Capítulo 29

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     Ando pela floresta escura quando sinto que há alguém se aproximando. Meu coração congela dentro do peito e eu me pergunto se alguém me viu com Akira.

     Não consigo enxergar muito bem, então faço uma pequena chama surgir em minha mão para iluminar meu caminho. Assusto-me quando dou de cara com um par de olhos azuis me encarando na escuridão.

     — Porra, Barry! — digo, exasperada.

     Ele se aproxima de mim, sério e silencioso. Não parece nada contente, então deduzo que ele viu ou ouviu o que eu estava fazendo. Ele retira um lenço do bolso e limpa meus lábios.

     Franzo o cenho, olhando ele.

     — O que está fazendo? — indago.

     — Sua boca está sangrando — ele explica.

     — Sangrando? — Toco em meus lábios com a outra mão livre e vejo o sangue em meus dedos.

     — Será que você pode me explicar o porquê o Lorde Akira te beijou até fazer você sangrar? — Ele não se parece nada com o Barry que eu conheço, parece desconfiado agora.

     Ele para de limpar meus lábios e guarda o lenço de volta.

     — Ele é... um pouco bruto. Mas, se você estava me vigiando, deve ter ouvido o que eu disse a ele. Não vai acontecer de novo.

     — Eu não estou preocupado com o fato de que você traiu o Lorde Kadmus, ignorado o risco que você corre de perder o seu futuro cargo, e ter cometido um crime contra o suposto mandamento da Deusa. Quero saber por que um vampiro mordeu uma bruxa e não morreu envenenado.

     Arregalo os olhos, me lembrando desse detalhe. Akira não morreu quando tentei envenená-lo com meu sangue, e sabendo disso, não se importou em experimentar um pouco mais dele. Mas foi um salto no escuro, poderia ter dado errado dessa vez.

     E talvez eu quisesse que desse errado. Eu ainda o odeio.

     — Parece que meu sangue não afeta ele.

     A chama que conjurei ilumina sua expressão, revelando as preocupações que estão explícitas nos olhos dele, seu cenho franzido.

     — Como assim, "não afeta"?

     — Eu já tentei matá-lo envenenado com o meu sangue. Não sei por que, mas como você pode ver, ele não morreu.

     Seu olhar penetra no fundo dos meus olhos, e o silêncio parece se estender por uma eternidade.

     — Bel, ninguém pode saber disso, está me entendendo? — ele diz seriamente. — Nem mesmo os seus irmãos.

     Uma onda de desconfiança me percorre, mas também sinto a urgência em sua voz. Meus pensamentos giraram em confusão.

     — Mas por quê? O que isso significa?

     — Eu não sei. Mas isso fica entre nós, está bem? Pelo seu próprio bem. Todos já desconfiam de você o suficiente, se souberem disso podem desconfiar ainda mais.

     — Barry — repreendo ele —, há algo que você não está me contando.

     — Bel, eu na sei o que isso significa. Mas eu vou tentar descobrir, eu prometo que vou tentar.

     — Há algo de errado comigo, não é? — Engulo em seco. Uma sensação de insegurança cresce dentro de mim. Ser diferente é uma coisa, mas saber que há algo de errado comigo é uma pílula amarga de engolir.

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