Prólogo

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      No leste da Inglaterra, no dia 31 de dezembro de 2005, exatamente às 23:30, uma mulher dava à luz a sua filha. Susannah já havia experienciado a dor do parto duas vezes, mas dessa vez era diferente. Bruxos nasciam com a temperatura quente como a de um caldeirão, mas Isabel nasceu fria. Fria e com seus poucos cabelos castanhos-escuros.

      Zelda, a filha mais velha de Susannah, espiava pela fresta da porta. Ela tinha acabado de fazer seu irmãozinho dormir com o Chá Do Sono, ele só acordaria no outro dia, quando já tivesse acabado os gritos de sua mãe.

      — Por que o cabelo dela é dessa cor? — Zelda tomou coragem para perguntar, a voz e os olhos ingênuos, dignos de uma garota de 14 anos.

      Ela não podia estar ali, as ordens de Mirian — grande amiga de sua mãe — foram muito claras: nem Zelda, nem Júpiter poderão entrar, até segunda ordem.

      Mas a parteira estava tão concentrada que nem notou a garota à espreita, desrespeitando mais outra ordem.

      — O que está fazendo aqui, mocinha? — Mirian caminhou até a porta, segurou nos ombros da garota e tirou ela do quarto.

      — Desculpe... — abaixou a cabeça.

      — Vá ficar com seu irmão, está bem?

      A menina assentiu e correu para o outro quarto.

      Dessa vez, Mirian se certificou de trancar a porta, mas pouco tempo depois, pôde ouvir três batidas nela.

      — Zelda, já falei que você não pode entrar agora!

     — Não sou a Zelda. Será que posso entrar e ver minha filha? — a voz de Erick soou ansiosa do outro lado da porta.

      Mirian abriu.

      — Desculpe, eu pensei que fosse a Zelda.

      Ignorando a parteira, Erick foi até a cama onde sua filha e esposa estavam.

      — Oi, querido — Susannah esticou sua mão livre para pegar a mão do marido.

      — Oh, ela é linda — seus olhos azuis brilhavam. — Bem-vinda a familia, pequena Isabel. Você vai nos trazer muita sorte.

      A pequena, envolvida num pano amarelo, no colo da mãe, apenas encarava seu pai com os olhinhos arregalados e curiosos. Isabel não chorou em nenhum momento desde a hora em que nasceu.

      — Amor, precisamos começar o feitiço imediatamente — Susannah olhava para o marido.

      — É claro, eu vou agora mesmo pegar tudo que precisamos para começar — Erick saiu em passos apressados.

      — Nossa, ele está ansioso, hein! — comentou Mirian.

      — Ele não vê a hora de voltar para ilha. Também está ansioso para o casamento da Isabel.

      As duas riram.

      — A coitada acabou de nascer e o pai já está morrendo de ansiedade. Ainda vai demorar muito para voltar. E vai demorar mais ainda para que Isabel se case com Kadmus.

      — Eu é que não vou tirar a alegria dele lembrando desse detalhe.

      O ruivo entrava no quarto, trazendo consigo, caixas pretas de madeira com itens mágicos, pó dentro de frascos; ervas; um pentagrama feito de madeira; livros de magia; velas; pétalas secas; e um fio do próprio cabelo.

      — Vamos começar — disse a amiga do casal.

      — Ninguém jamais vai saber disso, até que chegue a hora certa — Susannah falou, olhando para os dois, como se quisesse convencer a si mesma de que ninguém iria descobrir seu segredo. — Nós iremos conseguir. Vai dar tudo certo.

      O barulho dos fogos anunciava o ano novo naquele mesmo momento.




















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