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- 𝗖𝗔𝗣𝗜𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗡𝗢𝗩𝗘 -
amigos

KATRINA
Sou acordada com o som do canhão.Eu não havia planejado dormir tanto,mas após a projeção dos mortos no céu,eu simplesmente apaguei.

Tiro a mochila que eu estava fazendo de travesseiro e amarro minha jaqueta na cintura.Durante a noite a floresta havia esfriado um pouco,mas aparentemente quando amanheceu o calor retornou contudo.
Eu havia encontrado por acidente uma caverna.Eu estava simplesmente correndo do garoto do Distrito 1 quando acabei caindo em um buraco no chão,era a caverna que por sorte,não era tão profunda ao ponto de me machucar quando cai.
Em uma parte boa dela continha um pequeno lago,então decidi fazê-la de abrigo.Tinha um lugar escondido para me deitar e uma fonte de água.Era como um abrigo perfeito.

Eu havia marcado a localização da caverna mentalmente para me refugiar nela,mas agora eu tinha planos mais importantes do que passar o dia inteiro me escondendo:procurar meu irmão.

Coloco três facas no tecido que havia prendido na minha perna.Eu havia cortado uma parte da blusa da garota do Distrito 7 e amarrado em minha coxa para segurar a faca que havia pegado na Cornucópia.
Olho a pistola que havia tirado do garoto do Distrito 10,de 8 eu tinha apenas a metade da munição.
Coloco-a no bolso da minha calça e penso em como meu irmão deve estar se protegendo,provavelmente não havia duelado com ninguém,eu havia presenciado a maioria das mortes de ontem.

Não sou burra de pensar que o tiro de canhão que me acordou pertenceu a sua morte.Kristian apesar de ser um anjo de pessoa era extremamente bom de briga e sabia se cuidar sozinho.

Guardo as outras duas facas que restaram na mochila.Eu tinha o total de duas maças e um pacote de biscoito,ainda assim,não queria comê-los agora,era melhor deixar para um caso de extrema necessidade.
Caminho até a Cornucópia tentando fazer menos barulho possível,sei que os carreiristas devem ter ficado bem perto daqui,então vou olhando entre as árvores,não chegando muito perto do local.

Meu irmão estava no terceiro círculo a minha esquerda,então ele deve ter se virado e corrido para trás como a maioria dos outros tributos fez.
Consigo achar a possível direção de onde ele se encontra,porém não tenho muita confiança no que estou fazendo.Ele pode ter se desviado,indo para outra direção enquanto corria ou ter ido me procurar pelos outros lados da arena.

Escuto o barulho e fico totalmente em alerta.Paro de andar e olho para ver de onde vinha,era de algo que se mexia dentro do arbusto,ouço novamente o barulho do arbusto se mexendo.

Um coelho.Sai de dentro um coelho e eu sorrio para o animal,chego perto dele e ele ameaça a fugir,vou com mais calma dessa vez e o agarro.Ele se debate em meus braços enquanto o prendo com força,faço carinho tentando o acalmar.
Sempre amei animais e nunca quis mata-los.Lembro me de quando eu pescava com meu pai e o obrigava a solta-los de volta na água,papai fazia o que eu tinha pedido e então quando queria realmente mata-los,ia com meu irmão ao invés de mim.
Mas na época que o papai estava vivo nunca havia faltado alimento em casa,nunca havíamos presenciado o que era não saber o que iriamos comer no dia de amanhã.
Agora,neste exato momento,é a minha vida e a vida de meu irmão contra a do coelhinho que está em meus braços.Não posso deixa-lo partir.

Pego a faca que está em minha coxa,desejando mata-lo com a pistola afim de uma morte mais rápida,mas não posso,o barulho do tiro chamaria muita atenção e seria um tremendo desperdício de bala.
Enfio a faca em seu peito enquanto faço carinho nele.Acabo deixando um riso nasalado escapar ao perceber que tive mais piedade ao matar um coelho à matar duas pessoas na Cornucópia.

𝗥𝗢𝗦𝗘𝗠𝗔𝗥𝗬 - Jogos VorazesOnde histórias criam vida. Descubra agora