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- 𝗖𝗔𝗣𝗜𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗗𝗘𝗭 -
gasolina

KRISTIAN
Faria um dia que eu não havia comido nada e eu realmente havia acreditado que morreria antes mesmo de encontrar a minha irmã.Foi quando vi uma lata redonda vindo até mim com um paraquedas prateado.Uma dadiva.Questiono-me se estou alucinando e ergo a mão
Não penso duas vezes antes de pegar a lata e ver o bilhete do patrocinador.

"Aguente firme e a ajuda virá.

— F."

— Obrigada,Finnick. — Sussurro com a voz baixa e abro o pote notando ser uma sopa.

Eu cheirei para saber de que a sopa se tratava,no entanto,não consegui identificar nada.Dei um gole,sentindo o liquido amargo descendo pela minha garganta.

Fora eu e minha irmã,ainda havia 8 pessoas vivas.Penso que isso não é muito comparando com a enorme arena.Qual seria a probabilidade de eu trombar com algum deles?

Descanso mais um pouco e me levanto fazendo caminho pela mata.A nossa arena continha diversos lagos,então pensei na possibilidade de achar plantas comestíveis ao redor.Eu não tinha conhecimento sobre plantas,essa era a área da Katrina.

Ao pensar em Katrina,penso também em como ela está sobrevivendo.Ela havia conseguido sair da Cornucópia,deve ter pelo menos uma arma,o que é suficiente para caçar e se defender.Eu só torcia para que ela não entrasse em uma luta física.
Katrina era esperta e aprendia as coisas incrivelmente rápido,papai costuma dizer que ela era uma "autodidata",era ágil,mas ela não era forte.Por mais que a semelhança minha com ela fosse notável,Katrina era muito magra e baixa,eu sempre fui forte e alto para a minha idade,as pessoas costumavam pensar que eu era seu irmão mais velho e não o gêmeo.

Era estranho o quanto eu me via em Katrina.Nossa relação quase sempre foi muito esquisita,ver ela era como olhar para um espelho com minha versão feminina.Mesma aparência,mesmas manias e até alguns aspectos da personalidade.E mesmo com tudo isso,nunca conseguimos ser realmente próximos um do outro e isso se agravou ainda mais com a partida de nosso pai,ela parecia ter erguido um muro entre si e qualquer outro que tentasse aproximar.

Estranhamente,sinto que participar dos Jogos Vorazes nos uniu novamente,como se o apelo de perder um ao outro fosse o que precisássemos para notar que deveríamos aproveitar a companhia um do outro,sabendo que tinha a possibilidade de qualquer um de nós morrer em instantes.Eu não imagino minha vida sem Katrina,é como se ela fosse uma parte de quem eu sou.Se nascemos juntos,deveríamos morrer assim também,não é?

Colho algumas plantas que encontro nas rochas perto do rio.Não sei se isso irá me matar ou não,mas não tenho muita escolha.
Colho um pouco de amoras escuras que encontro numa planta e guardo-as no bolso da jaqueta que estava em minha cintura.
Pego a folha de uma árvore qualquer e mergulho na água do rio,fazendo uma concha e levando nos lábios.

Penso se eu não deveria procurar por Katrina.Mas não,sei que não era esse o plano dela.Ela iria querer que eu me escondesse até eu encontra-la novamente.Eu caminhar pela floresta só faria com que as chances de nos reencontrar abaixar.
Subo na mesma árvore que adormeci nos últimos dois dias e fico esperando que algo aconteça.

Não posso estar tão longe de outras pessoas,afinal,se eu tivesse,provavelmente os Idealizadores já teriam mandado algo que me obrigasse a me juntar com os outros.
Sei que alguém está por perto,seja Katrina ou não.

𝗥𝗢𝗦𝗘𝗠𝗔𝗥𝗬 - Jogos VorazesOnde histórias criam vida. Descubra agora