desajustado.

— Você pode ter razão nessa parte!— Hoseok encostou na pia, cruzando os braços e suspirando. Ele já tinha me dado o crédito e sabia disso. — O que iremos fazer com ele?

Tenho uma ideia muito louca, mas prefiro deixá-la sumir lentamente.

— Você é o responsável por todas as nossas decisões conscientes, Hobi.

— Bom, não acho bom tomar uma atitude agora, o pobrezinho deve ter passado por muito!— Hoseok resmungou, se colocando na ponta do pé para tentar enxergar o que acontecia na cozinha. — Vamos deixá-lo passar a noite aqui e amanhã levaremos ele até a delegacia.

— Concordo. Acho que o que ele menos precisa agora é de mais coisas que assustam ele!— Minha fala fez o magricelo à minha frente arquear a sobrancelha. É cada julgamento nessa residência que me pergunto se é a casa dos meus pais. — O que foi agora?

— De novo: o que você acha que está fazendo?

— A gente acabou de discutir isso.

— Você está genuinamente preocupado com esse rapaz, Jun!— A fala de Hoseok me fez piscar, parecendo me despertar sobre o que era óbvio.

Eu estava preocupado com um total desconhecido que tinha cabelos azuis e falava que seu nome era Céu Azul. Isso era o auge de uma potencial e alarmante crise de identidade.

Céu Azul  • jkk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora