Prólogo

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- 𝗣𝗥𝗢́𝗟𝗢𝗚𝗢 -
noites conturbadas

KRISTIAN
O sol queimava minhas costas,tão quente como brasa,enquanto gotas de suor desciam pela minha pele e eu respirava pesado tentando aguentar.Eu já pensava estar sofrendo uma insolação.
Já estava à horas pescando no mar e sentia uma terrível dor de cabeça causada pela desidratação.
Tirei meus calcanhares da água e me levantei,passando meus braços para tirar o suor de minha testa e logo em seguida os olhando.É,eles definitivamente estavam começando a ficar vermelhos!

Mas eu precisava continuar,o dinheiro dos quadros que ainda tínhamos não iriam nos sustentar mais que uma semana.

— Talvez devesse tirar um tempinho para tomar água antes de desmaiar e afundar no mar ao encontro do papai.

Viro para trás me deparando com Katrina me olhando de braços cruzados e seu olhar sarcástico como de costume.Desde a morte do nosso pai — há 4 meses atrás — minha irmã gêmea vive constantemente fazendo piadas sobre.No começo eu ficava bravo com ela,mas depois pensei que talvez esse fosse o jeito que ela estivesse utilizando para superar o luto.

Eu venho de uma família que poderia ser considerada grande,temos cinco bocas para alimentar.Somos quatro irmãos e apesar de eu e Katrina sermos os únicos gêmeos da casa,todos nós parecemos o reflexo de um do outro.

Quinn era a mais velha e a mais responsável de nós,o que ela tem de amorosa,ela tem de mandona.Ela assumiu o comando da casa quando papai morreu e a doença da nossa mãe agravou.Nós constantemente reclamamos dela como se ela fosse um pé no saco,mas todos nós sabemos que ela é o pilar da nossa família,se ela desabar,todos desabamos.

Katrina é apenas 10 minutos mais velha do que eu,mas sempre fez questão de deixar claro que continua sendo a mais velha.Tão mandona quanto Quinn,mas acho que ela esqueceu de acrescentar a parte do amor em sua personalidade.Apesar de termos dividido tudo — incluindo o útero — desde que nascemos,ela é a irmã que sou mais próximo e ao mesmo tempo,a mais distante.Enquanto as outras são um livro aberto comigo,Katrina parece guardar a sete chaves tudo que diz a seu respeito.

Annalise é a mais jovem de todos nós,a caçula da família,e a mais doce também.Anna sempre fora uma menina alegre e curiosa,mas desde a morte de nosso pai ela tem mudado muito e eu não sei como ajudá-la.

— Porque está aqui no meu trabalho? — Perguntei pra menina que suspendeu as sobrancelhas e e deu seu sorriso de pirralha atentada.

— Você já esqueceu o quanto superprotetora Quinn ficou depois da morte do papai?Sério,estou quase comprando um teste de gravidez pra aquela garota,ela só é 2 anos mais velha do que eu e tá me tratando como se eu fosse uma criança de seis.

Reviro os olhos com a garota falando mal da nossa irmã mais velha.Katrina era muito desnecessária de vez em quando.Mas apesar de negar,tinha o coração muito bom.

— Quinn está fazendo o que pode para ajudar,Katrina. — Digo e ela também revira os olhos dando de ombros e me chamando com a mão.

— Eu também não queria que arranjasse briga com outro colega de trabalho.Vamos,se não você morrerá de insolação e eu não quero mais uma culpa pra carregar comigo.

— Ah,mas você terá que me aturar por muito tempo ainda. — Ri enquanto a garota abria um sorriso para mim.

— Pelo visto eu não tenho muita sorte na vida,não é? — Provoca.

— Mas o que seria de Katrina Rosemary sem mim?

Quando abrimos a porta da casa — que não ficava tão longe assim do meu trabalho — Quinn nos recebeu com um enorme abraço e seus olhos preocupados,enquanto Katrina me olhava com cara debochada como se falasse "Eu não disse?".

𝗥𝗢𝗦𝗘𝗠𝗔𝗥𝗬 - Jogos VorazesOnde histórias criam vida. Descubra agora