A Ilha Invisível

Capítulo 28

     Depois de conversar com Lady Maia e a guarda Lilya, encontro Barry em um canto da festa e me aproximo dele com um sorriso.

     — Prefiro você de calças — ele diz, abrindo um sorriso.

     — Você é o único que não faz algum comentário positivo sobre meu look esta noite — brinco.

     — Não está ruim assim, mas quando você usa calças, fica tão imponente. Acho que combina mais com você.

     Sinto um calor reconfortante ao ouvir suas palavras. Lembro-me de que usar calças era uma das escolhas de moda que eu tinha quando vivia em Bedford, e a sensação de confiança que elas me proporcionavam era algo que eu valorizava profundamente.

     — Eu até prefiro usar calças, era o que eu mais usava na Inglaterra. Na minha Lua de Mel, quando for pra lá, será o que eu mais irei usar.

     — Na sua o quê?

     — Lua de Mel. É quando um casal se casa e passa um tempo juntos, geralmente em um lugar especial. Como vocês chamam aqui?

     — Nós chamamos de Encontro de Almas. Acredito que dessa forma faz mais sentido. Quando dois feéricos se casam, eles se tornam um só, e ao compartilhar momentos íntimos após o casamento, é como se estivessem compartilhando suas almas.

     — Isso é lindo, e realmente faz mais sentido.

     Ficamos um momento em silêncio. Meus olhos percorrem os convidados da festa. Muitos deles são estranhos para mim, rostos desconhecidos que agora fazem parte deste novo capítulo da minha vida. Observo Kadmus, que parece se dar bem com poucos presentes, especialmente Júpiter, ele não saiu de perto dele desde que chegou. Kadmus deve ser o único que adora as palhaçadas do meu irmão.

     Entretanto, meus olhos eventualmente encontram Akira, ele está sentado sozinho em uma mesa distante, com o cotovelo apoiado na mesa, e a cabeça apoiada na mão, enquanto brinca de passar o anel pelos dedos com uma maestria incrível. Sua expressão revela uma distância emocional, um desdém que ainda me deixa perplexa. Lembro-me da discussão que tivemos na madrugada anterior, quando ele viu meu vestido rasgado e manchado de tomate. Uma onda de incerteza e inquietação toma conta de mim, e eu me questiono sobre os motivos de seu comportamento.

     Desviando o olhar de Akira, volto a atenção para Barry, sentindo a necessidade de expressar minha gratidão.

     — Escuta, eu... Acho que não te agradeci por ter me protegido ontem.

     — Sabe que não tem que me agradecer, não sabe? Estou aqui para isso.

     — Aquilo foi mais do que uma atitude de um guarda; foi uma atitude de um amigo.

     Barry abaixa a cabeça e sorri envergonhado, seus olhos demonstram uma lealdade inabalável.

     — Eu teria arrancado a mão dela se você não tivesse me impedido. Ou talvez, as duas mãos, para que ela não pudesse enfaixar a mão com o Tecido de Cura. Sangraria até a morte.

     — Não sou muito fã de violência, mas você foi incrível. Foi tão rápido e preciso com a adaga que mal pude acompanhar.

     — Eu faria de novo. Mil vezes, incansavelmente. Não vou deixar ninguém te machucar, Bel. Você se tornou minha melhor amiga. Minha única amiga. Eu confiei a você o meu maior segredo, algo que, se qualquer outra pessoa deste lugar descobrisse, me denunciaria, e eu seria exilado ou algo pior.

     — Eu... eu gosto desse lugar, mas... acredito que não há um motivo grande para haver esse preconceito com a união entre criaturas diferentes. Ou há?