Capítulo 14

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     Abro os olhos, sentindo uma sensação estranha dentro de mim. Um gosto ruim se espalha em meus lábios quando os umedeço com a língua. Solto um gemido baixo de dor, minha cabeça latejando. Ergo a cabeça e me deparo com um ambiente frio e escuro. Meus olhos lutam para se ajustar à ausência de luz.

     Aos poucos, minha visão se adapta à escuridão, e começo a enxergar melhor. Olho ao redor e percebo que estou em um lugar cercado por paredes escuras e úmidas. À minha frente vejo grades enferrujadas, como uma prisão.

     Prisões existem no mundo das fadas, mas são destinadas a ladrões, assassinos, traidores, entre outras pessoas que cometem crimes horríveis e hediondos. Jamais pensei que acabaria em um lugar como esse.

     Pouco a pouco, as memórias do que aconteceu começam a retornar. Eu estava conversando com Gaia quando...

     Não. Ah não.

     Meus olhos se arregalam e um pânico intenso se apodera de mim. Tento me mover para me levantar, mas percebo que meus pulsos estão acorrentados atrás de mim, e meus tornozelos presos por correntes também. Não consigo me erguer.

     O medo começa a sufocar meus pensamentos.

     Minha respiração se torna pesada enquanto meus olhos examinam freneticamente o ambiente horrível, em busca de uma saída, qualquer coisa que possa me ajudar.

     — Mas que droga... — murmuro, as lágrimas ameaçando a caírem.

     Uma ideia arriscada surge em minha mente. Respiro fundo e me concentro em aquecer meus pulsos, na esperança de conseguir romper as correntes. Porém, ouço um som distante, como o ranger de uma porta e tilintar de chaves. Meus olhos procuram a origem do barulho.

     Uma sombra se aproxima das grades enferrujadas.

     — Quem está aí? Por que estou aqui? — Tento focar meus olhos para identificar a silhueta do homem alto diante de mim.

     Consigo ver seu rosto virar e sua mão direita fazer um gesto para uma possível pessoa que também está ali, mas não ao alcance da minha visão. Então, uma luz se acende, provavelmente uma tocha, iluminando o local e me permitindo ver a pessoa diante de mim.

     Lorde Akira.

     Estremeço, lutando contra o medo crescente. Tento esconder minha aflição, mas os tremores em meu corpo são inegáveis.

     — Você não precisa saber os motivos. Está aqui porque eu quis. — Um sorriso maldoso se forma em seus lábios quando ele vê o pavor em minha feição.

     Enquanto luto para controlar minha apreensão, consigo balançar a cabeça e esboçar um sorriso irônico.

     — Cometeu um grave erro me trazendo até... — olho ao redor — seja lá que lugar é esse.

     — Minha casa — responde ele sem nenhum mistério.

     Engulo seco.

     A Casa dos vampiros é o lugar mais afastado de tudo na ilha, muito, muito longe de qualquer outra localidade.

     — E o que pretende fazer comigo? Porque, caso não saiba, está mantendo uma futura Duquesa aprisionada.

     — Você se acha demais, não é, coisinha inútil e pequena? Eu também sou um futuro Duque, e não fico usando isso ao meu favor.

     — A Rainha Daellin vai...

     — A Rainha Daellin nunca vai saber disso — ele me interrompe, sobrepondo sua voz à minha. — Porque, se isso acontecer, ela descobrirá que você tentou me matar, e que por causa disso te trouxe pra cá.

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