OITO

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Ruel

Saí da mansão dos Orlando's e estendi a mão para que um dos motoristas me entregasse a chave. O cara sorriu um pouco hesitante, mas jogou o pequeno chaveiro em minha direção. Eu estava irritado com a situação da Lore precisar do Ralph para algo. Eu o odiava tanto que minha pele doía. Ele era um homem horrível. Nunca o perdoarei pelas coisas que fez comigo no passado.

Destravei o veículo e abri a porta, entrando em seguida e enfiando a chave.

"Vincent!"

Lore chamou, mas ignorei. Eu queria sair daqui. Eu me sentia sufocado e traído pela mulher que eu mais amava, mas ela vindo atrás de mim com aquela voz perfeita me faria ficar. Girei o volante, dando a ré para fazer a volta e sair da mansão. Acelerei no intuito de partir sem demora, mas arregalei os olhos ao vê-la me minha frente.

Porra!

Fechei os olhos e cerrei os dentes. Ela me olhava desacreditada e preocupada. Sua expressão dura e irritada estava em mim. Desci meus olhos até sua jeans velha e surrada, assim como a regata também. As roupas foram as que estavam naquela casa velha de Madrid. Apertei a borracha do volante e buzinei. Lore permaneceu em pé e cruzou os braços, enfrentando-me.

— Saia do carro. — falou. — Precisamos conversar.

Buzinei outra vez.

— Se não sair, irei entrar no carro.

Olhei para trás e dei a ré novamente, girando o volante para sair pelo fundo da mansão, mas Lore correu e puxou a porta, e como viu que estava trancada, a mulher me olhou incrédula. Ela bateu o cotovelo na janela, fazendo o vidro quebrar.

— Porra! — reclamou enquanto abria e entrava.

Ela sentou no banco e suspirou.

— Lindo... — molhou os lábios. — Estamos cansados demais para uma briga, mas não quero ficar sem falar com você.

Lore virou e colocou a mão na minha coxa, alisando a pele por cima do pano da minha calça. Respirei fundo e neguei.

— Você sabe que não quero vê-lo, mas ainda assim precisa dele? — perguntei. — Para quê? Para que ele mate a Chloe?

— Vincent, não. — respondeu. — Eu odeio Ralph também. Odeio por tudo de ruim que ele fez com você. — continuou. — Mas, infelizmente, ele é o único que conseguirá tirar algo da Chloe.

Ri amargo e neguei outra vez.

— Eu não quero vê-lo, Lore.

— E nem precisa. — apontou. — Chloe será levada para casa dos Evans.

Encostei minhas costas no banco e bati no volante. Lore respirou fundo e me olhou.

— Preciso da sua permissão. — murmurou. — Não quero fazer algo sem a sua permissão. Você decide.

— Sabe que ele pode matá-la no final, certo? — apontei. — Ele é frio a ponto de não fazer o que você disser, Lore.

— Eu sei. — concordou. — Mas temos que tentar ou sofreremos outro ataque novamente. E, talvez, pior.

— Caralho...

— Pensaremos sobre isso amanhã. — comentou. — Hoje iremos apenas descansar, uh?

Sua mão subiu para o meu rosto, onde ela alisou minha bochecha e correu para o cabelo da minha nuca, puxando os fios fracamente. Molhei os lábios e olhei para ela. Seu olhar estava tão diferente do que era há anos atrás. Havia brilho, mas um totalmente distinto do qual foi tirado dela.

O RECOMEÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora