Uma Segunda Chance

4- 3 anos para perceber

Difícil não é pedir perdão, difícil é ser perdoado.

William Shakespeare

Aqueles olhos me encaravam

—Essa reunião acaba aqui

E assim ele partiu, dá para ver naquele olhar que ainda tem um grande ressentimento por mim no entanto ainda não me esqueceu, vou lutar com todas as minhas forças para tê-lo de volta.

Caminho indo atrás dele, sei para onde vai, aqueles corredores que tanto já andei continua os mesmos só mudaram a cor o que antes era branco agora é cinza gelo.

—Podemos conversar?

—Não tenho nada pra falar com você, saia da minha sala.

—Sairei, assim que me der um minuto

—Você chega aqui como se não tivesse passado três anos, como se não tivesse me abandonado e agora que eu estou bem você volta — falou exaltado.

— Me desculpa.

— Não me venha com suas desculpas

— Eu voltei porque estou arrependida, eu ainda te amo

— E levou exatos 3 anos para perceber isso?

— Ok entendi, tá com raiva de mim e compreendo isso, eu me odeio pelo que eu fiz.
pelo menos me deixa estar perto de você prometo que vou ser profissional.

— Não entendeu ainda— chegou bem perto do meu rosto,  oque me fez prender a respiração— Eu quero você longe de mim— Andou até a porta a abrindo— Sai da minha sala— soltei o ar que prendi.

— Pensa bem— pôsei minha mão em seu peito a mesma foi tirada bruscamente.

—Não me perdoou.

—Achou que ele te perdoaria fácil assim?

—Não, só achei que ele não demonstraria tanto desprezo
—Paramos no corredor— Ele vai querer quebrar o contrato, não quero que ele perca tanto dinheiro por minha causa

—Vou instigar a voltar atrás,não desista é apenas o começo.

—Não vou desistir, no entanto não quero prejudicá-lo.

—E não vai, ele vai mudar de ideia

—Vou indo, me ligue quando tiver notícias — ao sair dali peguei um táxi para o restaurante próximo.

— Sofia, é a Laura.

— Laura quanto tempo!

— Cheguei em Londres ontem

— É bom ouvir sua voz novamente

— Podemos nos encontrar?

— Claro, Pode ser agora se quiser! me diz aonde você está que eu vou até você.

— Naquele restaurante que fica perto da editora onde costumavamos nos encontrar.

—Em meia hora eu chego aí —

Aquele ditado que diz: "Quando uma mãe perde um filho todas as outras sentem" é verídico Sofia me compreende Apesar de eu ter feito o filho dela sofrer, ficou do meu lado em um momento tão delicado mesmo assim sinto que tem um pouco de ressentimento, quando fui embora ainda nos falavamos por vídeo chamada e ligaçães mas depois de um ano falavamos pouco até perder totalmente o contato .

O restaurante tinha mudado um pouco,  as mesas não eram mais retangulares e sim redondas as paredes que antes eram Azul céu agora são Terracota ou um tom bem parecido.

— Senhorita deseja fazer o pedido?

— Um suco de abacaxi com hortelã por favor —

20 minutos depois a Sofia chegou, me levantei para cumprimentá-la com um abraço apertado e demorado.

—Estava esperando há muito tempo por essa ligação, ficou linda de cabelo curto.

—Obrigada e você também está linda com seu cabelo curto— sorriu para mim— quando parei de te ligar achei que me ligaria— falei me sentando.

—Quando não recebi mais suas ligações percebi que precisava de um tempo só para você

—É assustador o quanto me conhece

—É como uma filha, tenho que conhecê-la. Por falar nisso encontrou o Caio?

—Sim, não tivemos uma conversa boa

—Ele esta ressentido, sofreu muito com sua partida e a perda da filha.

—Eu pedi desculpa, mas imaginava que não me perdoaria tão fácil assim, no entanto devo um pedido de desculpa a você também espero que me perdoe por ter abandonado os dois.

—Minha linda— pegou minha mão sobre a mesa— Eu nunca perdi um filho, eu só posso imaginar uma fração da dor que sentiu e reagimos de forma diferente e esse foi o seu jeito de tentar se curar— meus olhos ficaram marejados.

—Não é um assunto que gosto de conversar. Vamos fazer o pedido agora? estou com saudade da comida daqui.