ABRO OS OLHOS DEVAGAR, VENDO A LUZ ADENTRAR O QUARTO
onde estou e me trazendo de volta a realidade. De volta para o mundo real e não para o mundo dos sonhos.
Reparo no quarto onde estou e não o reconheço em princípio. Há uma sacolinha de doces no criado-mudo ao meu lado na cama de casal. Viro a cabeça brevemente e vejo que a televisão está ligada, passando as sugestões da Netflix, mas sem ter som, apenas imagens.
Logo as lembranças da noite de ontem me atingem com força.
Me lembro de estar no quarto do arrascaeta e de dormirmos na mesma cama. Com um muro de almofadas para nos dividir.
para nos dividir. Eu devia estar dormindo com a cabeça pra baixo, mas acabei pegando no sono enquanto assistia e dormi como estava.Mas o que me choca não é o fato de estar dormindo para cima. Isso é o de menos. O que me choca é como estou.
De alguma forma o muro de almofadas que nos dividia desapareceu e agora estamos dormindo juntos.
Literalmente.
Estou de lado e arrascaeta está atrás de mim. Me abraçando. Sinto sua mão apertando minha barriga e sua respiração pesada, provando que ainda está dormindo, em meu ombro. Outra coisa me cutuca por trás e não levo muito segundos para saber o que está roçando minha bunda.
Estamos dormindo de conchinha, puta que pariu
PUTA QUE PARIU!
Como isso aconteceu?
E como eu deixei isso acontecer?
Meu coração dispara em meu peito. Principalmente por essa ser a pior posição para uma pessoa comprometida estar e nos braços de outro que não seja seu namorado. Me sinto pior ainda por saber que o toque do arrasca em meu corpo e o modo como está me abraçando me deixa à vontade ao ponto de não querer me afastar.
Balanço a cabeça, afastando o pensamento sem noção e me mexo na cama apenas o suficiente para sentir a respiração do arrascaeta se alterar e saber que ele está acordando.
Ele leva longos segundos até entender como estamos e quem é a mulher que abraça.
Mas quando percebe, falta pular da cama. Não sei se pelo susto ou por reconhecer a grande merda que isso pode gerar.
- Puta merda! — ele bufa, se equilibrando no chão e me olhando com os olhos extremamente arregalados. — Q-que.....lu issa ! O que... que... Meu Deus.
Ele passa a mão pelo cabelo, se recuperando do susto. Principalmente por estarmos mesmo abraçados enquanto dormíamos. O que claramente não devia ter acontecido e muito menos causado um efeito tão positivo em nossos corpos.
- Me desculpa — ele diz por fim, voltando a me olhar e parar de gaguejar. — Não era pra eu te abraçar, eu... Meu Deus. Me desculpa mesmo. Sou um idiota.
- Calma. -peço, erguendo uma mão para tranquilizá-lo. - 'Tá tudo bem. Essas coisas podem acontecer quando duas pessoas dormem na mesma cama. - Tá de boa.
- É – ele concorda de imediato comigo. — É isso mesmo.
Arrascaeta leva uma mão ao peito enquanto regula sua respiração e provavelmente tenta acalmar seu coração tão acelerado quanto o meu pela situação. E é, então, que reparo com mais atenção nele.
Ai Jesus, eu não devia estar olhando com esses olhos para ele, mas... como e por que ele ficou tão atraente do nada?
- Eu tenho que voltar pro meu quarto-informo, organizando meus pensamentos e focando no que deve ser focado. Que claramente não envolve o corpo de arrascaeta