TRÊS

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Lore

Três anos atrás...

Hoje eu tive um sonho. Um sonho e não um pesadelo com Benjamin. Tudo estava diferente. O caos rondava a casa da minha mãe. Fogos cobriam o lugar inteiro, assim como a fumaça. Corpos estirados no chão, sem vida. Reconheci o de Carla por causa da parte do seu cabelo que ainda não havia sido queimada. Tudo estava destruído. Uma verdadeira bagunça, misturada com a quentura.

Meu peito doía em agonia e vingança. Enquanto eu estava lá, observando a mansão, sem conseguir sair do lugar, meu corpo tremia. Meus olhos secos, não conseguiam permitir que as lágrimas descessem. Era como se eu estivesse cansada de chorar ou de sentir tristeza. Apenas um sentimento absurdo de cansaço e raiva crescia. Eu queria fazê-los pagar.

E, quando respirei fundo, avistei uma silhueta masculina. Não muito alta, mas um tanto forte. Era como uma sombra no meio daquele fogo e paredes caindo. Estreitei os olhos, tentando reconhecer, mas não consegui. Era um homem, mas eu não conseguia ver seu rosto.

Quando despertei, minhas mãos estavam fechadas, apertando minha palma enquanto meu peito subia e descia. O suor escorria pelo meu pescoço e testa. Minha boca estava seca e minha garganta amarga. Ruel estava no banheiro, tomando seu banho como todas as manhãs. Fiz o mesmo assim que o loiro saiu. E depois desci para a sala de treinamento, pois queria esquecer a porra desse sonho ou visão.

Eu não sei o que era, mas foda-se!

Afastei minha mão do meu braço esquerdo quando senti a chama do isqueiro queimar minha pele. Lambi o sangue do canto do meu lábio e suspirei, fitando o homem alto e forte a alguns metros na minha frente. Seus olhos castanhos me observaram preocupado ao perceber que não fiz careta ou desgosto após ser queimada. Cassian havia visto que eu fiz porque queria me punir.

— Srta. Rodriguez?

— Estou bem. — fechei os olhos. — Vamos mais uma vez, Cas.

— Você não está cansada? — perguntou, preocupado. — Ainda não concordo em exagerar com você. Você é minha chefe, Lore.

— Eu que pedi para não pegar leve comigo. — suspirei. — Apenas faça isso.

Quando entrei, me deparei com Cassian. Ele é um dos homens que trabalhavam aqui. Começamos atirando nos alvos em forma de pessoas, mas eu queria mais, então lutamos. Cas parecia receoso e atacava com cautela, mas pedi para não se segurar. Fazer o mesmo que Ruel e Thomas fazia comigo. Porém, Cassian foi além. Meu rosto estava avermelhado e boca sangrando. Meus músculos doíam. No entanto, para mim, nada disso importava.

Eu queria sentir algo.

— Outra vez. — levantei da cadeira.

Respirei fundo e me posicionei. Cassian cerrou os dentes e colocou os braços no rosto. Ele andou até a mim e me atacou, levando seu punho fechado para o lado direito. Desviei e chutei sua barriga, fazendo-o o homem agarrar minha perna e me puxar para perto. Ele me virou e me sufocou com seus braços fortes. Apertei os olhos enquanto o sangue parava de bombear. Bati o cotovelo na sua costela. Cas grunhiu, mas continuou. Fiz outra vez e pisei no seu pé. O alto se afastou, e acertei seu rosto.

O líquido vermelho apareceu no seu nariz, assim como na boca também. Ele passou a mão, limpando e voltando para sua posição.

— Senhorita Lore? — a voz da Caterina apareceu no lugar. — A novata chegou.

Virei a cabeça e observei a mulher mais velha. Ela tinha seu cabelo preto preso em um coque apertado. Seu uniforme de empregada estava passado e ajustado no seu corpo.

O RECOMEÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora