A Ilha Invisível

Capítulo 25

     Após o almoço, Júpiter propôs que fôssemos para a mesa do jardim para conversarmos mais à vontade. Zelda concordou imediatamente, sua curiosidade claramente à flor da pele, ansiosa para descobrir qual é a suposta grande novidade que Júpiter mencionou.

     Ela pediu que Barry mantivesse uma distância considerável para que possamos conversar entre irmãos. O elfo, é claro, me olhou, esperando que a ordem viesse de mim, então eu assenti.

     — Qual é a droga da notícia? Tem que ser alguma bomba, porque da forma que Júpiter falou, fez parecer algo grande. Se não for, vou ficar irritada por ter ficado curiosa por nada.

     — É uma bomba gigantesca, minha cara irmã — ele diz, curvando um sorriso de canto.

     Apoio os cotovelos sobre a mesa, coloco as mãos no rosto e balanço a cabeça. Sinto minhas bochechas arderem de ansiedade.

     — Júpiter... que porcaria você viu no meu espelho? — pergunto, minha voz abafada pelas mãos.

     — Eu devo?

     — Fale de uma vez! Eu vou ter um ataque! — Zelda explode.

     — Pode falar, Júpiter — concedo.

     Não quero correr o risco de contar a eles sobre Akira sem ter certeza de que é disso que ele se refere. Mas pela expressão de Júpiter, estou quase certa de que é.

     — Bem... — Júpiter pigarreia. — Lorde Akira foi visitar nossa irmãzinha e...

     Meu coração esquenta e bate agitado dentro do peito. Sinto uma queimação por dentro e minhas bochechas ardem ainda mais. Era exatamente disso que ele estava falando.

     Droga.

     — O Lorde Akira entrou no seu quarto, Bel? — Zelda pergunta, sua voz misturando incredulidade e choque.

     — E não só isso — Júpiter continua.

     — Não só isso? — ela repete, frustrada. — Por que diabos você não me contou antes, seu idiota? — Ainda com as mãos cobrindo meu rosto, escuto o som de um soco.

     — Era o segredo da Bel, eu não ia contar pra você. E por falar nisso, acho melhor que ela termine de contar. Não quero e nem vou conseguir encontrar palavras para descrever o que eu vi.

     — Ele machucou você, Bel?

     Abaixo as mãos e me empertigo.

     — Não — respondo em um sussurro.

     — Isabel Misty Cavell, se você não me contar agora, juro que vou ter um ataque do coração!

     — Ele me tocou — revelo, saciando sua curiosidade.

     Os olhos de minha irmã se arregalam de um jeito que nunca vi antes.

     — Te tocou... — ela tenta formar uma frase. — Como te tocou?

     — Ele me tocou e... e eu gostei. — Abaixo a cabeça, incapaz de encarar sua expressão.

     Um silêncio constrangedor se instala à nossa volta, mas logo é quebrado.

     — Você enlouqueceu, foi? — sua voz surge com uma mistura de raiva e espanto.

     — Só para deixar claro — Júpiter intervém, e ambas voltamos nossa atenção para ele —, eu estava assistindo apenas para ter certeza de que você não estava correndo perigo. Quando percebi que... que vocês foram pra cama, eu parei de olhar porque notei que você estava... a vontade.