1. A toca do leão

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No dia seguinte Sakura não teve dificuldades para levantar, pois havia passado a noite em claro, não apenas finalizando o trabalho que Sasuke pediu, mas também refletindo sobre a merda que tinha feito. Ela tinha chegado à conclusão que nada do que dissesse poderia salvá-la, e que provavelmente tudo o que estava na internet poderia e com certeza iria ser usado contra ela.



O motivo do stress na vida da secretária era o caos em que se encontrava a empresa Uchiha S.A nos últimos tempos devido a uma crise financeira. Por isso no que diz respeito a patadas, estavam todos atirando para todos os lados, e mesmo ela que exercia apenas uma função menor não estava isenta de ter certos aborrecimentos de vez em quando. Inclusive o maior deles tinha acontecido no dia interior.


Logo quando chegou ao escritório Sakura percebeu que tinha um novo chefe, sem ser notificada, que o anterior, Uchiha Itachi, tinha desaparecido da noite pro dia, e talvez isso explicasse um pouco do desespero de todos correndo para lá e para cá. Para piorar o novo chefe Sasuke, que tinha a idade dela, parecia não saber o que estava fazendo, pedia milhares de coisas, reclamava o tempo todo, só dava ordens e pedia tarefas que não cabiam na função da secretária. Tudo isso contribuiu para o stress da noite anterior que provavelmente em algumas horas terminaria com uma visita de despedida ao RH.


Mesmo abalada com a situação, Sakura fez uma maquiagem impecável escondendo as olheiras e a expressão de cansada, se equilibrou de maneira digna em seu salto alto e vestiu a roupa de trabalho muito bem passada. Se estava disposta a cair era com dignidade e elegância, porque se não for pra brilhar ela nem saia de casa.


Logo quando chegou à empresa, não caminhou de cabeça baixa, ao contrário, manteve-a erguida e um olhar implacável. Entrou na sala de Sasuke, vulgo toca do leão, com toda a dignidade que ainda lhe restou e abriu a porta sem hesitação.


Quando o viu ele estava parado em frente a janela, de pé, e com o som da porta se fechando o rapaz voltou o olhar para ela e sinalizou que se sentasse. Ela se ajeitou na cadeira, cruzou as pernas, colocou as mãos no colo e direcionou toda a energia que a deixava apreensiva para os dedos, impedindo que ele pudesse perceber sua angústia. O som da cadeira dele se arrastando para se sentar rompeu o silêncio, quase como uma tortura, que se prolongou durante uns cinco minutos enquanto ambos se fitavam intensamente olho no olho. Aquele parecia um campo de guerra silencioso, ou talvez se Ino visse a situação e interpretasse com sua mente doentia e perversa, diria que eles estavam flertando loucamente.


Antes que Sasuke pudesse iniciar a conversa, ela se antecipou e entregou uma carta de demissão, pois preferia se demitir a ser despedida. Era quase como a lógica de rompimento de um namoro, terminar primeiro para não ser chutado, e na cabeça dela isso fazia muito sentido.


- Eu estou ciente do meu erro e não tenho argumentos para justificá-lo. - Mantendo a postura séria entregou o papel e aguardou as palavras de conclusão dele. Imaginava que poderia ser insultada de todas as formas, afinal já passara por lugares piores. Na verdade, a empresa Uchiha foi um dos primeiros lugares onde ela encontrou gentileza sem segundas intenções, e por isso a saída de Itachi a deixaou tão abalada. Depois de vários chefes assediadores e babacas, mais uma demissão na lista não faria diferença.


Sasuke leu o papel em silêncio, ele deu um breve riso como se estivesse lendo algo engraçado, e ela se perguntava o quão satisfeito ele estava com a situação. Será que ele fazia o tipo sádico? Nenhuma das alternativas foi o que ela esperava, ele simplesmente rasgou o papel e jogou no lixo.

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